Crítica - Kite: Anjo da Vingança
Pergunta retórica: O que é que Samuel L. Jackson tá fazendo aí?
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Uma pequena observação antes de mais nada: Embora eu vagamente lembre que já ouvi falar do anime que esse longa adapta (não faço ideia em qual lugar da internet), o nome ao menos não me soa estranho, eu não parei para assisti-lo porque não sabia que se tratava de uma adaptação, mas minha avaliação ao filme (você já deve ter sacado pela frase de introdução) não anula a possibilidade de um dia conferir a produção original homônima de autoria de Yasuomi Umetsu datada de 1998. O enredo unifica duas temáticas, uma super-batida (a vingança) e outra nem tanto assim (tráfico de pessoas). Porém, há um desbalanceamento claro entre elas, favorecendo a trama pessoal de Sawa (India Eisley transmitindo um caráter badass até onde sua beleza meiga permite - rostinho de criança, coração de dama fatal hehe), uma jovem que escapou de um dos muitos sequestros conduzidos pelo cartel (de olho nas crianças), mas acabou vendo seu pai ser assassinado por um colega de trabalho ligado à bandidagem que parece reinar absoluta nessa realidade meio distópica onde a corrupção da sociedade parece estar presente em cada esquina. Boa premissa. Execução que é boa? Quase nada, pra ser bem sincero.
A participação ativa de Samuel L. Jackson, como o policial Karl Aker (ex-parceiro de trabalho do pai de Sawa que a ajuda na caçada aos líderes do cartel a fim de alcançar o chefão) não serve de alento máximo em meio a tantas outras desconhecidas (pelo menos pra mim) e nem me afasta o pensamento de que a intenção de marketing para que o veterano esteja incluído é exatamente porque é o Samuel L. Jackson, dificilmente eu rejeitaria um filme de ação com ele, independente do quão clichê a trama pareça é sempre interessante estar curioso de acompanhar a performance do ator que na minha humilde opinião é exímio para encarnar papéis vilanescos (o primeiro que vi dele, a primeira amostra, nesse tipo de interpretação foi em O Vizinho e vilão de mão cheia é vilão que faz o espectador passar muita raiva com suas atitudes). O ritmo atropelado confere ao longa uma dignificação de pôr na "prateleira" de "vi, mas esqueci no dia seguinte". Eu particularmente mantive um grande esforço para não me perder no meio dessa agilidade mal coordenada (o filme sequer chega a uma hora e meia, mas duração geralmente é o menor dos problemas). A protagonista finge ser prostituta (usando uma peruca que qualquer um saberia que é uma peruca) para eliminar cada tentáculo dessa rede criminosa. A nitidez da fotografia ganha força nas cenas de ação.
O erotismo insinuado não é tão destacante quanto a violência gráfica composta por muito sangue de consistência duvidosa (em contrapartida existem embates corporais moderadamente empolgantes). Sawa não é inteiramente dependente do auxílio de Karl, conhecendo Oburi (é aquele garoto, se não me engano, com o qual ela brincava com a pipa amarela na infância, ou seja, já o conhecia e não lembrava), um rapaz que está lá aparentemente para fazer companhia à ela ou salva-la da galera do crime para emanar aquele clima de shipp (alguém enxergou-os como um casalzinho promissor?). E falando do Karl: previsível seu envolvimento na morte do pai de Sawa que passou a consumir uma droga chamada Amp que não só a deixa menos enérgica como também limpa suas memórias, droga esta fornecida pelo próprio Karl, uma pista óbvia sobre um artifício que poderia ter sua origem obscurecida, apenas focando num vício descontrolado e reservando a verdade para depois. Afinal, Karl precisava disso para que nenhuma evidência de sua ligação com o caso viesse à tona, nada mais conveniente. Ele não contava que Sawa chegaria ao cara tido como responsável. Ao longo dos acontecimentos, Sawa tem alguns déja vus, cruzando detalhes do presente com o passado. Ao desfecho do conflito, Sawa acaba por poupa-lo e o detetive Prinsloo (um dos personagens com menor tempo de tela) cuida de apreende-lo, mas o final do personagem fica em aberto. Pensando bem, talvez valha meu tempo dar uma bizoiada no anime tendo mais chances de apresentar um desenvolvimento melhor.
Considerações finais:
Pelo que indica, Kite: Anjo da Vingança é mais um exemplar da série "americanos e suas adaptações desleixadas de animes", pois o que penso a partir do conhecimento de que é um live-action de anime é a respeito da má fama que o cinema dos EUA tem sobre o formato em relação à essa mídia no Japão. De qualquer forma, Eisley e Jackson carregam o longa nas costas num enredo que não traz novidade alguma no seu modo de contar a história da vingativa e implacável protagonista.
NOTA: 6,0 - REGULAR
Veria de novo? Provavelmente não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://cinema10.com.br/filme/kite
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