Crítica - Godzilla II: Rei dos Monstros


Enfim aprenderam do que é feita uma boa porradaria de monstros titânicos!

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

É sempre uma satisfação enorme quando uma franquia cinematográfica se propõe a corrigir seus erros mais predominantes na primeira empreitada e na prática isso de fato acontecer na medida esperada, sem tirar e nem pôr. OK, se eu fosse roteirista dessa sequência inseriria mais engalfinhadas de monstros no terceiro ato para suprimir melhor as participações humanas, embora eu esteja muito bem contentado diante do que fizeram a respeito deste que foi um problema bastante sintomático no fraquinho filme anterior lançado em 2014 no qual Godzilla não tinha merecidamente um destaque à altura do seu poder seja como ícone da cultura pop ou como personagem de grande magnitude que é. Mas eis que a produção tomou juízo e despachou Gareth Edwards, dando boas-vindas à Michael Dougherty, uma substituição que beneficiou e tanto a condução da trama da sequência aliado a outros aspectos técnicos como a fotografia, que optou por uma forte prevalência de azul nas cenas em ambientes internos mais "calminhas" e tonalidades mais vibrantes que realçaram as verdadeiras estrelas do espetáculo, e os efeitos especiais abundantes e nunca instáveis na qualidade. O ponto enfático é a harmonia de núcleos.

Acertando exatamente naquilo que errou, o segundo filme da atual fase do lagartão atômico nos cinemas esforça-se para construir o equilíbrio ideal de forças muito mais no tempo de tela do que nos recursos de combate para impedir os desastres causados pelos demais titãs, o que é maravilhoso e assim que deveria ter sido desde o início (as lembranças mais nítidas que tenho do longa de 2014 são o Godzilla caminhando pela cidade no ritmo de um coala, muitas granadas de fumaça vermelha e a cara do Aaron Taylor-Johnson). Na montagem é que não decepciona mesmo, a ação ganha intercalamentos adequados, com alguns gatilhos repentinos fazendo da tensão uma constância em progressão devido ao clima apocalíptico que vai formando-se á medida que os titãs vão despertando para defenderem o planeta de uma ameaça em comum numa verdadeira guerra de espécies pela supremacia, entre os antigos e atuais habitantes, e os humanos, com a inerente mania de grandeza, obviamente não deixariam de comprar essa briga - até certo ponto contra todos, pois Godzilla passa a não mais ser visto como uma ameaça de mesma proporção que que Mothra, Rodan e especialmente Rei Guidorah, tornando-se um ajudante de peso para o exército da organização cripto-zoológica Monarch onde estão ativos os cientistas mais proeminentes no enredo Dr. Ishiro Serizawa (Ken Watanabe reprisando seu papel e nos dando uma despedida emocionante) e a Dra. Vivienne Graham (Sally Hawkins, que fica um tantinho apagada depois que ela e Serizawa convencem Mark Russel, marido da paleobióloga Dra. Emma Russell (Vera Farmiga em interpretação destacante) e pai da aborrecente Madison (Millie Bobby Brown, a queridinha Eleven da série Stranger Things), a se juntar à missão começando por rastrear sua mulher e filha, que foram sequestradas por um ex-militar obcecado pelos titãs, embora guarde um trauma e ódio por Godzilla em decorrência da morte do seu filho Andrew (o que imediatamente faz lembrar do protagonista Haruo Sakaki na malfadada trilogia em anime).

Dá a impressão de que a envergadura do lagartão aumentou (alguém até pergunta se ele andou malhando hehe), a sua imponência foi realmente valorizada e o desenvolvimento do monstro titular, ao longo das batalhas, o dignificam do posto que lhe é de direito, ainda recebendo um mega-upgrade (nada de poderzinho "tirado da bunda") para nivelar com Guidorah - aliás, supera-lo dada a facilidade que Godzilla o vence ao emitir as ondas pulsantes nucleares na sua forma no seu estado vermelho que derrete tudo por onde passa - durante o clímax do clímax de puro frenesi de monstros se arrebentando em meio à destruição caótica de fazer inveja à Emmerichs e Bays da vida (logicamente que não apenas no momento citado, já que teve a sequência de Rodan emergindo do vulcão e arrasando com toda a cidade, minha favorita nesse quesito). Guidorah, por sinal, é tido como a maior ameaça a ser temida e combatida, mas acho que sua aparição poderia se dar um pouco mais tarde do que ocorreu, para efetivamente transforma-lo numa espécie de final boss para Godzilla, Mothra, Rodan e a Monarch. Além disso, o dragão tricéfalo tem sua origem contada pela Dra. Illene Chen, outra associada de grande importância à Monarch, através dos registros mitológicos (não teriam o desleixo de ignorar esses detalhes), o que confere um ar mais poderoso ao monstro alienígena que é o único intruso que merece ser extinguido pelos defensores ancestrais da Terra e seu dinamismo como titã (mesmo não legítimo por não ser terráqueo) faz jus ao grau de periculosidade que ele transmite apenas com seu tamanho rendendo momentos grandiosos com muitos raios amarelos e selvageria audaciosa (botando aquela coisa horrorosa do último longa animado no chinelo). A semi-irracionalidade dos titãs é elemento interessante, tendo como exemplo a mariposa gigante Mothra, após sair de seu casulo, comunicando-se com Godzilla depois que ele é derrotado por um míssil da Marinha tendo que recuperar-se numa cidade submersa altamente radioativa.

