Nem tudo é o que parece #4


Na minha época de infância, em uma noite quando meus pais haviam saído para uma festa, fiquei em casa com umas amigas que convidei, pois seria um tédio ficar sozinha. Para nossa sorte, era o aniversário de uma delas, o que meio que espantou a falta do que fazer. Pegamos um pequeno bolo que estava guardado na geladeira, acendemos uma vela e cantamos os parabéns.

Nossa, fizemos muito barulho. Acho que foi a noite mais divertida da minha infância... até acontecer o inesperado. Gritávamos, tirávamos sarro umas com as outras, mas o que mais fazíamos era bater palmas. Após os parabéns, fizemos uma competição de quem batia palmas mais rápido. Como éramos quatro, eu e Andressa começamos primeiro.

O que me pareceu estranho nem foi o fato de eu ter vencido aquela brincadeira estúpida, mas sim de ouvirmos palmas, mesmo depois de termos parado.

- Ué, quem tá batendo palmas? Será alguém que quer participar? - perguntou uma delas.

- É a Lisa, ela tá com as mãos pra trás! - disse outra lá, que esqueci o nome.

- Não sou eu. Olha. - disse Liza, mostrando as mãos.

- Hum... pessoal, deve ter alguém em cima, no quarto eu acho. - disse Andressa apontando para a escada.

Quando as palmas retornaram - ainda mais estridentes e rápidas -, ficamos nos entreolhando apreensivas, e só então percebi que elas vinham do topo da escada. 

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Estava voltando de uma festa, e acelerei o carro assim que entrei em uma quase interminável estrada. Tudo o que se via era um completo breu, somente os faróis do meu carro me ajudavam. Por sorte, não havia curvas. No entanto, algo surgiu na frente que me fez arregalar meus já caídos olhos de sono. Freei o carro abruptamente, assustado com o que eu acabara de ver.

Era uma menina caída no meio da estrada. Desci rapidamente do carro, desesperado e sem saber o que fazer, afinal nem sinal de telefone havia naquele deserto escuro. Verifiquei se seus sinais vitais estavam intactos, e infelizmente estava morta. Ela vestia uma camisola branca, estava completamente banhada em sangue, e seus olhos abertos com as pupilas dilatadas só aumentavam minha tensão.

Como não havia muito o que se fazer, decidi ir embora dali o mais depressa possível. Pelo menos iria tentar sair de modo que as rodas não passassem perto da garota.

Voltei para o carro, até liguei o rádio pra tentar esquecer aquilo. Porém, eu ouvi uma voz me perguntando:

- Olá, poderia me levar pra casa?

Olhei para trás, e levei um susto daqueles quando me deparei com a mesma menina caída na estrada, sentada no banco de trás. 

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Quando éramos crianças, eu e meu melhor colega de classe Marcos, em um certo dia, trocávamos umas figurinhas, até que chegou a menina considerada a mais "estranha" da classe. Ela veio até nós propondo um jogo.

- Ei, que tal vocês jogarem um jogo que um amigo meu me ensinou?

- E como é? - perguntei.

- É muito fácil. Tenho estas duas bolas: vermelha e branca. Você escolhe a cor, e tenta adivinhar em qual das mãos está a bola. - disse ela bastante animada.

- Não achei muito legal. - disse eu.

- Acho que vou tentar. Eu escolho a branca. - falou Marcos, apontando para a bola de cor branca na mão esquerda dela.

Ela meio que fez uma careta maldosa e ficou de costas pra nós pra fazer um "troca-troca".

- Muito bem. Em qual das mãos está a bola? - perguntou ela, com os braços esticados.

- Hum... direita!

Ela abriu sua mão direita e deixou a bola escolhida cair no chão, a qual era a vermelha. Ela rapidamente mudou para uma expressão triste e preocupada.

- Poxa, Marcos... que pena. Foi bom te conhecer.

- Como assim "que pena" ou "foi bom te conhecer"? Quero tentar de novo.

- Não tem como. Meu amigo me disse que se a bola vermelha aparecer após ter errado... significa que a pessoa vai morrer esta noite. 

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Dia chato, entediada... fiquei gastando meu tempo no espelho do banheiro, me encarando com várias caretas malucas e bizarras. Até que fiz uma bem perversa e insana.

Senti algo coçar no meu ombro e olhei para trás. Era só um mosquito chato.

Fiquei bastante atordoada quando virei pro espelho novamente e meu reflexo continuava me encarando. 

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Certa noite, tive um sonho, no qual eu estava em um corredor branco, e era constantemente perseguido por uma espécie de borrão negro ou mancha negra, sei lá,, que rastejava no chão como uma serpente. À medida que eu corria, mais aquela coisa aumentava, até tomar uma forma completamente indescritível e assustadora. Foi nesta parte que acordei. Respirei ofegante e suei tão frio que foi como se eu tivesse sido exposto a todos os meus medos simultaneamente.

Só um copo d'água me acalmaria naquele momento. Jamais tive um pesadelo tão inesquecível como aquele. Fui até a cozinha cambaleando, não de sono, mas de horror.

Assim que cheguei na cozinha, vi minha filha de 7 anos bebendo água. Só de ver aquele rostinho branco me senti aliviado, a presença dela me confortou.

- O que faz aqui a essa hora acordada?´- perguntei

Ela não respondeu, e ficou olhando fixamente para um ponto que eu não conseguia ver. Só após perceber que aquilo lhe era estranho que ela me perguntou, apontando com o dedo:

- Papai, o que é essa coisa preta no chão, bem atrás do senhor? 


FIM... por enquanto! 

Comentários

  1. Ainda imagino um filme dirigido por você, Lucas! Gostei muito da estória das meninas e as palmas, e essa última. Causou calafrios!

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    Respostas
    1. Diretor!? Hahahah, não tenho vocação, acho que faço mais o tipo roteirista mesmo.
      Fico feliz que tenha gostado. Aguarde por mais edições, pois essa série só está no começo ;)

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