Crítica - Godzilla: Planeta dos Monstros


Elementos predominantes de ficção científica espacial dão uma nova cara ao contexto do lagartão.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Produzido em parceria com a Netflix, a Toho Animation e a Polygon Pictures trouxeram mais uma reimaginação do clássico monstro réptil esmagador de cidades. O longa teve seu lançamento em 17 de novembro de 2017 na terra do sol nascente. Valendo ressaltar que este enredo é a primeira parte de uma trilogia. De Godzilla eu entendo relativamente pouco, os únicos materiais que tive algum contato mais profundo foram dois filmes americanos: a controversa versão dirigida por Roland Emmerich (um notório ícone do cinema-catástrofe - seja no bom ou no mau sentido) de 1998 e o longa de Gareth Edwards lançado em 2014 que, honestamente, é parco no tratamento ao monstro.

Pra ser bem sincero, me falta vontade e coragem pra assistir as trasheiras dos anos 60 e 70, mas um dia engulo esse "medo" de sentir vergonha alheia e dou o play. Com este aqui senti apenas uma sonolência leve, culpa da insalubre expressividade dos personagens durante suas interações, muito embora na cooperação mútua de combate à fera temida que expulsou a humanidade da Terra a coisa mude um pouco de figura e os vemos melhor engajados na representação de pessoas com garra não apenas para erradicar o mal que os condenou ao exílio mas também, acima de tudo, recomeçar. Realmente o único a se salvar do meu tédio é o destemido protagonista Haruo Sakaki. O resto é pura água de salsicha na não-cativação ao espectador - eu não esbocei tristeza com o sacrifício necessário de Leland, um dos membros do grupo.

Servuns, uma das formas de vida que evoluíram
baseados nos traços de Godzilla. 
Numa breve sinopse, a história é a seguinte: Monstros começaram a "brotar da terra", sem explicação aparente, ao redor do mundo no último verão do século XX e um deles era ninguém menos que Godzilla que desde então passou a atormentar a população e até mesmo outros monstros. Duas raças alienígenas chegam à Terra e oferecem ajuda aos terráqueos com uma delas (os Bilusaludos - parece nome de personagens de programa infantil pré-escolar) prometendo aniquilar com Godzilla com uma espécie de Mecha-Godzilla - um plano que falha miseravelmente, fazendo as três espécies saírem do planeta e se refugiram numa estrela chamada Tau Ceti a bordo da nave Aratrum - e a outra, os Exif, convenceu a humanidade a aderir a sua religião. No retorno para a Terra com a dobra sub-espacial, a equipe, carregada de incertezas, avança 20.000 anos no futuro e encontra um planeta de biosfera alterada e com organismos vivos com características remetidas ao próprio Godzilla. O prólogo é reduzido a uma narração em off de Haruo que não passa de um resumo apressado dos acontecimentos anteriores. Condensaram uma parte de vital importância à trama, parece que nem se importaram em estender além dos 89 minutos justamente para desenvolver melhor esses eventos que culminaram na situação enfatizada pelo roteiro. A estrutura não-linear cairia bem, não precisava sair tudo aparentando um piloto de série.

Em contrapartida, elogio imensamente a técnica de animação, rica numa porção de detalhamento que enche os olhos de brilho. Entendo quem fica incomodado com esse CGI 3D com a fluidez de um 2D, mas pra mim é passável se a qualidade de delineamento age em conformidade com a inspiração dos designs, tanto cenográficos quanto dos personagens. E de inspiração eu percebi bastante, nos diálogos principalmente - sem soar verborrágico ao extremo, particularmente adoro a boa retórica estável nos filmes, animes e séries e quem tece reclamações com o "argumento" de que é "complexo" tá bom de devorar um dicionário ou retreinar o português e a interpretação. Tem muita conversa e pouca ação, de fato. Longe de ser problemático, o filme não se apressa pra pôr o lagartão metendo sopro atômico na galera e sendo inutilmente bombardeado com tiros, diria que a batalha central chega num estágio adequado no roteiro.

Ponto que fica devendo é aquilo que teoricamente deveria destacar-se em toda a sua glória monstruosa e implacável resistência. Godzilla provavelmente pesa milhares de toneladas, mas sua locomoção vagarosa é um pouco incômoda (apesar do corpo altamente resistente a tiros, bombas e afins). Não que eu esperasse movimentos na velocidade de um T-Rex, porém até uma lesma o venceria numa corrida. O embate consegue prender, ao menos, graças a disposição do grupo de recolonizadores da Terra (o que era uma luta suada e árdua por sobrevivência virou uma luta ainda mais intensa para reivindicar o lugar de direito dos seres humanos). O lagartão é beneficiado visualmente pela excelente produção de animação, é nele onde os detalhes da textura da sua pele agradam e muito aos olhos de um bom apreciador de 3D que se perfaz ambiciosamente. O final abrupto deixa o gosto bem palatável de uma parte 1 de 3.

Considerações finais:

Godzilla: Planeta dos Monstros não se pretende a fazer nada além daquilo que propôs, sendo um início satisfatório, apenas pecando pela escassez de atenção a qual é relegada o prólogo que provavelmente renderia um filme inteiro (na minha impressão), quiçá de maior duração e acho que se tivessem começado daí o caráter introdutório seria mais significativo. Aos que não tem nenhum problema com o estilo e a técnica da animação, é um deleite imperdível que nem os personagens rasos e desinteressantes podem estragar.

PS1: A teoria do Godzilla derrotado ser uma subespécie do original foi soltada antes do Godzilla badass com ostentosos 300 metros de altura emerge da terra para acabar com a alegria do pessoal. Sabotou o impacto do plot twist.

PS2: Quem será a garota misteriosa que acolheu Haruo numa cabana? Humanos remanescentes ou uma outra raça alienígena que coexiste em guerra com os demais "animalzillas"?

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://senpuu.com.br/2017/08/godzilla-monster-planet-ganha-novo-trailer/
                                   http://www.geekblast.com.br/2017/07/animacao-de-godzilla-ganha-teaser.html

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