Crítica - Godzilla (2014)
Monstros em segundo plano.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Abro esta review trazendo uma curiosidade sobre mim com relação ao filme: Eu o tinha assistido em 2015 no Telecine (saudades TV a cabo T_T) e cogitei desenvolver uma crítica exatamente aqui para o blog, no entanto me faltou aquela disposição, sabe... Pois é, eu meio que abarcava as considerações definitivas quanto ao filme no geral, mas o sabor agridoce que impregnou nessa experiência me forçou a desistir da ideia. Felizmente, isso não aconteceu nesta reprise que fiz (na véspera do natal passado, diga-se de passagem) e minhas ideias acerca da produção apenas complementaram-se e agora posso discorrer com mais tranquilidade sobre todos os pontos. No mais, era tipo escrever uma redação querendo resumir todo o assunto pela conclusão, sem fazer a introdução e o desenvolvimento.
Desculpa quem é fã dos classicões da Toho, que devem ter tido orgasmos múltiplos ao verem a aparência do monstro homenagear o visual icônico do original, mas... Particularmente acho que é se contentar com pouco dado o tempo de tela ao qual o lagartão foi submetido. Nada contra aos que insistem na apreciação deste, o saudando como uma homenagem perfeita ao Rei dos Monstros. Todo filme de monstro que se preze deve atribuir foco majoritário ao seu item de maior atratividade. Isso não se vê aqui em momento algum. O desespero dos humanos perante aos Mutos e ao próprio Godzilla é executado de modo a fazer parecer algo remetido à Cloverfield - longa que usufrui da técnica de found-footage valorizando mais o ponto de vista das vítimas da criatura, bem como suas jornadas para sobreviver aos ataques constantes.
Das sequências de destruição, apenas algumas salvam-se e são aquelas que ocorrem lá pelos minutos finais do terceiro ato. Um vídeo reunindo todas as cenas nas quais o Godzilla dá o ar da sua
E se eu não quiser falar dos humanos? Todos os personagens, sem exceção, são soníferos ambulantes, não exista um que cative um espectador não muito exigente à filmes de criaturas monstruosas e destruidoras de cidades feito eu. O arco dramático do personagem Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), um soldado que sofreu duras perdas familiares (uma delas é o desperdiçado personagem de Bryan Cranston, o seu pai, vindo a falecer anos depois da sua mãe num ataque do Muto que escapou da instalação de contenção) é tão insosso quanto a atuação do ator e o enredo parece bem dedicado no oferecimento de um destaque que o torne protagonista capaz de bloquear a performance dos monstros (lamentavelmente reduzida a ínfimos minutos de ação). Elizabeth Olsen (engraçadamente esposa de Taylor-Johson no filme, quando no ano seguinte fariam os irmãos Maximoff em Vingadores: Era de Ultron) faz a típica personagem de apoio que ninguém liga pra existência porque decerto a importância dela é nula para o conflito (na verdade, importante pra pôr de volta um sorriso no rosto do Ford na bonança que veio após a tormenta). Ichiro Serizawa (Ken Watanabe) é o único que arranca uma simpatia.
A situação envolvendo os Mutos macho e fêmea (que pusera centenas de ovos) foi bem estabelecida para deixar as coisas mais encorpadas, com os militares idealizando mata-los através de uma ogiva nuclear contida num míssil (que é roubada pelo Muto macho para presentear sua esposa e os filhinhos, já que a fonte de alimento deles é a radiação pura). Porém, a corda arrebentou do lado mais fraco e Godzilla permaneceu ofuscado, com alguns consoláveis instantes de protagonismo (sopro atômico direto na garganta do Muto!) no confronto que deveria ser decisivo, pois Serizawa (ícone sensato hehe) disse que o homem não possui controle sobre a natureza, portanto era asseguradamente recomendável que permitissem-os lutar, claro que na espera de que os três monstros sucumbam. Mas o jogo virou para o lagartão que meteu um susto na galera se "fingindo de morto" e reerguendo-se logo depois. Mas fica meu questionamento que pode soar ridículo pra alguns (não me importo): Considerado um herói por derrotar os Mutos é garantia de que Godzilla não voltaria a causar problemas? Será que ninguém levantou a hipótese? Os Mutos eram muito mais fortes, eles deram trabalho. Mas Godzilla herói?
Considerações finais:
A releitura dirigida por Gareth Edwards não equilibrou na balança dois pesos fundamentais para construir a situação geral apresentada. Muita perspectiva humana para pouco filme de monstro. Para um retorno triunfal do famoso kaiju ao cinema americano, foi desempolgante, muito embora tenha seus ápices perdoáveis onde dá pra tirar uma casquinha de alento.
PS1: Não basta o Godzilla ser coadjuvante no seu filme, tem que encarar o inabalável protagonista humano e desaparecer na fumaça. O lagartão pensou: "Vou cair fora, nem sei o que tô fazendo aqui."
PS2: Aproveitei bem o desfecho glorificando Godzilla para o posto que lhe é de direito. A parte que justamente dão um destaque favorável à ele é também a que me incomodou pelo contexto. Godzilla é pra ser temido, não adorado!
PS3: Mas não tô nem aí pro lance de heroísmo direcionado ao lagartão, se ele der uns belos sopapos nas ameaças da sequência (Mohtra, Rodan e Rei Guidorah - finalmente!!!) que é obrigada a não cometer o mesmo erro deste primeiro filme.
PS4: Início do longa é consistente e bastante apegado ao lado científico. Do meio para o clímax é que o negócio descamba para o desequilíbrio de focos. Ademais, a espera pela aparição retumbante do Godzilla é irritantemente demorada.
PS5: Os rugidos são maravilhosos. Mas ainda dói a possibilidade de contar nos dedos as cenas que Godzilla verdadeiramente bota pra quebrar.
NOTA: 6,0 - REGULAR
Veria de novo? Provavelmente não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/08/1500401-apos-sucesso-de-bilheteria-godzilla-ganhara-sequencia-em-2018.shtml
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