Crítica - Jurassic World: Reino Ameaçado


Proximidades com o clássico e mais um show de referências.

AVISO:  A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Após um filme que balançou numa gangorra narrativa que não sabia se assumia como um filme de fato inédito e independente ou uma versão moderninha e meio chupinhada do primeiro - e no final das contas acabou sendo um pouco dos dois, apesar de querer muito se sobressair pela segunda opção -, eis que finalmente sua aguardada sequência toma rédeas mais seguras de como conduzir uma história envolvendo dinossauros sem parecer uma tentativa quase desesperada de equiparação ao passado. Pois é, o longa é inteiramente desvencilhado dos erros do seu antecessor sabendo muito bem como começa, aonde vai e aonde exatamente deseja chegar atingindo uma reflexão crucial.

O filme se passa três anos após os eventos do anterior, depois que o parque moderninho foi o maior fiasco e se tornou um lar dos dinossauros para nunca mais um dia ser visitado como um ponto turístico. Se antes a luta era, a princípio, manter os dinossauros em segurança para os humanos ficarem em segurança, nesta continuação a busca agora é pela garantia da sobrevivência dos próprios dinos em decorrência da atividade de um vulcão na ilha Nublar prestes a entrar em erupção e ocasionar na massiva extinção. Temos o retorno de um velho conhecido rosto da franquia: Ian Malcolm que se posiciona contra a proteção aos dinos, ele é o centro das questões morais discutidas que levantaram debates nesse intervalo de tempo entre ambos os filmes. Porém, o personagem não passa disso, não participa ativamente da trama, ele só está dando o parecer dele em relação à causa. Gostaria de pontuar aqui algumas repetições do primeiro filme que notei: 1) Claire procurar Owen e acha-lo ocupado com alguma coisa enquanto lhe faz o "chamado para a aventura" explicando a problemática e tudo mais. 2) Blue novamente abandonando Owen ao final do terceiro ato. 3) Algum dinossauro rugir antes dos créditos subirem, no JW1 foi a T-Rex e neste aqui foi a velociraptor Blue.

É uma disputa de antagônicos interesses humanos que se prossegue com muita substância ao longo dos 128 minutos. De um lado vemos o grupo que se lança na luta pela preservação das espécies na maculada ilha Nublar e do outro há uma grande maioria de gente interessada nos dinossauros para fins egoístas e gananciosos. O ego humano retratado nesse filme é um das coisas que provoca ojeriza, então os próprios humanos se fazem como antagonistas reais e não exatamente o novo híbrido na área, o implacável Indoraptor que foi posto a leilão na mansão da família Lockwood na qual vivia o antigo parceiro de John Hammond, Benjamin Lockwood (covardemente morto por Eli Mils, o vilão humano de maior proeminência) que no longa está com a saúde debilitada e guardava um segredo cabuloso sobre a filha e a neta (a garota Maisie), além de ter levado uma bela rasteira do pupilo sobre a salvação dos dinossauros. Todo esse plot de traição tem desdobramentos muito envolventes. Aliás, por extensão, as situações passadas na ilha são verdadeiramente agoniantes, uma sucessão de perigos onde os personagens flertam com a morte de fazer o espectador ficar na ponta da cadeira torcendo por eles.

Isso é algo que eu não tinha sentido tão intensamente desde o primeiro JP. O filme de J. A. Bayona consegue imergir fundo numa aura sombria que favorece muitas outras imersões durante os conflitos apresentados, ainda mais com uns toques de "jump scare" bem tímidos mas que sustentam a identidade da sequência em ser uma obra com um terror mais enviesado ao Alien por exemplo. Mas, claro, nunca é precisamente a nata do terror e sim um suspense muito bem executado, com sombras e ausência de trilha sonora, desde a sequência de abertura (não vou mentir, prendi uma risadinha quando o cara foi fisgado pelo Mosassauro após escapar do T-Rex acabando com a alegria do pessoal do helicóptero que o salvou, não sei o que deu em mim nessa hora, a cena pareceu... minimamente engraçada pois estava aparentemente tudo resolvido, tudo mesmo) até a cena em que Maisie sofre a ameaça do Indoraptor no seu quarto. Inclusive a cena de Owen, Claire e Maisie se escondendo do Indoraptor remeteu e muito à cena da cozinha onde as crianças se escondem dos velociraptos lá no primeiro JP, mas só é uma pena que em JW2 a tensão dure tão pouco nesse momento especificamente, pois de um modo geral ela acompanha uns 95% do enredo, principalmente na mansão que é o palco das escapadas finais.

A resolução para se livrar de vez do Indoraptor pode ter sido meia boca ou muito óbvia, mas toda a construção sequenciada foi proveitosa, soube aproveitar todo o potencial para transformar-se numa aventura que encurrala seus personagens (o lado dos mocinhos) e os desafia a limites extremos.

Considerações finais: 

Jurassic World: Reino Ameaçado fez muito mais do que sua obrigação em ser superior ao filme de 2015, ele trouxe avanços muito consistentes nesse universo, colocando em pauta, sob o respaldo de um problema ambiental grave, a coexistência dos dinossauros e os humanos, algo que se realiza ao terço derradeiro do longa abrindo uma nova era e talvez até novas e promissoras possibilidades, mas fica aquela impressão de ciclo fechado. Da essência que o clássico deixou e cimentou na história do cinema, este aqui se aproximou muito, mas muito mesmo, arrisco dizer.

PS1: Não sei se puseram a mão na consciência e resgataram os animatrônicos, porque o CGI tá impecável 👏👏👏👏

PS2: De todas as almas sebosas e interesseiras que esse filme apresentou, o general Ken Wheatley (o colecionador de dino-dentes) é o mais merecedor de ódio.

PS3: Já discorri na crítica do filme anterior o que acho da atuação do Chris Patt e mantenho a palavra.

PS4: Maisie poderia receber um desenvolvimento melhor, mas o que foi servido foi satisfatório.

PS5: A cena pós-créditos é tão útil quanto um apatossauro bater de frente a um T-Rex (nada contra os pescoçudos, nunca foram meus favoritos, mas sempre os achei fofinhos).

PS6: E este é outro integrante da série continuações melhores que o primeiro filme (considerando que JW é uma nova franquia derivada da antiga JP, embora numa visão macro seja tudo uma história só).

PS6: Será que vem mais por aí? Vão ter que rebolar bonito para produzir uma obra acima desse.

NOTA: 9,0 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.heroisdateve.com.br/jurassic-world-reino-ameacado-tem-seu-segundo-trailer-divulgado/

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