Crítica - Aviões


O spin-off de Carros que inacreditavelmente foi aos cinemas e ninguém pediu.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Com o sucesso da franquia Carros (apesar do fracasso de crítica gerado pelo segundo filme), parecia uma ideia bacana direcionar olhares imaginativos para os aviões, meros figurantes na franquia principal, e executar na prática alguma história que fizesse valer um roteiro no mínimo divertido de se ver transposto em tela. No entanto, o longa de Klay Hall incorre praticamente na mesma dinâmica da primeira aventura de Relâmpago McQueen, com a diferença crucial de que Dusty, o avião protagonista, é um pária entre as aeronaves importantemente competidoras e vive numa região rural onde treina suas manobras sonhando tornar-se um piloto autêntico (não acho certo chamar de piloto sendo que os carros e aviões são criaturas vivas, sencientes e inteligentes, além de suas competições serem basicamente o que é para nós o atletismo). Mas um detalhe, à primeira vista bobo, ameaça ruir esse plano de uma vida: Dusty tem medo de altura. Sim, um avião acrofóbico - apenas para impulsionar um drama que levará a superação eventual e previsível. O longa, num todo, falha na cativação.

Muito pouco do espírito do que fez o primeiro Carros uma animação de entretenimento genuíno (embora seja a produção com menos arroubos criativos da Pixar) que dava para rir e torcer pela vitória do protagonista é captado, as situações exibidas no filme de Dusty Voorasante não dão espaço para outros elementos intercalarem com o que realmente importa no enredo (a corrida) como uma exploração da amizade entre ele, Dottie (uma empilhadeira que é um oásis de carisma) e Chug (um caminhão de combustível que não promove aquele alívio cômico), um pouco do passado de Dusty e alguns aprofundamentos relacionados a Skipper (famoso avião de guerra aposentado que na verdade havia participado de uma única missão ao invés de ser um piloto proativo na sua época, revelação que frustra a Dusty quando ele mais precisava de auto-estima). Valores tão presentes na franquia principal como altruísmo (Dusty permitindo que Bulldog, numa das etapas do campeonato, vencesse a corrida compadecendo-se do acidente com óleo vazado que o afeta), confiança, perseverança e competitividade são bem utilizados e demonstrados ainda que numa trama pouco arrojada tanto narrativa quanto tecnicamente (afinal foi produzido pelo DisneyToons, o que indica uns degraus de qualidade técnica bem abaixo do que um filme pelas mãos da Pixar poderia oferecer - e nem o envolvimento do John Lasseter como produtor adiantou para disfarçar o teor de linha "B" da animação). O que importa aqui não é vencer o medo apenas, mas ganhar a competição e isso fica meio desbalanceado. Dusty quer provar seu valor mais do que corrigir aquilo que o impede de alçar voos mais altos? Esfregar na cara dos rivais que ele também pode ser o melhor? Faz parecer que a perda do medo não passou de uma conquista de pouca importância em relação a vitória em si, quando ambos deveriam estar igualmente valorizados.

É uma animação claramente voltada aos menores de 10 anos, superficialidade em alguns valores não é de se estranhar e ajuda a não encher as mentes pueris de muita informação, pois a prioridade mesmo é a diversão passável e não reflexões pseudo-filosóficas de crescimento e auto-confiança. Dusty possui um rival chamado Ripslinger que desempenha ali o papelzinho clichê do valentão e convencido que hostiliza os outros modelos e o pulverizador laranja é presa suculenta para o campeão tido como imbatível. Na última etapa, do México para Nova Iorque (é uma volta ao mundo), temos uma boa disputa acirrada, mas o baixo rendimento carismático de Dusty implica numa torcida pouco empolgada justo no clímax de um filme que já não empolgava desde o início. Óbvio que Dusty venceria a corrida movido pela superação da sua fobia, que Ripslinger iria se dar mal e que Skipper retornaria aos sentimentos de glória do seu passado (não tão glorioso para justificar sua projeção ao mundo) juntamente à Dusty. Faltou mais tempero para abrandar o clima de produto genérico.

Considerações finais:

Aviões é superficialmente um Carros com um protagonista de caráter oposto, não ultrapassando os limites de um spin-off avulso, irrelevante e desprovido de um estilo que remeta ao que a Disney potencialmente faria, só sendo uma diversão bacaninha pra matar tempo. O destino certo dessa animação poderia ter sido tranquilamente o home-video.

PS1: Enrolação do caramba forçar um interesse amoroso repentino de El Chupacabra (um dos competidores) com a Rochelle (avião franco-canadense) e ainda culminar numa serenata boboca.

PS2: É incrível como quase nenhum personagem conquista e até mesmo Dusty peca feio nisso.

PS3: Por outro lado, curti de ver que os carros não tiveram uma função totalmente invertida, eles são figurantes mas naquela pontinha de destaque que chama atenção (e até chega a dar vontade de assistir um crossover, o que seria até mais funcional e resultaria numa coisa melhor, mas não... quiseram apostar nos aviões sem-graça e deu nisso aí).

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*imagem retirada de: https://www.magazine-hd.com/apps/wp/5-filmes-disney-avioes/

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