Crítica - Batman Ninja


Pra sair da mesmice, Batman viaja involuntariamente ao Japão Feudal.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

A última produção do morcegão que é dotada de traços orientais e lembro de ter conferido foi Batman: O Cavaleiro de Gotham que apresenta um conjunto de atos de uma mesma história com estilos variados da arte japonesa. Eis que 10 anos após esse longa o personagem novamente ganha ares e uma roupagem voltada à esse tipo de animação, desta vez com uma estética que emprega maior riqueza de detalhes, o que logo de cara é um ponto positivíssimo que favorece a diferenciação e o ar "fora da casinha", e também faz recordar do traço estilístico do anime Jojo's Bizarre Adventure (que já vi e ouvi ser citado em muitos lugares da internet e quem sabe torne-se mais um integrante do meu filão de animes que ainda preciso assistir) que à primeira vista me soou meio extravagante.

Mas com o tratamento de design oferecido ao longa, essa visão ficou mais tolerante e muito mais progressivamente ao longo da experiência sempre com a ajudinha do desenvolvimento da trama que por mais simplesinha que seja consegue obter atenção do tipo que torna possível sentir-se envolvido embora não do tipo a fazer estar na ponta da cadeira esperando um mega plot twist (e é bom não esperar pois as viradas se reduzem aos vilões que disputam entre si e somente, é aquele negócio que pode-se dizer "parece que agora o jogo virou"). Tudo o que compõe na estética é digno de nota, não há nem do que se reclamar e a fluidez que aparenta ser meio 3D pelas imagens na experiência se vê um 2D de uma qualidade ímpar, e não vou dizer que quem não aprovou a adoção do estilo prefere que toda e qualquer animação do herói se mantenha nos traços ocidentais convencionais pelo receio que outro mais enviesado para o estilo anime não venha a funcionar. Vai do gosto de cada um e de acordo com o meu percebi que toda a construção deu certo sem atrapalhar o acompanhamento.

Inicialmente a premissa de viagem no tempo parece estar ali apenas como elemento justificatório, o que ajuda a atribuir certa lógica porque convenhamos que um Bruce Wayne nascido na Japão na exata época que se passa seria um tremendo tiro no escuro e menos lógico. Porém, o primeiro ato, bem no comecinho focado no plano do gorila Grodd no Asilo Arkham, joga os personagens diretamente no ponto central do conflito rápido demais. Então sim, foi um início bem "rushado", como dizem por aí e diria que causou um mau pressentimento do que viria mais adiante. Só não me desce a ocorrência do salto temporal de dois anos após o acidente com a máquina do tempo valendo para todo o resto dos personagens (o team Batman e os vilões) enquanto o Batman é o único a ter noção de que passaram-se minutos, o que é uma conveniência bem vagabunda. Nesta realidade os vilões, em especial o Coringa juntamente à sua inseparável companheira Arlequina (ambos estão impagáveis), consolidaram suas influências preparando terreno para uma guerra que decidirá quem vai assumir o controle do país. Estão no páreo: Coringa, Grodd, Hera Venenosa, Duas Caras e Exterminador (os não marcados em negrito são os que tiveram menos destaque, até mesmo no agitado terceiro ato apresentando uma verdadeira batalha de "megazords" criados graças a motores surrupiados da tecnologia da máquina de Grodd). A mudança de traçado e animação quando Capuz Vermelho ameaça Arlequina e Coringa que fingiram uma redenção rompeu com o clima bruscamente de forma desnecessária e a mudança em vez de acrescentar acabou por incomodar e senti alívio quando enfim acabou e retornou a bela arte fixa do longa de Junpei Mizusaki, bem como a trama agilizando-se melhor.

Tenho que destacar novamente o Coringa que com certeza teve uma ótima representação no que se refere à sua personalidade maníaca e psicótica. O palhaço do crime se mostra mais ensandecido e louco, estabelecendo com Batman um senso de rivalidade que faz o bicho pegar entre os dois justamente na batalha final entre katanas (a parte do trailer responsável por empolgar). Mas é uma pena que no terceiro ato após a batalha de castelos que transformavam-se em robôs (uma óbvia e divertida referência aos tokasatus japoneses - até havendo uma cena com o team Batman correndo e uma explosão acontecendo atrás o que deu ar "Power Rangers" à coisa toda e eu caí na risada nessa hora) as coisas descambem para a exigência da suspensão de descrença. O que diabos foram aquelas cenas do quase infinito exército de macacos do Grodd (controlados por uma mísera flauta) virando a casaca e formando, todos juntos empilhados, um "boneco", digamos assim, gigante para lutar contra a fusão dos "megazords" após a grande virada do Coringa sobre todos os outros antagonistas (Grodd não passa de artifício de ignição) e também os morcegos controlados por assovios do Asa Noturna fazendo o mesmo ao criar um mega-Batman com cinto dourado e tudo? Eu sei, fiquei ciente durante o filme que nada dali precisava ser levado tão a sério, coisa que muita gente que detonou não se deu conta (recepção similar também aconteceu com Batman & Arlequina), mas não tinha necessidade de forçar tanto, deixando tudo mais balanceado pro infanto-juvenil. E não para por aí, ainda volto a falar sobre o acirrado combate entre Batman e Coringa infelizmente estragado pelo mesmo elemento ilógico dos morcegos que transformavam-se numa "ilusão" do Batman para trollar o pudinzinho. Foi desnecessário para não dizer brochante. E ao surgir do real Batman (dando o troco na cena inicial de aparição do Coringa em que ele engana o morcego), tudo é resolvido depressa sem outra luta com igual aproveitamento, portanto estragaram um ótimo momento com forçação irracional.

O final é feliz, mas um tanto apático, tendo só Selina Kyle (a vira-casaca no estilo Viúva Negra) como destaque ao vender os itens japoneses antigos que foram engolidos no portal na volta ao lar.

Considerações finais: 

O resultado dessa ousada brincadeira chamada Batman Ninja é um longa sem compromisso nenhum de levar seus personagens a um enredo que faça uso seriamente coerente da trama, abraçando nada menos que o propósito de jogar em tela ótimas sequências de ação (mesmo algumas parecendo "malucas") e um texto que oscila do razoável ao criativo em determinadas passagens sendo um filme voltado ao estético que consegue divertir. E quando se tem um background trabalhado assim, não há nada de errado nisso, ainda que não se perdoem as derrapadas que abusaram feio da vibe que, através do seu roteiro, grita "seriedade lógica pra quê?".

PS1: Logo na chegada ao Japão antigo, Batman se depara com capangas do Coringa usando máscaras claramente inspiradas no seu rosto. O morcegão perguntar quem é o comandante dos caras foi de doer.

PS2: Numa escala de 0 a 10 eu daria 11 (mil) pra essa dublagem brasileira 👏👏👏.

NOTA: 7,0 - BOM

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-138682/

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