Crítica - Irmão Urso 2
Um grande dilema na vida de um homem: Amigos ou namorada?
AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.
Mais uma dessas sequências que saem pelo DisneyToons Studios sem ninguém clamar para que sejam realizadas e que são despachadas direto para o vídeo doméstico, a segunda aventura da dupla Kenai e Koda felizmente não adota um tom episódico - coisa de praxe nas continuações dos clássicos - muito embora não traga complementos significativos ao filme original que permanece com sua gloriosidade intacta. Geralmente não se espera tanto dos segundos filmes em relação aos seus primeiros, mas, verdade seja dita, é comum os resultados não serem tão aquém assim, isso porque estamos falando do nascedouro do célebre Mickey Mouse e as chances de sair algo desastroso nesse seguimento acabam sendo mínimas (o que não significa que não existem lá as tropeçadas que fazem parte de qualquer processo criativo
A história escanteia o misticismo dos totens (reduzindo um pouco mais a escala sobrenatural) para dar lugar à um enredo que centraliza mais as relações dos personagens principais e não a ação como motor para uma conquista cheia de obstáculos que deve conduzir o protagonista a uma evolução. Em específico, as de Kenai e Koda e Kenai e sua amiga de infância, a aldeã Nita, para a qual deu um amuleto em pleno equinócio dentro de uma caverna nas cataratas Hokani, localização que é chave para o deslinde final da trama. A vida os distanciou e Nita, já adulta, tem casamento preparado com Atka, um caçador, mas os Espíritos (eles de novo metendo o bedelho pra decidirem os rumos das bagaças) estragam a cerimônia, simbolicamente fazendo rachar a terra para separa-los indicando que desaprovavam aquela união, o que tinha tudo a ver com o amuleto dado por Kenai, considerado pelos Espíritos o par perfeito de Nita. Com as orientações da velhinha xamã (e uma ajudinha mágica pra poder interagir com os ursos), Nita parte na busca pelo amigo a fim de queimar o amuleto na véspera do equinócio e desfazer a união para que seu casório com um troglodita - que entra mudo, sai calado e quase mata o coitado do Kenai - finalmente aconteça. Não transparecendo um esforço sem fôlego de ocasionar acontecimentos, o filme desenrola-se seguramente criando situações aventureiras para o trio Kenai, Koda e Nita, como a cena de reencontro que obviamente não teria de ser de outra forma (referência ao filme original captada com sucesso) e a perda da bolsa com o amuleto trazida por Nita que culminou no divertido confronto com o exército de guaxinins (o gritinho do filhote hahaha) armados com suas pinhas e com seu líder ladrão (se o proprietário viu o meliante aprontando, então achado é roubado sim - e engraçado que a Nita ficou parada repreendendo o líder dos guaxinins pegando o amuleto e não foi logo atrás do bicho x_x).
Nita é facilmente apegável e suas interações tanto com Kenai quanto com Koda a favorecem bastante e tive um certo medinho dela ser uma personagem bem pé no saco. Engano feliz. E o Koda me sensibilizou mais do que no primeiro filme, sem dúvida alguma. Tendo que lidar com um ciúme repentino pela amizade (quase namorico) entre Kenai e Nita, o ursinho, como a criança sincera que é e não escondendo seus sentimentos fraternais, se vê diante de uma possibilidade assustadora: Kenai voltando a ser humano e consequentemente abandonando-o para viver um futuro com Nita logo após chegarem às cataratas Hokani. Afinal, Kenai mostrou-se aberto à ideia que lá no seu âmago ele concordava e o Koda tinha que flagra-lo confessando. As instabilidades relacionais que tornam interessante de acompanhar essa jornada um é pouco, dois é bom e três já é demais e o terceiro inevitavelmente acaba saindo no prejuízo. E no findar do trajeto, contudo, o prejuízo recaiu sobre Nita que havia estabelecido um vínculo com Koda e revitalizado o seu com Kenai devido ao esgotamento do encanto de Innoko que tornava possível a comunicação com os ursos (numa cena tocante de despedida). Acabar desse jeito seria insuficiente, portanto é gratificante o roteiro fazer Koda repensar e construir uma ponte quando parecia impossível pular para o outro lado. O clímax tem uma tonalidade que empolga pouco antes do seu início definitivo, naquela ação meio tensa com os caçadores estremecidos com a invasão de Kenai no casamento de Nita e Atka, pondo em risco a vida do urso com coração de homem. O desfecho de Nita era previsível mesmo, virando ursa e sem tomar bronca de ente querido por respeitar sua escolha, o que me lembra... ah sim, Kenai e Denahi no final do 1º longa - a propósito, onde estava o irmão do Kenai?
Considerações finais:
Irmão Urso 2 supera um pouco as expectativas no mais reduzido nível de empolgação pra assistir. Ainda que não seja à altura do original, executa sua trama sem derrapar em muitas partes.
PS1: Meu favoritismo de trilha sonora vai para... "De Volta Eu Vou".
PS2: Deram uma subtrama romântica bem boba para Rutt e Tuke, os dois alces amigos de Kenai (ainda não engraçados o bastante), e que encheu linguiça no primeiro ato. Mas criou bom paralelo com Koda e Rutt na questão do ciúme.
PS3: Koda já era meu predileto desde sua primeira aparição, após sua decisão nobre de priorizar a felicidade do amigo-irmão fazendo um desejo aos Espíritos de transforma-lo novamente em homem apenas ganhou mais do meu respeito.
PS4: Do elenco de dublagem brasileiro, destacam-se Guilherme Briggs como a voz do alce Rutt, Iara Riça como Nita, Petterson Adriano como Kenai e, por último e não menos importante, Nádia "Edna Moda" Carvalho como Innoko.
NOTA: 8,0 - BOM
Veria de novo? Sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: https://queridojeito.com/frases-e-citacoes-do-filme-irmao-urso-2
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