Crítica - Quarteto Fantástico (2015)


Quarteto sem alma.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Hoje em dia temos uma facilidade maior em acompanharmos o processo de produção de um filme através de notícias que são pipocadas a todo momento na internet seja em imagens ou vídeos de bastidores e até mesmo trechos de entrevistas dadas por atores, roteiristas e diretores. O reboot (que ninguém pediu) de Quarteto Fantástico distribuído pela Fox, numa nova tentativa persistente feito cachorro querendo manter o osso na boca, não teve lá das mais harmoniosas fases de produção, acabando por ser um filme problemático fora e dentro dos bastidores. O próprio diretor renega essa fracassada investida do estúdio com intenção de provar alguma relevância no seu engajamento em relação à filmes de super-heróis fazendo um uso pouco eficiente do acervo que dispõe. Se confirmou o seguinte: os heróis estão em cárcere privado.

Isso felizmente foi resolvido graças à concretização da compra da Fox pela Disney cuja parte mais lucrativa do conglomerado tem proficiência de sobra para dar polimentos e texturas melhores à equipe aliado à disposição de fidelidade que o público não duvida dela ser capaz de reproduzir cuidadosamente. Eu enrolei mais do que de costume porque sinceramente o filme entrega um conjunto praticamente vazio pra discorrer sobre algum aspecto. Baseado no selo Marvel Ultimate nas histórias dedicadas à família super-heroica, o longa, a princípio, veio com a árdua missão de apresentar uma roupagem que se distanciasse do tom comédia + ação da franquia anterior comandada por Tim Story (que não tinha um relacionamento profissional tão amigável assim com a Jessica Alba, ex-intérprete da Mulher-Invisível - se não acredita, joga aí no Google "quarteto fantástico lágrimas na pós-produção" e seja feliz). Não vou nem reclamar da atmosfera relativamente sombria a qual a paleta de cores está ajustada já que adultos jovens explorando uma outra dimensão e dramaticamente saem de lá com mutações que os fazem sofrer de início não é exatamente o plot mais leve desse mundo.

Pelo menos, nos filmes anteriores o tratamento de adaptação dos personagens às suas respectivas condições esbanjava conduções mais interessantes num sentido de impor mais curiosidade ao espectador sobre o êxito deles nessa jornada de superação e renovação de vida. Não posso descartar comparações, me desculpe. Afinal de contas, é um reboot que demorou um intervalo de somente 10 anos para sair do papel. As fuças de Chris Evans, Michael Chiklis, Ioan Gruffund e Jessica Alba continuam frescas na memória dos fãs, entre aqueles que tem carinho sobre a bilogia e os que desprezam querendo apagar de suas mentes mas não conseguem. E pra esse segundo grupo, motivos não faltam a respeito do longa de Josh Trank. e diante de tantos deslizes grotescos se faz justo. O entrosamento do grupo é absurdamente desprovido de carisma e emoção. Parecem mais uma equipe de feira cultural escolar entre colegas que mal interagiam na classe e passaram a trabalhar juntos forçosamente. O mínimo aceitável (com muito esforço) de uma aproximação que deixa a impressão de um vínculo criado se vê com Reed Richards (Miles Teller) e Sue Storm (Kate Mara), duas figuras igualmente insossas que dão sono e são ainda piores nas performances do clímax. O passeio pela dimensão até chega a prender a atenção, mas não deixo de implicar com o Victor Von Doom indo analisar a gosma radioativa fosforescente como se pensasse "eu sei que é perigoso e pode dar merda caso eu toque, mas tenho que pegar, porque quando eu era criança mamãe não deixava eu bulir nas coisas e agora foda-se, vou até lá, ninguém me segura!", o que foi de um roteirismo extremamente óbvio. Você está numa dimensão paralela desconhecida e simplesmente se deixa hipnotizar por uma gosma verde luminosa pela sua sede de poder inerente e ambições que ela te desperta? Ah, por favor! Nem a mente mais doentia e psicopata seria burra de ficar atraída por uma coisa que mal conhece as propriedades e no fundo sabe que é perigoso.

O Dr. Destino se apaixonou pelo líquido porque assim quis o roteiro e pronto. Vou me poupar de tecer comentários sobre a caracterização, deixa pra lá. As motivações de Von Doom são as mais forçadas possíveis. O cara jura vingança por ter sido "deixado para morrer" naquela terra de ninguém quando a gosma erupcionou consumindo seu corpo e se continuasse segurando a corda ela ia se espalhar para os demais. Ou a gosma deixou a metade da psique dele que melhor atende ao interesse de um genuíno vilão. Em outras palavras, o lado mal permaneceu. Mas quem liga pra construção de antagonista, quando o importante mesmo é acelerar o gran finale pelo fato do enredo ter se arrastado quase inerte feito uma lesma. Von Doom não tem mais nada a perder e quer drenar toda a matéria sólida da Terra para um buraco negro que a converta em energia sobrecarregando o sistema do teletransportador inter-dimensional (Será que Reed Richards não é um mutante com superinteligência?). Mas o que é necessário para dar aquela estimulada nos heróis? Isso mesmo, uma morte! O pai de Sue e Johnny é sacrificado, uma decisão narrativa que parece querer transmitir dramaticidade. Não funcionou. Não é com sangue nos olhos e desejo intenso de acabar com a raça de Von Doom que eles ficarão interessantes. Mas na batalha final incrivelmente estão tranquilos. O mundo acabando e nenhum dos heróis tenta dar o seu máximo no trabalho compartilhado.

Preciso falar dos efeitos? Acho que rolaram tretas até na pós-produção, porque honestamente não existe serviço com resultado competente quando o azedume do clima recai no conteúdo. Triste.

Considerações finais:

A produção conturbada desse reboot que pensa se intitular Quarteto Fantástico nada mais foi que a principal reação que gerou tamanha problemática cinematográfica. O destino sensato ao longa poderia ter sido o cancelamento caso a ganância da Fox não fosse insistente para ter que empurrar algo que já não esboçava sinais de que faria sucesso (a escolha de um Johnny Storm negro é a menor das controvérsias). Consequentemente, tivemos um filme curto, desanimado e fraco de aspectos básicos. Um completo reflexo do que lamentavelmente ocorreu por trás das câmeras.

PS1: Quer ficar craque no poker? Assista esse filme.

PS2: Devem achar que o Coisa não precisa de calças da mesma forma que o Pato Donald também não.

PS3: Nota-se que o projeto nasceu morto a julgar pelas estéticas questionáveis. Os trajes são horrorosos e de uma matéria-prima tão escassa que faltou para o Coisa (não pegaram o espírito dele).

PS4: Bem desgostosa essa premissa deles serem capachos do governo e vistos como "armas". Meh!

PS5: Que desfecho foi esse? Emocionante demais ver o Sr. Fantástico prestes a nomear a equipe e a cena corta! Uau! Nunca vi isso em nenhum outro filme de herói na minha vida! Sequência já!

NOTA: 2,0 - RUIM

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagem retirada de: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/filmes/2015/08/quarteto-fantastico-video-mostra-cenas-excluidas-da-versao-final


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