Crítica - A Vingança de Maria
A vingança de Maria não é plena, mas mata geral sem ter pena.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Um filme produzido nas Filipinas e um original da Netflix, A Vingança de Maria é literalmente o que diz no título e nada mais, segue linearmente a premissa evidenciada. Acho que é uma das raríssimas vezes que não sinto existir um material abundante para redigir uma crítica com mais do que uns dois parágrafos e geralmente prefiro a estrutura padrão de uma redação - introdução (1), desenvolvimento (2 ou 3) e conclusão (1) -, mas certos filmes não possibilitam alongamentos textuais, portanto não tem textão aqui muito embora o filme, por muito pouco, tenha um saldo moderadamente positivo. A personagem titular possui uma dupla identidade, primeiramente a vemos com o nome de Lily nos períodos de servidão a uma gangue de assassinos (denominada Black Rose) e na constituição de uma família posteriormente ao desligamento dela de toda a organização criminosa. Lily cansou do oceano de sangue correndo em suas mãos, resolvendo forjar sua morte para recomeçar sua vida longe de armas de grosso calibre, ordens, disfarces e invasões. Mas eis que a quadrilha descobre sua farsa e deflagra uma operação para executa-la, não tardando a chegarem ao seu marido e sua filha, a pequena Min-Min (covardemente baleada e morta à queima-roupa por um dos bandidos, essa cena foi da pesada T_T), que são eliminados de sua vida, daí promovendo o gatilho para sua vingança a fazendo mudar de lar, rotina e obviamente de nome (Maria).
A cinematografia é meio exaustiva para os olhos nas cenas mais tranquilas, especificamente na mostra da vida que Lily construiu do esposo e totalmente afastada do seu passado, pois a câmera não tem movimentos tão dinâmicos e nem consegue ser mantenedora de interesse, dando aquela sensação de inércia quando poucos cortes acontecem nas cenas de menor densidade dramática. Por outro lado, as sequências de ação chegam perto do nível de tirar o fôlego pelas ótimas coreografias (a propósito, adorei a luta entre Maria e uma das capangas de Kaleb no banheiro feminino da boate, a iluminação sofisticada foi um bônus empolgante), muito legal terem incluído lutas corporais ao invés de desenvolver o processo mais prático da vingança da protagonista limitando-se à modalidade de tiro ao alvo com arma de fogo, portanto o filme obedece à tríade fundamental do tiro, porrada e bomba (a explosão na fábrica causada por Maria era apenas um aquecimento ou um alerta de que nenhum dos bandidos deveria se meter com ela sem preparo físico e/ou armamentístico - coisa que até um dos líderes da gangue, o inescrupuloso Kaleb, reconhece). Seria um pouco chato ela traçar sua vingança sozinha, para isso a presença do Sr. Greg, um homem aparentemente aposentado das relações criminosas, que a acolhe apesar dos pesares, a fortalece para um confronto direto contra cada um dos bandidos subordinados à Kaleb, feito um video-game realista no inalterável sistema de pegar os lacaios primeiro e matar o chefão por último. A luta derradeira de Maria frente à Kaleb desfaz a pose de "imbatível" que o roteiro forçou à ela nos tiroteios (o que requer uma suspensãozinha de descrença) e finalmente expõe as vulnerabilidades físicas para destacar o grau de dificuldade que a missão havia alcançado. Mesmo Kaleb não sendo o cérebro-mor da Black Rose, a sua garganta cortada ainda foi mínima punição perto das atrocidades que cometeu, mas Maria comemora saciada nesse filme que começou mudo e terminou calado.
Considerações finais:
Bastante violento e com boa agilidade narrativa, A Vingança de Maria, no entanto, segue na mono-camada simplista de uma personagem possessa de ódio que obrigou-se a matar a sangue frio no presente exatamente como praticava no passado, um negócio tão paradoxal que merecia uma exploração mais reflexiva (nada de filosofia barata tá?) não esquecendo dos aspectos que tornam a trama interessante (ao seu limite) e neles fazem o longa encontrar sua força de eficácia na ação.
PS1: É sério, eu ia começar a crítica com a frase célebre e icônica do Seu Madruga hahahah.
PS2: Os flashbacks foram bem dispostos, a quantidade é dosada, quebrando a linha nas devidos instantes.
PS3: A dor do luto de Maria tem seu melhor momento na lembrança das mortes do marido e da filha, sem imagens intercalando, somente as vozes e o close no seu rosto pesaroso... Bem tocante e forte essa cena.
PS4; Falando em cenas fortes, nem me passa pela cabeça como é aguentar sentir a unha arrancada com um alicate O_O
PS5: A trilha sonora tem uma batida eletrônica bacana, mas a música tocada nos créditos... Que foda (é só o que digo)!
NOTA: 7,5 - BOM
Veria de novo? Provavelmente sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://www.netflix.com/br/title/80236341
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