Crítica - Mentes Sombrias


Ah, foi baseado num livro?! Tá explicado!

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Que a premissa girando em torno de pessoas com super-poderes anda mais batida do que massa de pão, disso certamente ninguém tem a menor dúvida. Sobretudo com peças que não aspiram ares puros de originalidade. Eis que surge um exemplar ousando em fazer questão de tornar isso ainda mais problemático. Fica cristalino pela nitidez do cerne que o conjunto inteiro foi saído de uma produção literária do naipe de Divergente, Maze Runner e Percy Jackson (esta última até que consegue fisgar um tiquinho do meu interesse só pela mitologia em si). Mas antes de ir para os finalmentes dessa review, devo dizer que não tive acesso prévio à trama por meio do material-base, logo ficarei sem saber se a história adaptada é de fato melhor ou pior do que a original. Nada é mais previsível do que você assistir a uma obra cinematográfica derivada de uma literária antes e no fim das contas não ter apreciado tanto o resultado acabando por se desestimular completamente em dar uma chance à outra mídia. Não chega nem perto de ser um novo X-Men. Está mais para Os Mutantes (aquela super-produção da Record que gozava de efeitos especiais invejáveis =P).

O plot geral tem respaldo no estilo de distopia. Uma pandemia dizimou 98% das crianças no mundo todo, sobrando aquelas que sobreviveram mas que desenvolveram habilidades extraordinárias. Elas crescem em campos de reabilitação sendo escravizadas pelo governo e divididas em classes na forma de cores (um negócio inventado pra amenizar o marasmo do roteiro só pra deixar um pouco mais interessante x_x) sendo os verdes aqueles considerados toleráveis e os vermelhos e laranjas os que possuem um alto grau de periculosidade. Pior do que a exposição do grande pilar da trama é a sensação de vazio que ele transmite do início ao fim. Não vá se enganar, aqui não trata-se de um trivial filme de ficção científica com super-poderes para luxar o enredo e esse artifício não é nenhum arco-íris que guarda um pote de ouro no seu final. Trocando em miúdos, é um longa com lentes focadas no relacionamento entre personagens enquanto sobreviventes da perseguição segregadora. Tudo que é desenvolvido a partir desse tratamento ganha tendências mais humanas.

A protagonista Ruby Daly é detentora da habilidade mais apelona que é simplesmente hipnotizar as pessoas com um olhar ou pelo toque (anteriormente se pensava que isso era uma limitação, pela cena na qual ela está sendo levada por uma médica do acampamento escondida e precisam passar pelo agente casca-grossa que faz bullying com os sobreviventes, o que até gera uma boa tensão pois uma descoberta colocaria a vida da garota em risco) como se isso por si só não fosse uma conveniência descarada para posteriores escapadas de "caçadores". O drama pessoal de Ruby não é sobressaído pelo contexto geral, na verdade ele é um núcleo seguro na sua execução. Ruby não apenas compele pessoas, ela também deleta memórias, o que acidentalmente fizera com os pais numa noite (após seu aniversário de 10 anos onde ganhou um chaveiro, o que é um presente que toda criança adoraria x_x). Sua busca por se reconectar é frustrada e o arco é fechado.

Da segunda fuga (a médica do acampamento, Cate, que quase a adotou já que é pertencente a uma organização salvadora para utilizar sobreviventes como soldados chamada A Liga) em diante o longa perde bastante do promovido aspecto de ficção científica num mundo pós-apocalíptico dando lugar a uma centralização de relações humanas e entrosamentos, com o mais óbvio de todos sendo entre Ruby e Liam (do trio de sobreviventes ao qual ela se juntou), classificado como Green, que engatam um romancezinho xexelento que começa repleto de hesitação e o vínculo segue aos poucos numa crescente até fazer qualquer garota viciada em shipps pirar. Desta vez eu preciso culpar o filme sobre eu não ter prestado atenção a alguns detalhes. Sinceramente, ele não tem engajamento algum na intenção de manter o espectador atento aos acontecimentos. Soa como se o roteirista pegasse o enredo do livro e passasse a limpo de maneira sintetizada mas sem temperar bem a camada ou fazer incrementações criativas. Como vou me sentir preso à história se o filme não preza pela colaboração? Há um distanciamento claro entre filme e espectador, algo que é culpabilizado pela direção e climatização do conjunto. O que quero dizer, em linhas gerais, é: Não tem graça e não empolga. Nem o filho do presidente, Clancy. que chega todo de bom samaritano como líder do refúgio que aparenta ser o paraíso perdido aos desajustados convence da sua pose falsária possibilitando deduzir que ele é um antagonista e todos os acolhidos correm perigo levando em conta à sua obsessão. Dito isso, não existe muita polpa desse fruto que consiga aproveitar-se. Sobrevivente mesmo é o espectador.

Considerações finais:

É meio triste afirmar isso em relação a um filme voltado à questão de pessoas dotadas de super-poderes, mas Mentes Sombrias suprime muito do que poderia ter trabalhado competentemente, fazendo dele um filme muito, mas muito chato (de sub-desenvolvimentos até atuações) - a Ruby protagoniza bem, se destaca no grupo, o que já é um pequeno alento). Sim, chato é a palavra que definitivamente traduz o sentimento da aventura transposta e que em nada se fortifica para reverter o status raso do seu plot preferindo explorar os toques humanizados do que imprimir a adrenalina esperada e potencial que não se deram ao esforço de remanejar enquanto ainda dava tempo.

PS1: Os poderes (tão ínfimos) contribuem largamente para a atmosfera genérica do corpo da história.

PS2: Sentiria pena do roteirista se ele tiver crido que Ruby apagar todas as lembranças de Liam com ela faria alguém desidratar pelos olhos. É mais fácil contar o número de bocejos dados do que de acertos.

PS3: Se tiver chorado ou ficado na bad com a tal cena, por favor vá a um psicoterapeuta, você tem problemas. Do contrário, não tem coração de pedra, boceje ou revire os olhos sem culpa.

PS4: O duelo de hipnose entre Ruby e Clancy foi a coisa minimamente feliz desse terceiro ato.

PS5: O que vai ser na sequência? Uma cura? Isso nunca foi testado antes, pode dar certo...

PS6: A cena final pareceu abertura de alguma competição olímpica.

NOTA: 3,0 - RUIM

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://nerdbreak.com.br/2018/08/11/trilha-sonora-de-mentes-sombrias/

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