Crítica - Spirit: O Corcel Indomável


"Não vou desistir, eu não pretendo desistir não!"

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Dá um alívio tremendo perceber que vários anos depois de assistir á essa animação pela primeira vez na Sessão da Tarde, uma revisão com essa minha cabeça de adulto meticuloso e exigente não maculou com a nostalgia marcante que o longa deixou e que durante todo esse tempo permaneceu intacta. É um grande receio temeroso que faz parte de qualquer indivíduo que tem lembranças afetivas relacionadas a algo que o fez muito feliz na infância, acabar tendo vontade de experimentar novamente as mesmas emoções sabendo do risco de não reagir como antes e por consequência forçar uma mudança de opinião. Mas não me deixei levar por esse medo e conferi essa obra memorável, muito mais lembrada por sua trilha sonora do que pela sua história em si. Se eu tivesse um alter-ego de crítico impiedoso - que não fosse a personalidade dominante, claro -, ele questionaria: que história? Quando disse trilha sonora me referia às canções e não às trilhas incidentais (que não devem ser desmerecidas pelo outro tipo ter se destacado mais, Hans Zimmer mandou muito bem na composição, reforçando os tons dramáticos). E ela possui um papel imensamente relevante, cada uma das músicas.

Spirit torna-se líder do seu rebanho num pasto no oeste americano como herança de seu falecido pai - que é um mistério sem importância narrativa. Diferentemente de como lembrava, o corcel não é um animal falante, ou seja, acreditei, por mais de uma década, que não passava de mais um filme com animais se comunicando como humanos (Spirit e os demais companheiros de pasto interagem através de gestos e relinchos). Os cavalos - ou nenhum outro animal - são capazes de falar oralmente, apenas mentalmente (a narração em off de Spirit ao longo do filme), mas vamos ignorar questionamentos acerca de como o Spirit aprendeu seu vocabulário. Não é que a trilha sonora carregue o longa nas costas ou seja uma razão suficiente para engrandecer sua qualidade por conta de não haver um enredo característico de outras animações do estúdio (a Dreamworks), só é preciso olhar pelo lado sentimental. A trama de um cavalo que não confia em humanos por uma má primeira impressão e que acaba pondo seu grupo em perigo quando se depara com os domadores malvados, sendo capturado depois. É nítido que falta substância a nível de O Rei Leão, porém o contexto histórico introduz os elementos adequados para desenvolver esse contato de Spirit com esse outro mundo no qual sua liberdade é cerceada por soldados americanos empenhados na conquista do território. Essa aventura não é só de infortúnios para Spirit, algumas compensações ideais para seu crescimento também surgem para lhe dar alguma esperança de paz, seja ao lado de um humano (indígena) nada ameaçador ou de um par (a égua Chuva) com quem possa dividir seu capim num estágio avançado de relacionamento. Little Creek é um índio capturado pelos soldados e que à primeira vista se encanta por Spirit, uma amizade que inicia cômica e corajosa para terminar numa despedida bem triste pois obviamente que Spirit não escolheria viver com humanos em detrimento da sua natureza de correr livre e sem amarras (como bem enfatiza o refrão da principal música - e eu fiquei ansioso esperando tocar, sem dúvida a melhor, na verdade todas são ótimas).

Redenção de antagonista foi uma coisa que surpreendeu. O severo Coronel da tropa de soldados finalmente passa a entender que Spirit é irremediavelmente insubmisso ao término do empolgante clímax de perseguição. A ação é admirável tanto quanto o visual de um 2D bem mesclado com partes do cenário no que parece um 3D inacabado mas que forma um casamento técnico de encher os olhos. O corcel corresponde ao seu nome antes, durante e após recebe-lo.

Considerações finais:

Mais do que uma mera lembrança vinculada a uma sessão de filmes na TV aberta, Spirit: O Corcel Indomável é um célebre desfile musical e visual indispensável de fazer rir e chorar (por dentro ou por fora), sem que a história simples demais interfira negativamente nisso, ajudando a não fazer parecer um longo videoclipe de animação bonitinha.

PS: O medo de assistir novamente um desenho animado nostálgico e não gostar exatamente como antes não se compara com o de encarar releituras duvidosas como esta daqui:


CGI de Barbie, parceria com a Netflix e Spirit contrariando seu princípio de liberdade?! Não dá.

NOTA: 8,5 - BOM

Veria de novo? Sim. 

*As imagens acima são propriedades de seus respectivos autores e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagens retiradas de: https://studiosol-a.akamaihd.net/uploadfile/letras/fotos/d/8/a/a/d8aaf83fecd303507afc9aaef72aa69d.jpg
                                     http://anmtv.xpg.uol.com.br/wp-content/uploads/spirit-netflix.jpg

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