Crítica - Fora de Série
Besteirol adolescente com unidimensionalidade cômica.
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
É aquele caso bem trivial: Pegar um filme pra assistir descompromissadamente porque muitos estão se rasgando de elogios, mas com a intenção de saber se é isso tudo de fato que andam falando. Ao término deste longa dirigido por Olivia Wilde plantou-se uma dúvida cruel a respeito das avaliações que a produção recebeu (chegando a 97% de aprovação no Rotten Tomatoes e levando nota 7.5 no IMDB). Tem determinadas superestimações no cinema que jamais serão assimiladas pela minha compreensão. De qualquer forma, cada no seu quadradinho, fazendo seu julgamento particular e estou aqui, naturalmente, para expressar o meu. Resumidamente o enredo transcorre as desventuras de duas amigas, Amy e Molly (Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein), que acabaram de finalizar o ensino médio e, tomadas pela empolgação junto à tensão causadas pelo aguardado dia da formatura, se veem insatisfeitas com o tempo que estudaram tanto para se divertirem tão pouco, logo elas concordam em aproveitar tudo que não viveram em quatro anos em apenas uma noite na véspera do dia D.
Um dos escassos pontos louváveis é nitidamente a química espontânea da dupla protagonista que embarca nessa jornada motivada por uma meta teoricamente irrealizável e nascida de um desejo comum de curtir a vida após bastante esforço dedicado às aulas. O filme é despido de estereótipos clichês dos colegiais e tanto Molly quanto Amy não apresentam facetas convencionais que as caracterizem como nerds prodigiosas que dificilmente se enturmam com muitos grupos, sendo apresentadas como alunas de certa popularidade, mas ainda sim de presenças com baixa aceitação. O que prejudica a imersão é tentar permanecer confortável diante de situações esdrúxulas dotadas de piadas insossas e monotemáticas. Em outras palavras, é complicado não revirar os olhos a cada piadinha com sexo, masturbação ou punheta que é soltada em intervalos curtíssimos (não tem uma piada que não seja relacionada à partes íntimas de um ser humano x_x), denunciando o paupérrimo recurso humorístico que o longa tenta (SÓ tenta) utilizar como frente para manter o interesse do espectador - do tipo que não tenha mais que 18 anos e já tenha poluído sua mente o bastante pra sacar as indecências =P) - que se não exigir algo acima de um passatempo esquecível é capaz de dar umas altas gargalhadas com os diálogos de gosto duvidoso.
Pra esclarecer, eu não quero bancar aqui o casto, o puro e ilibado que parece ter se ofendido com o excesso de conotação sexual (os palavrões fazem parte, mas nada demais). O problema foi terem usado esse tom na esperança de que as coisas ficassem mais cool, quando na verdade só tornaram patéticas. Portanto, a via politicamente incorreta foi mal orquestrada (e pra falar a verdade eu não sei como enredo politicamente incorreto sobrevive com referências progressistas à feminismo, ideologia de gênero e um monte de baboseiras advindas da lacrosfera). Amy e Molly demonstram sintonia no objetivo principal, lidando com percalços que vão desde encontrar o diretor Brown como motorista de Uber à decepção amorosa com o crush (nesse caso está Amy que tinha uma queda por uma garota chamada Ryan que aparentava ter a mesma orientação sexual que sua admiradora). Só que o roteiro peca justamente na construção comédica que apela para as piadinhas ineficientes numa forçação de barra que aumenta o número de vezes que se confere quanto tempo resta para acabar. Sendo bem franco, não dou play em filme de comédia, especialmente teen, esperando levar para a vida uma mensagem profunda e sim para rir, me divertir e esquecer dos problemas. Uma pena que o estímulo para gerar a reação completa tenha falhado.
Considerações finais:
Conseguindo executar momentos engraçadinhos aqui e ali, Fora de Série, porém, é tudo, menos, literalmente, o que diz seu título. O constrangimento e a vergonha alheia são as sensações dominantes por boa parte do longa que poderia trabalhar seus conceitos relacionados a amadurecimento posterior à uma fase da vida de modo que não expusesse ao ridículo.
PS1: Por compensação, a cena das "bonecas" garantiu umas risadinhas voluntárias.
PS2: Na pegação entre Amy e Hope, na casa onde ocorria a festa de formatura que a dupla quis participar desde o início, eu tinha chegado ao ponto de nem me importar mais e pensei: "OK, vira pornô lésbico nessa bagaça, não tô nem aí".
PS3: Humor disfuncional é o que define o longa numa totalidade. Ou humor embriagado, quando exagera na dose da sua pinga favorita e tropeça mais que caminha direito. Bebe, cai, levanta, cai de novo e assim sucessivamente.
PS4: Com tantas comparações, tá decidido! Vou conferir esse Superbad em breve. Se eu achar que vale uma nota 10 querendo dar mil, serei uma aberração orgulhosa e recompensada.
NOTA: 3,0 - RUIM
Veria de novo? Não.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://cinestera.com.br/fora-de-serie-imagem-filmes-traz-booksmart-estrelado-por-kaitlyn-dever-e-beanie-feldstein/
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