Crítica - Pinóquio (1940)


Crianças, nunca falem com estranhos. 

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS (mesmo que todo mundo saiba de cor e salteado a história clássica).

Esta é uma outra grande joia preciosa da carreira de Walt Disney e por ter se tornado uma obra tão venerável e bem envelhecida, fica até meio difícil cumprir a tarefa de elencar os prós e contras detalhadamente, porque bastaria duas ou três linhas para definirmos o esplendor de qualidade audiovisual (para a sua época, logicamente) que é a adaptação animada desse personagem tão icônico na literatura infantil. Mas vamos lá, sem delongas, apesar de todos conhecerem de cabo à rabo e de ser uma história de facílima absorção para crianças e adultos, eu tenho umas consideraçõezinhas aqui.

A começar por Gepeto que é um velho pra lá de irresponsável - claro, com a ciência do espectador de que sem a atitude desesperada do marceneiro não haveria filme, logo é compreensível de um ponto de vista que ele não precisasse deixar o filho-boneco em "cárcere" para priva-lo do mundo externo pelo seu afoitamento, mas ainda assim, por outro prisma, é questionável. Movido pela empolgação, ele já empurra logo o filho, no dia seguinte ao "nascimento" (graças à Fada Azul após um desejo feito a uma estrela cadente), para ir à escola, sem nem imaginar que muitos perceberiam sua inumanidade física - muito menos as consequências disso. O sentimento paternal exagerado o cegou às inúmeras possibilidades (boas ou ruins) sobre como Pinóquio encararia o mundo à sua volta. Mas se não forçasse o garoto despreparado precocemente a comportar-se como um menino de verdade, como dito acima, não teríamos o desenrolar da história, muito embora a paciência tivesse sido uma ideia sensata. O roteiro é ágil e não perde nenhum segundo com seu material narrativo.

Apesar da abertura (que pra quem passou uns anos sem ver desenhos antigos bate uma tremenda saudade, foi a emoção que me causou) parecer indicar que veremos um curta-metragem ou um episódio, a trilha sonora é um dos pontos destacantes que mais dá gosto de falar, senão for o verdadeiro quesito mais elogiável do filme. A dupla João Honesto e Gideão (soa como nome de dupla sertaneja raiz) perfaz o segundo ato na execução da função de conduzir Pinóquio à experimentação do pecado. João Honesto é o típico vigarista que não deixa uma oportunidade escapar pelos dedos. O Grilo Falante, co-protagonista, fica no encargo de puxar a corda desse cabo de guerra para o lado correto (o da moral, da humildade, honestidade e etc), além de se fazer um personagem gostável logo de primeira, e, extensivamente, o herói do filme (salvando Pinóquio da Ilha dos Prazeres, o paraíso para moleques desordeiros que vira um inferno quando todos são transformados em burros para serem vendidos - a pergunta de um milhão: isso é tráfico de pessoas ou de animais?).

Ao que deu a entender, cada personagem secundário (o malvado apresentador de marionetes que prende Pinóquio - convenientemente salvo pela Fada Azul depois que promete nunca mais mentir - para ser sua mina de ouro, o tiozão maquiavélico que leva os garotos pra Ilha dos Prazeres - negociando com João Honesto que lhe oferece Pinóquio - e a dupla de vigaristas que corrompeu o menino de madeira) fica basicamente restrito ao segundo ato, nem sequer lembrados ao término do filme, pois tudo é bastante linear no que tange ao próprio Pinóquio e o filme se comprometeu bastante em super-focaliza-lo para emanar a ideia de que esta é sua jornada e os demais são apenas peças descartáveis que não fazem mais do que suas obrigações em seus respectivos papéis e no tempo delimitado. Cada um fez sua parte e pronto (mas podia ser diferente). O clímax do salvamento de Gepeto, seu gatinho Fígaro e o peixinho dourado lá que não sei o nome, de dentro da baleia, imprime tensão e diversão muito bem balanceadas. Ao final, tudo entra em ritmo de festa com o milagre da humanidade de Pinóquio celebrado por Gepeto, encerrando com louvor essa história magnífica e inigualável.

Considerações finais:

Pinóquio não é o clássico que é a toa, visto que não precisou superexpor a sua mensagem educativa dirigida ao público-alvo, por mais que seja um trivialismo. Pra nenhum fã apaixonado por Disney botar defeito.

PS1: É no mínimo estranho que Pinóquio possa morrer afogado não sendo fisicamente humano. Ele é um boneco por fora, mas abrigando emoções humanas, pois a Fada Azul lhe deu uma consciência, o que abrange mais do que a capacidade de falar e pensar, embora ele não sinta sono e nem mesmo sede ou fome (e o Gepeto ainda deu uma maçã pra ele comer na escola, mais uma prova de que o velho ficou doidinho de alegria e quis antecipar tudo). Acho que faz sentido... não sei.

PS2: O politicamente correto ferraria com uma exibição do filme nos tempos atuais somente pela cena de Pinóquio e seu amigo dando altos tragos no charuto e jogando sinuca.

PS3: Eu quase ri estridente ouvindo o Pinóquio cantar sua música (e ainda lembrei do Ultron em Vingadores 2).

PS4: Que sufoco pra sair daquela baleia. Bom que não apelaram pro fácil, o orifício que a baleia tem na cabeça pelo qual emergiria a água uma vez que ela sentisse a fumaça dando pra eles saírem tranquilo.

PS5: Não sei o que uma galera vê de tão medonho na cena do amigo de Pinóquio, na Ilha dos Prazeres, transformando-se num burro. É pela metamorfose ser mostrada pela sombra dele na parede? Assustador é esse cara aqui ó:


NOTA: 9,0 - ÓTIMO

Veria de novo? Com certeza. 

*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: https://mi.tv/br/programas/pinoquio-1940
                                     http://whatculture.com/film/15-darkest-disney-villains-of-all-time?page=5

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