Crítica - Garfield: O Filme
Divertidinho, mas deu preguiça.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
A expressão acima do gatinho folgado remete ao que senti durante boa parte assistindo pela primeira vez ao longa 15 anos depois do seu lançamento nos cinemas. Será que é porque virei adulto demais e filmes com essa pegada envolvendo animais falantes e uma comédia pastelão já não me encantam tanto como antigamente? A despeito de tal questão, resolvi encarar mesmo assim, então não tenho de evocar minha criança interna para fazer valer um julgamento preciso, acho que isso não tem a menor importância. Mas que Garfield merecia uma transposição melhor, não se tem nenhuma sombra de dúvida. Minhas experiências anteriores com esse personagem foram minúsculas, bem poucas mesmo, normalmente eram tirinhas vistas nos livros de português. Pergunta de um milhão: Havia necessidade de um live-action justo para o Garfield?
Me pego pensando que os idealizadores sabem da merda que pode dar ao contar a história de um personagem saído de um desenho ou história em quadrinhos na mídia cinematográfica, mas quando o oportuni$mo fala mais alto não tem quem freie. Apesar de não elucidar um mérito relevante para trazer o gato preguiçoso (e muito malandro) às telonas, a ideia do live-action poderia ao menos transparecer uma disposição para fazer disso uma boa empreitada se realmente confiavam no projeto. Contudo, não foi bem isso que a execução deixou claro. Temos aqui um típico filme baseado num personagem cartunesco que é apenas uma massa de CGI moldada para assemelhar-se à figura original. Só que a textura gráfica do Garfield é aquém até mesmo para a época. Ele destoa gritantemente da maioria dos ambientes por onde passa.
Garfield vive sua vida no bem-bom, uma zona de conforto inabalável, até que seu dono meio abobalhado, Jon, adota um cachorro chamado Odie oferecido pela sua crush, a veterinária Liz Wilson (que só serve de fato ao roteiro para se apaixonar por Jon e tascar nele aquele beijão pra comemorar o final feliz) e o resto da história é fácil prever mesmo pra quem não conhece muito a fundo a relação entre o gato ciumento e o cão espevitado, aquela coisa bem clichezona (dois personagens que precisam superar suas diferenças, um tem que salvar o outro e no fim das contas a amizade prevalece com o objetivo em comum triunfado). O carisma de Garfield por determinados momentos soa com naturalidade e por outros de um jeito vergonhosamente forçado (como na dancinha sem-graça quando toca aquela música que também foi usada na trilha de O Professor Aloprado com o Eddie Murphy). Mantiveram as características requisitáveis: o estilo de vida, a indolência e a paixão por lasanha. Mas no decorrer das situações fica um pouco difícil gerar apego dado o fraco tratamento de construção para favorecer uma identidade carismática (e o CGI pesado e toscamente artificial tem parcela de culpa sim senhor).
Um vacilo de Garfield desencadeia toda a ação que conduzirá ao desfecho. Ele acaba passando a perna (ou a pata) no cãozinho, o deixando do lado de fora após uma prova do quanto o novo bichinho de estimação do Jon havia gostado dele. Odie se perde de casa ao ficar perseguindo carros pelas ruas e é acolhido por uma senhorinha gentil que acaba caindo na conversa do apresentador de TV, Dr. Happy Chapman (meh!), que afirma ser o dono real, mas o picareta só tá afim de usar o cãozinho para seu show televisivo, após um interesse no concurso de cães vencido por Odie, com o auxílio de uma coleira elétrica que possibilita piruetas e manobras uma vez que é ativada por controle remoto (que maldade!). A questão dos maus-tratos à animais inserida como motivação para Garfield salvar seu, querendo ou não, mais novo amigo é um acerto que o faz evoluir (por enquanto) em relação à sua visão egocêntrica e toda aquela vontade de ser único e titular na vida do seu dono. A parceria com um ratinho também teve seu bom aproveitamento, começando e terminando nos instantes apropriados. Toda a dinâmica dos animais falantes dá aquela nostalgia fresquinha, mas não ofusca os problemas.
Considerações finais:
Garfield: O Filme, ainda que não prove sua razão de existência, chega a promover uns picos de divertimento básico (é como dizer: tem seus momentos, mas...). O CGI fuleiro e as tiradas cômicas ineficientes comprometem bastante.
PS1: Odie é o único cão no mundo que não fala em meio à gatos, ratos e outros cães (só aquele que implicava com o Garfield foi mostrado falando)?
PS2: Curioso que os cães e gatos pegos pela carrocinha seguiram por seus devidos caminhos (após a fuga em massa) e o Garfield saiu para impedir que o trem que levava Odie e seus raptores partisse (ou resgatar o cão antes da partida), mas todos eles surgiram de repente na estação pra ajuda-lo. Cachorrada veloz essa hein.
PS3: Legal assistir o vilão tomando do seu próprio veneno, mas gostaria de saber como puseram a coleira nele com todo o fuzuê de cães se engalfinhando pra cima dele (com direito à cena mostrada só na sombra da parede, como se fosse uma coisa chocante e olha que o Garfield mandou morder sem mastigar x_x).
NOTA: 6,0 - REGULAR
Veria de novo? Provavelmente não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://www.vetquality.com.br/filmes-de-animais-5-filmes-que-vao-te-convencer-que-os-pets-sao-melhores-que-os-humanos/
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