Crítica - Gasparzinho e Wendy


Colisão de diferentes mundos no filme mais infantil da trilogia.

AVISO: A  crítica abaixo contém SPOILERS.

Para fechar a saga do fantasminha camarada nos cinemas, em homenagem aos leitores deste blog (hahahaha), veio em 1998 o filme que o colocaria em parceria com a bruxinha Wendy, personagem que este blogueiro solitário mal sabia que era figurinha das antigas do personagem na mídia audiovisual (Gasparzinho em si é bem mais antigo do que eu imaginava, tendo sido criado em 1939), mas não rolou lançamento nos cinemas, portanto o longa foi despachado para o home-video pra garotada alugar nas locadoras e assistir até enjoar (quando se é criança o número de vezes tende a ser drasticamente superior às assistidas com pouco mais de 18 anos). A título de curiosidade, este foi o filme do personagem que mais vi nas exibições da Globo pela Sessão da Tarde. Nesta produção, os fantasmas e bruxas são como facções inimigas que jamais se cruzam, porém os fantasmas temem as bruxas por serem humanos dotados de poderes mágicos e imunes às tentativas de sustos e outras peripécias fantasmagóricas que nada as surpreendem diferentemente do resto dos mortais.

Apesar de continuar no seu jeitinho doce e educado, mantendo seus princípios, Gasparzinho segue o Trio Assombro por onde quer que eles vão para ouvir gritos e ver gente correndo como se estivessem num arrastão. Como visto no filme anterior, o prelúdio do longa de 1995 (esse com a Wendy é sequência desse mesmo, embora todos os três aparentem-se desconexos), a única coisa que prende Gasparzinho aos seus "tios" é a garantia deles de assumirem responsabilidade para com o fantasminha, o que convenceu Kibosh a não puni-lo. O destaque da tríade fantasma torna-se elevado por conta do enredo os colocarem de frente às bruxas numa armação criada por Gasparzinho e Wendy aproveitando um baile com temática anos 50 (eu acho) para fazer com que os seis se apaixonem perdidamente e traga esperança para que a amizade do fantasminha e da bruxinha não seja conturbada. Um plano estupidamente inocente, o que é ideal para as crianças abaixo de 10 anos abstraírem sem problemas, pois essa é a faixa-etária mais do que adequada.

O grande conflito do longa obviamente não tinha como não estar diretamente associado às bruxas e centrado na bruxinha loira. O perverso bruxo Desmond Spellman (que parece ter saído de um filme gângster) deseja se livrar de Wendy pretendendo joga-la no abismo, onde nada que cai consegue retornar, pelo fato da garota ser prodigiosa o bastante para virar a bruxa nº 1 do mundo inteiro. Nas vezes que passou na Sessão da Tarde eu apenas pegava o terceiro ato com a Wendy segurando aquele cabo (uma cena agoniante pra mim na época, devo admitir) pra não cair no fundo do abismo (com aquele laranja berrante e as piscadas de luzes que saltavam na tela junto aos efeitos de telefilme - mas até que estavam num nível parelho ao do filme de 97) e Gasparzinho lutando para pega-la de volta. Esse portal maligno é uma problemática do roteiro, haja vista que o cara do espelho de Desmond (um profeta ou coisa do tipo) avisou sobre Wendy e sugeriu o abismo como solução, o que entregou mastigadinho como se daria o clímax, reduzindo o entusiasmo de acompanhar.

Como se não bastasse, Wendy conta à Gasparzinho sobre Desmond e mostra o abismo pelo seu laptop "de brinquedo". O roteiro pode ser bom pela simplicidade, mas por outro lado pode descambar para a previsibilidade e em se tratando de um filme infantil isso não tem escapatória. A ameaça do bruxo leva as três bruxas a protegerem sua sobrinha longe de casa (pra um hotel perfeito para tirar férias e onde eles se sentem "disfarçadas") após a invasão de dois lacaios paspalhões de Desmond criados através de uma mistura aleatória de líquidos e um toque de magia (a forma como eles nascem lembra rapidamente o T-1000). A produção executiva ser de Haim Saban (o criador dos Power Rangers) é o único motivo plausível que existe para o intérprete do ranger azul da temporada Turbo estar no elenco (o Justin, aquele pirralho intrometido que crescia magicamente ao tamanho de um adulto na hora da morfagem) pois ele não tem outra utilidade além de roubar a varinha mágica de Wendy (é o típico personagem secundário que não serviria nem para figurante, só pra encher linguiça).

No que se refere ao vínculo da dupla protagonista, há um clima meio "Romeu e Julieta", pelas diferenças entre as bruxas e os fantasmas (que são superadas ao final do sufoco para salvar Wendy do abismo com o trio Assombro bancando os heróis, mas não pelo motivo certo) que põem em cheque a amizade entre os dois. E considerando que Gasparzinho sentia algo que amizade era pouco demais para definir, a atmosfera que faz lembrar do clássico conto shakesperiano se fortalece (fantasminha camarada ou assanhado?). O desfecho de reconciliação é peça importante para uma obra voltada aos pequenos e Gasparzinho encerrou seu ciclo gerando a união de forças que deixou grandes marcas nos dois lados.

Considerações finais:

Gasparzinho e Wendy poderia ser um filme em desenho animado que literalmente nada sairia com um mínimo de diferença entre um formato e outro na questão do enredo e das decisões criativas. Mas às vezes um live-action abusa de querer imitar um desenho e rende mais situações de vergonha alheia do que eficientemente cômicas, como neste aqui, que, contudo, ainda é capaz de divertir com a dinâmica de bruxas e fantasmas, sobretudo com a carismática bruxinha que teve sucesso em formar uma dupla adorável mesmo com a repetição da fórmula do "temos algo em comum, então vamos ser amigos".

PS1: O Trio Assombro não interviu pra salvar Wendy, não confunda as coisas. Eles vieram pela simples chances de assustar alguém (no caso, Desmond, que caiu no abismo pois provavelmente a fraqueza do bruxo era... o medo de fantasmas assustadores?) e se livrar de um problema era apenas uma consequência, não foi algo intencional em prol do Gasparzinho e da Wendy (no meu entender, naturalmente).

PS2: Só quem tem tios chatos e controladores entende a situação da Wendy, chega a se identificar.

PS3: O Gasparzinho podia ter possuído (assim como fizeram seus "tios") o pirralho que esnobou Wendy por causa de um jogo de fliperama quando foram ao local reservado pra dançarem seu próprio baile. Ele já manja dos paranauê.

PS4: A Wendy trocou de roupa logo depois de acordar porque ainda estava de pijama. E o traje de bruxa dela parece com o quê, afinal? (hahahaha).

PS5: E aquele radar do Desmond que detectava magia? Quero acreditar que estava enfeitiçado (com magia tudo é possível, até fazer um boneco de papai noel de papelão dançar hip-hop).

PS6: Boa sacada para criar aquela tensãozinha ao focar intermitentemente no último gancho do cabo que estava prestes a se soltar caso não puxassem Wendy depressa antes que o abismo fechasse.

NOTA: 7,0 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim (por nostalgia). 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: 

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