Crítica - Buscando...


A velha problemática do uso irresponsável da internet abordada adequada e inovadoramente.

AVISO: A crítica abaixo contém alguns SPOILERS. 

A julgar por sua sinopse, o filme não aparenta ser mais que um clichezão de causar sono em menos da metade de seu curto tempo (1h42) para acordar só depois que os créditos estiverem subindo. Para os que viram o trailer antes de saberem a trama geral, talvez tenham se preparado melhor para a verdadeira sacada de gênio a que se resume a execução fílmica desse longa estrelado por John Cho e dirigido por Aneesh Chaganty. Quem é cinéfilo raiz, das antigas, com um senso crítico muito afiado e exigente, provavelmente detestou o transcorrer dessa história completamente fora de uma cinematografia tradicional. E vamos combinar que é injustiça ferrenha rechaçar o filme por conta do estilo narrativo adotado (genial e ousado), afinal de contas o modo de contar a trama através das navegações virtuais é uma adequação compreensível já que é disso que o filme se presta a tratar, exatamente o mundo virtual e as consequências da sua utilização excessiva e viciosa.

Muito além da intenção implícita de conscientizar internautas a serem mais cautelosos com quem andam conversando online, o filme dá uma totalidade moderna à investigação criminal do desaparecimento de Margot Kim - filha adolescente de David Kim (Cho) - para fazer com que essa conectividade quase que em tempo integral seja algo a se pensar ao espectador, principalmente aquele que não expõe muitas informações suas e nem tem contato intensivo com redes sociais (eu me incluo nisso, haja vista que a única que frequento é o Twitter, fora que não tenho foto pessoal arquivada, mas em compensação não escondo meu nome real). Nesse mundo tão conectado e a cada dia mais dependente das tecnologias, mesmo quem admite ter vício na internet pode estar tranquilamente "vacinado" de problemas que iniciam com relacionamentos virtuais para serem trazidos ao físico (que em muitos casos não correspondem nada à interação por ecrãs). Margot não se enquadra em tal grupo (que é moderado perto do qual pertence), tanto é que a garota nasceu numa família que começou usando e abusando da internet, ela praticamente já nasceu com a luz do computador na cara. Em suma, uma família de genuínos tecno-viciados.

Apesar da morte da esposa/mãe, Pamela Kim, derrotada por um linfoma, o pai e a filha, não atenuaram o gosto pela vida online, na verdade as coisas pioraram. Margot (com 16 anos) e David ficaram distantes, a garota suportando uma depressão que a afastou dos amigos e sequer foi detectada pelo pai. Por coincidência, ela sensibilizou-se pela situação de uma amiga virtual chamada "fish_n_chips" que dizia ter uma mãe internada num hospital com câncer e enviou $ 2.500 como doação, o que a levou de encontro a um rapaz chamado Robert que, por uma outra coincidência, é filho da detetive Rosemary Vick que se voluntariou a assumir o caso ao invés de ser designada, tudo para limpar a barra do filhote que acidentalmente empurrou Margot para um barranco (ou desfiladeiro?) e ajudou na forja das provas e álibis para da-la como morta (o que uma mãe não faz para salvar seu filho mesmo que coadunando para um crime né? =P). Pelo formato (inédito e que talvez no futuro venha a ser reproduzido), de acompanhar todo o desenrolar do caso através de googladas, acessos à rede sociais, aplicativos, câmeras de segurança e transmissões televisivas, torna-se bem difícil elencar aspectos técnicos (como montagem), positivos ou negativos, mas nas performances ninguém decepcionou. O desempenharam o mais realista possível.

Considerações finais:

Buscando... é uma corajosa, e muito bem-sucedida, tomada de risco ao preferir se distanciar dos lugares comuns de filmes de suspense investigativo. Bem que poderiam rolar mais alguns desdobramentos agitados, mas a progressão de um simples sumiço de adolescente à um caso com indícios criminais que alcançou proporção de cobertura nacional está boa mesmo assim. É um olhar cinemático que se entrelaça com sua proposta e que merece ser reconhecido com compreensão.

PS1: O filme é diferente de tudo que já vi com a ironia de se apoiar num clichê (por uma boa causa) e me envolvi naturalmente com a história como nos convencionais. Não teria sido a mesma coisa se não tivessem essa brilhante ideia.

PS2: Sei que nenhum indicativo virá à tona (e não faz tanta diferença), mas espero que o ocorrido à Margot tenha servido de lição tanto para ela quanto para David e isso não toca apenas ao uso consciente da internet.

PS3: Dá para entender porque Uxie é o pokémon favorito da Margot ao invés de qualquer lendário fodão.

NOTA: 9,0 - ÓTIMO 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://kpoppersstates.com/o-filme-de-john-cho-buscando-fica-no-topo-da-bilheteria-coreana/

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