Crítica - Garfield 2


Folgadisse em dose dupla.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Tem aquele velhíssimo ditado que diz: "Errar uma vez é humano, duas é burrice". Mas pera lá! Não é que ele se aplique totalmente à esta sequência não muito gloriosa e ao mesmo tempo passível de pequenas análises positivas sobre determinados pontos. O que acontece aqui é o seguinte: Insistiram no erro, porém não dobrando a prejudicialidade dele. Um longa-metragem para o gato mais famoso das tirinhas de jornal era desnecessário ao extremo, que dirá uma continuação do filme de origem que sequer teve um bom desempenho nas bilheterias ou uma boa projeção nas avaliações especializadas (por contundentes razões). Carecendo de originalidade, a trama remete a outra produção de uma franquia famosa protagonizada justo pelo maior inimigo dos gatos: estou falando de Beethoven 4 (acabei de desenterrar do baú). Bem que eu desconfiava que já havia visto uma premissa assim em algum lugar, minha memória não é tão lixo quanto eu pensava.

Dois animais que trocam de lugar e ambos possuem vidas inteiramente diferentes. Assim como Prince, Michelangelo, a "duplicata" de Beethoven, desfrutava de uma vida boa pra cachorro que só uma família com muito money no bolso poderia oferecer. A semelhança dos plots, contudo, não põe em cheque a visível qualidade relativamente mais elevada que o primeiro filme no tocante ao roteiro e ao enredo, com destaque para um Garfield mais solto e com algumas tiradas humorísticas criativas (menos as dancinhas que continuam forçadas). Mas pra representar essa subida de nível em porcentagem, diria que foi uns 5%, o que é um grande salto se formos comparar com o resultado final do primeiro filme. O coração da trama, aquilo que dá essência ao conjunto, é o que menos faz sentido. Prince é um gato idêntico à Garfield que herdou um castelo da realeza inglesa (um gato saudado como Rei @_@). Os personagens aportam na Terra da Rainha numa viagem importante para Liz que está prestes a ser pedida em casamento por Jon que aproveita a ocasião (e o bobalhão ficou com menor tempo de tela, o que é um ponto a se contar a favor - sério, não dá pra engolir aquela atuação boboca do Breckin Meyer) e Garfield juntamente à Odie vão escondidos e ainda fazem um divertido passeio turístico.

A diferença positiva começa pela fotografia que beneficia o CGI dos dois gatos protagonistas (por incrível que pareça está um tantinho superior do que na produção de 2004, a composição interage melhor com os cenários sem ficar naquela artificialidade chata). Mais animais falantes (um time bem diversificado, diga-se de passagem) envolvidos no conflito ajudou a movimentar e engrenar as coisas sendo justamente eles, os súditos do Rei, que tomam a grande função cômica que Garfield (tampouco Odie que, por sinal, sofreu uma reduçãozinha no seu tempo também) não consegue exercer sozinho. O vilão da vez é um cara chamado Lorde Dorgis que odeia animais e deseja construir um resort luxuoso sobre o território do castelo e torna-se herdeiro da propriedade quando se livra de Prince jogando-o num rio. É uma exploração meio repetida, pois o vilão anterior, Happy Chapman, apesar do plano pouco ambicioso, não tinha lá muito carinho por animais tendo em vista o que ele pretendia com Odie. A comédia aposta num tom similar aos das vídeos-cassetadas que passam no Faustão.

Entretanto, o trabalho para colocar em funcionamento tudo que preste para entreter obtém êxito que embora tímido já faz uma diferença sintomaticamente asseverativa. Não vale a pena esperar uma revisão de conceito de Garfield sobre o tratamento (literalmente) de rei, mas num dado momento, ao ouvir uma conversa entre a arara e o cão (não sei de que raça é) quanto à sua presença, ele tem sua auto-estima afetada, fazendo-o ter saudades da sua própria vida, o seu próprio conforto de lar doce lar. É exatamente a batida mensagem: Não há lugar melhor que o lar. Simples assim. Mas Garfield termina o filme saboreando um pouco mais do bem-bom, nem aí pra reflexão de vidas tão parecidas mas tão opostas de alguma forma e do quão importante é reconhecer a importância de que nada pode substituir o que você já tem para valorizar. O ouro que reluz nem sempre é tão valioso. Mas foda-se, é um filme infantil e o Garfield tá pouco se lixando pra isso, pensando sempre em si, seja na relação com o dono ou na "rivalizamizade" (nome feio né?) com Odie.

Considerações finais:

Parece que o enredo de Garfield 2 já vinha sob idealização ainda na época de lançamento do primeiro filme. Introduzir um gêmeo para fazer uma brincadeira com o título é bacana e os seguimentos trazem situações que mantém o espectador assistindo (caso não exija muita coisa) e dão uma sensação gostosa de esquecimento contra o filme anterior. A franquia live-action de Garfield passou uma linha que não devia ter traçado quando nem precisava ter começado. A sequência possui lá suas qualidades notáveis (o plot não é uma delas, pela chupinhada em Beethoven 4), mas não muda o fato de que o gato sarcástico e preguiçoso de Tim Davis tinha mais era que permanecer nas tirinhas e nos desenhos animados.

PS1: O Jon mete um soco no vilão assim como no primeiro filme. Os roteiristas são os mesmos... OK, explicado.

PS2: Achei que suspeitariam do Prince quando ele recusou o prato de lasanha. Aí seria rápido demais, eu entendo.

PS3: O encontro dos "Garfields" é aquela cena que você separa do resto por ter gostado tanto, me fez rir pra fora.

NOTA: 7,0 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim (ou não). 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-60513/fotos/detalhe/?cmediafile=18859018

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