O drama envolvendo Emma e Madison fica travado mais ou menos naquela superfície aceitável que não eclipsa o verdadeiro foco, aquela coisa banal de relacionamento complicado de mãe e filha, ambas lidando com a distância de Mark (uma família quebrada pelas patas de Godzilla). A personagem de Farmiga instigou toda uma simpatia espontânea para tão somente nos instantes derradeiros do confronto dos velhos deuses escolher o sacrifício para manter Guidorah o mais longe possível de Godzilla munida do aparelho chamado Orca que dispara frequências capazes de atrair ou acalmar os titãs. O que me chateou na personagem foi a crença (muito insensata) de que libertando os titãs estariam salvando o mundo, pois o "argumento", apoiado por Jonah (o carrancudo que se desligou do exército britânico para virar eco-terrorista, é de que os danos causados pela humanidade podem ser corrigidos por eles - o que não faz sentido nenhum (a única verdade nisso é de que muito provavelmente somos uma "infecção" ao mundo porque é evidente que o ser humano nasceu para fazer merda). E o pior é que ela não foi sequestrada e sim já trabalhava em segredo com os criminosos. A questão divisória sobre luta por coexistência ou por supremacia é suporte filosófico para o embate de monstros que é fundamentalmente o que queremos ver.

Considerações finais: 

Acho que não existe felicidade maior para um cinéfilo do que um filme gerar estímulo para listar suas cenas favoritas, personagens que mais gostou e a vontade irreprimível de assistir novamente. Esse filme é Godzilla II: Rei dos Monstros, um adicional para o rol das sequências superiores aos antecessores e que conserta aquelas falhas que eu temia serem repetidas. Não que a presença dos monstros deva ser priorizada em detrimento de uma história coesa (aqui não é Transformers hahah), mas vamos combinar que filme de monstro tem mais é que ter quebradeira e menos blábláblá científico.

PS1: O primeiro filme tem uma relevância mais introdutória para quem quer experimentar o universo do lagartão pela primeira vez (eu pensei em começar pelos filmes trash, só que voltei atrás e acabei revendo o de 98 - me crucifiquem =P), porém não é lá tão obrigatório, afinal de contas neste daqui há uns rápidos "flashbacks" que resumem os eventos anteriores.

PS2: Teve gente reclamando do destaque dos monstros e achando que os humanos ficaram escanteados. Eu vi um balanceamento competente, pelo menos até o terceiro ato onde definitivamente os monstros precisavam ocupar um espaço mais largo, porque filme de monstro é assim: MONSTRO VS. MONSTRO! Humanos são unidades auxiliares que não podem desempenhar papéis muito centrais.

PS3: Madison é tão rebelde que urra furiosa para o Guidorah pensando que vai "intimida-lo". Garota boba (e chata)...

PS4: Que linda cena toda a "titanzada" se curvando ao soberano e inabalável rei kaiju. Todos saúdam Godzilla!

PS5: Esperava umas amostras prólogas de Godzilla vs. Kong na cena pós-créditos, mas foi só o Jonah interessado numa cabeça do Guidorah ¬¬.

PS6: Sabe o que Homem-Aranha 2, Batman: O Cavaleiro das Trevas e Godzilla: Rei dos Monstros possuem em comum? Dificilmente uma adaptação irá superar num curto período de tempo.

NOTA: 9,0 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://legiaodosherois.uol.com.br/2019/godzilla-2-rei-dos-monstros-primeiras-reacoes-ao-filme-sao-liberadas.html

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