Crítica - Da Colina Kokuriko


Longa de Goro Miyazaki capricha na técnica, mas nada encanta na história.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Pode-se dizer que, haja vista a frase de abertura, meu começo de degustação quanto a uma produção do aclamado Studio Ghibli (mistério da humanidade: a pronúncia é "Dible", "Jibli" ou "Guibli"???) não ocorreu da melhor forma que esperaria de algo desse naipe de popularidade. Pra evitar de gastar linhas e linhas de pura enrolação, me iludi feio com a sinopse bem curta que vi, a qual não dava indícios de que o filme tinha uma pegada slice of life (bem água com açúcar, por sinal) e certamente que do contrário eu assistiria mais preparado, apesar de não dar nada pra esse gênero no que se refere aos animes principalmente. Felizmente não é remédio miraculoso para insônia, mas não empolga.

A protagonista Umi é uma estudante que vive numa cidade portuária (Yokohama) em cima de uma colina e que perdeu seu pai, um soldado recrutado à guerra, num bombardeio no navio em que estava à bordo e seu hábito de hastear bandeiras em frente à sua casa chama a atenção do jornal da escola, especialmente de Shun, o autor do texto que logo mais engata uma amizade com a garota e, como demanda o roteiro para a centralidade da trama, os sinais de um interesse amoroso vão sendo evidenciados. A segurança do roteiro na conexão de ambos personagens é belamente orgânica. Porém, senti que o problema foi comigo mesmo por não estar acostumado a esses dramas de família retratados numa animação japonesa 100% realista e que se sustenta com características mais firmadas no mundo real. Sim, o plot geral resume-se a um drama familiar envolvendo um mistério relacionado ao pai de Umi e ao de Shun. Mas que absolutamente em nada interessa.

Não tenho sangue de barata, mas o enredo não coopera a si mesmo para tornar isso atraente, dado o ritmo da narrativa que já estava praticamente cansando (a começar pela excessivamente focalizada monotonia do dia-dia de Umi para fins de introdução). O drama interno de Umi ao menos faz o espectador compadecer-se minimamente com seus sonhos que representam o anseio de uma vida sem problemas e tragédias que abalem uma família, é algo tocante. A descoberta de Shun sobre ser adotado e que foi entregue pelo pai de Umi diretamente ao seu, partindo da revelação de uma cópia que ele possuía da foto de Umi mostrando seu pai junto aos companheiros de guerra, tem seu efeito quebrantado por outro plot twist que talvez sirva para consolar os que não digeririam bem um incesto a princípio suscitado em vez de um romance comum. A trama prioritária faz esta correção, esse desengano, em meio à (esta sim realmente interessante!) trama paralela a respeito da tensão gerada pela alardeada demolição do prédio do jornal da escola por conta das Olimpíadas de 1964 em Tóquio.

Saber que a decisão oficial foi anunciada favoravelmente aos garotos do jornal acabou sendo mais contentador do que a resolução para o conflito de Umi e Shun que os pôs de volta às iminências amorosas no desfecho (Shun na verdade é filho de um amigo (falecido) do pai de Umi que foi trazido por ele no período de gestação da mãe de Umi e assim o cara passou para outro amigo criar - no caso, o pai adotivo de Shun). O que sobra de apreciação são de fato os cenários ricos de detalhismo visual fantástico na retratação da época, cada cenário admirável e é nisso que o filme genuinamente se perfez.

Considerações finais:

De tão leve que é, Da Colina Kokuriko apresenta um drama novelesco cozido na água morna, muito embora tenha um saldo bastante positivo na trilha sonora e na composição artística dos panos de fundo. Requinte de animação, mas precariedade de sua história (nem tão) relevante no que diz respeito à própria maneira de organizar-se na intenção de atrair.

PS1: A cena do debate (se é que dá pra chamar aquilo de tal coisa) é a que me arrancou um efêmero olhar feliz, muito bem dirigida e os discursos renderiam pano pra manga, uma pena ter sido essa a trama secundária.

PS2: Por outro lado, a fluidez da animação dos personagens foi meio incômoda em determinados instantes, dava uma sensação de dureza e boa parte dos personagens ficavam meio inexpressivos (ou realmente são totalmente inexpressivos).

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-195834/fotos/detalhe/?cmediafile=21029827

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