Crítica - Uma Floresta Muito Louca


Fórmula "Tarzan" só com animais. 

AVISO: A crítica abaixo contém alguns SPOILERS. 

Revisitei alguns prazeres da infância frente à essa animação de origem francesa, é meio indescritível, mas com algum esforço posso dizer que proporcionou genuinamente muito daquela sensação de que o tempo mal está passando. Porém, não é tão fácil se divertir com o filme mantendo alinhada a sua visão crítica ainda mais quando o propósito da experiência é discorrer sobre o que viu em algum momento e de qualquer forma (o que no meu caso virou alvo de força do hábito). Nessas horas fica numa disparidade, você tem que priorizar entre uma perspectiva e outra. Bem, como escolhi assistir num objetivo já traçado, certamente firmei a criticidade. E o resultado conseguiu ser bem abaixo do que seria caso eu tivesse adotado uma postura de análise menos comprometida com o viés crítico.

Não vou intelectualizar sobre a condição do protagonista e sua noção de pertencimento porque o negócio exala a mais pura simplicidade narrativa. Só não vá esperando algo do nível Disney ou Dreamworks, mas não que descambe para uma qualidade de uma Video Brinquedo da vida (responsável por uma certa animação bem chifrim que pegou carona no sucesso do filme Carros, da Pixar). Mas o conjunto no geral não esconde seu teor infantilizado, dos designs de personagens até a maneira simplérrima como a trama é conduzida - e quando digo isso, obviamente que a previsibilidade obtém espaço majoritário. Na história, Maurice é um pinguim foi adotado por uma tigresa, ainda no ovo, graças a um dos membros do equipe do Bando da Floresta, um time que atua como heróis (pra combater alguns animais problemáticos???), que se sacrificou durante um incêndio florestal causado por Igor, um coala que foi rejeitado pela antiga formação - liderada pela mãe adotiva de Maurice que tenta a torto e a direito seguir os passos dela, mas tudo que ele geralmente faz são prestações de pequenos favores - e a partir disso arquiteta sua vingança com suas bombinhas coloridas para descontar em toda a floresta por ser mimado e no fundo só queria assumir a posição de líder.

Os personagens que compõem a turma capitaneada por Maurice tem um carisma no limite do razoável, o que segue na estabilidade ao longo do filme. O pinguim se pintou com uma tinta amarela para se auto-denominar tigre tendo sua mãe como espelho para agir heroicamente na floresta, mas dada a sua inexperiência ela demora a reconhece-lo como um filho apto a fazer valer a reputação do grupo. A adoção é uma questão engraçada. A lógica implícita no filme basicamente diz que é normal um animal adotar outro de espécie diferente e dar amor, carinho e atenção como um filho biológico. Maurice tem um peixinho que encontrou num lago e transformou-o no seu filho e a "mãe" o considerou seu neto (fazendo questão de jogar a responsabilidade em cima do pinguim de protege-lo com mais rigor, por sinal). Então significa que não tem problema uma girafa querer adotar um filhote de macaco e se esse macaco sentir-se uma girafa, logo é incontestável que ele é uma girafa pois sua criação decorreu dos cuidados de uma, desconsiderando os fatores biológicos pré-determinados. Além disso, ele pode adotar um animal de pequeno porte, como um caranguejo, e chama-lo de filho. Daí entende-se o significado do título do filme - por mais genérico que seja, convenhamos. O terceiro ato encontra seu rumo numa missão de resgate.

A mãe de Maurice e os demais integrantes que tentaram impedir Igor de destruir a floresta no passado - e que retorna na época em que Maurice está na ativa com um pseudo-time de heróis trazendo um plano aprimorado e mais ambicioso e maquiavélico - são capturados por conta de um deslize cometido pelo pinguim numa das suas tentativas de provar que tem potencial para ser um herói da floresta, consequentemente decepcionando sua mãe. É possível contar nos dedos os momentos de grande valia e que prendem a atenção mais espontaneamente (a sequência da armadilha de espuma criada por Igor que imobiliza Maurice e os outros, a simbólica cena de um tristonho Maurice caminhando na chuva que remove sua "segunda pele" após o fracasso da sua missão e a corrida no monotrilho, dentro da caverna onde Igor escravizava os animais para trabalhar no seu planinho genocida e destruidor, a fim de apagar a chama de um pavio que ia de encontro a um amontoado de espumas explosivas que uma vez detonadas ferraria com tudo). Mas como falei parágrafos antes: a previsibilidade tem espaço garantido e tão logo é inevitável em determinada altura, o que, por conseguinte, torna os desfechos pouco cativantes, muito embora isso não tire o brilho dos momentos que divertem mesmo tão escassos.

Considerações finais:

Uma Floresta Muito Louca faz muito jus ao que seu título explicita, mas como animação exclusivamente voltada ao público infantil desempenha um baixo papel narrativo que não se preocupa em incrementar além da fórmula pouco original do indivíduo que não pertence à selva e foi inserido por acidente nela. Mas não reclamo tanto, até porque é uma pedida válida pra um bom dia que você não tá afim de assistir nada demasiadamente denso e quer dar umas risadinhas bobas.

PS1: Maurice reavendo sua auto-estima enquanto se pintava novamente ao som de Eye of Tiger foi um dos pontos altos.

PS2: Os macacos aliados a Igor são tapados o suficientes tanto para o ajudarem com o plano (do qual somente ele e aquele caranguejo-objeto sairiam ganhando) quanto para caírem na farsa de disfarces mal-feitos do Maurice e seus amigos que queriam entrar na caverna. Ademais, eu não entendi como Maurice não teve sua tinta borrada com o arremedo de disfarce.

PS3: A dupla de sapos conseguiu ser útil no alívio cômico e na urgência das situações.

PS4: Duas cenas pós-créditos prolongam o desfecho do Igor. Porém, sua aparentemente única chance de retornar à floresta é perdida. Mas que garantia ele via numa semente? Ia crescer, virar uma árvore ou coqueiro e servir de catapulta?

NOTA: 7,0 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://www.irishtimes.com/culture/film/jungle-bunch-review-interspecies-love-and-terror-among-the-trees-1.3218332

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