Nem tudo é o que parece #30


Meu irmão e eu seguíamos viagem até uma cidadezinha pacata, onde meus avós moravam, estávamos indo fazer uma simples visita.

Como ele era 7 mais novo que eu, prometi adverti-lo caso ele colocasse a cabeça para fora da janela do ônibus. Briguei inúmeras vezes com o pirralho, mas não adiantava, o pestinha era teimoso.

Me senti cansado demais, então decidi tirar uma soneca para não ter que ser consumido pelo tédio.

Após o que pensei terem sido várias e várias horas de sono... fui acordando aos poucos, e senti algo estranho no meu braço esquerdo... algo líquido. Depois senti uma mão me tocar desesperadamente.

Abri totalmente meus olhos e me virei para meu irmão...

Me afastei subitamente, horrorizado! Comecei a chorar! Por que aquela peste não me escutou, merda?

A última coisa que vi antes do desmaio foi meu irmão decapitado se contorcendo no assento! 

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Eu era a babá de um garoto de 8 anos chamado Andrew. Ele simplesmente adorava me contar as histórias que nasciam naquela mente fértil e criativa dele. Ele arriscou me contar uma, mas parecia relutante. Disse ser "baseado em fatos reais". Bem, nossa amizade permitiu que assistíssemos a filmes de suspense que tinham algum embasamento real. A partir dessas experiências as histórias dele foram ficando... como posso dizer? Pesadas? Não sei...

O que sei - e surpreendentemente me encontro em condições para conta-lo - é que me sinto culpada pelo que ocorreu. Naquela noite, Andrew me contou sobre uma garota, bastante parecida comigo, que, por razões desconhecidas, morava no vaso sanitário. Eu perguntei como isso era possível. Ele respondeu que já a viu saindo de lá, sujando todo o banheiro com fezes e urina.

Aquela foi a primeira vez que ele tinha se irritado comigo. Eu disse que não acreditava, mas ele continuava afirmando que era real. Disse que a tal garota sempre surgia de madrugada e andava pela casa, e que ela teria sido o motivo pelo qual os pais dele me contrataram como babá e empregada doméstica, pois a casa sempre aparecia suja e podre no início do dia.

Nos assustamos com um forte barulho vindo do banheiro. Olhei no relógio e já passava da meia-noite. Andrew gritou: "Ela chegou!". Ele correu em disparada pelo corredor e segui ele. A casa não estava bem iluminada, apenas a lua fazia esse serviço, o que me deixou mais apavorada.

Antes do pânico tomar conta da minha mente e me deixar completamente louca, só me lembro de ter saído correndo da casa aos gritos e de ter visto Andrew chorando ao ser arrastado no chão até o corredor que levava ao banheiro. 

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Quando eu tinha 10 anos, meus pais me levaram para apreciar uma apresentação de um grupo da escola que possuía exclusividade para criar peças teatrais ao público. Eu era da mesma turma mas decidi não participar. Nunca havia ido ao teatro, então tudo era muito novo pra mim naquela época.

Terminado o espetáculo, pude ter a chance de conhecer a aluna nova que fazia o papel principal na peça. Conversamos bastante sobre a história, os personagens, até sobre o criador da peça, o qual ela dizia odiar, mas que fazia aquilo para agradar seus pais. Achei estranho o fato de ela e os outros terem se "hospedado" no teatro por 5 dias para se preparar.

Foi então que notei algo diferente nela... além disso, suas feições pareciam forçadas, um pouco fria e o jeito meio desengonçado de andar.

- Por que você me parece tão feliz? - ela perguntou.

A olhei de baixo para cima, até meus olhos chegarem ao teto... e me senti meio assustado.

- E por que você tem cordões nos braços, nas pernas e na cabeça? 

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Eu o aconselhei a não mexer nas minhas runas ocultas que, quando usadas corretamente, concedem um desejo. Ele desejava tornar-se famoso...

E tornou-se. Seu nome estava na primeira página do jornal de hoje com a notícia:

  "Jovem é encontrado morto em sua casa; suspeitas apontam para suicídio".

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Tive de ir marcar uma consulta urgente com um psicólogo, pois eu queria estar certa de que eu não estava ficando insana ou paranoica. Perguntei à ele se era normal um cão apaixonar-se por seu dono.

Ele afirmou que isto não passa de uma ideia absurda. É perfeitamente plausível que cães ou qualquer outro animal doméstico é incapaz de se sentir atraído por seus donos, certo? No mínimo um sentimento puro de amizade. Juro que tentei acreditar nisso... mas ficou impossível, os fatos que eu omiti comprovam que passava longe do aceitável...

Sim, não contei tudo para o doutor. Não contei sobre a tentativa de sexo dele comigo na minha cama à noite...

Pareceria bem mais absurdo e ilógico se eu revelasse a frase que não sai da minha cabeça faz dias.

Senti o focinho gelado na minha nuca...

...e ele me dizendo aos sussurros: "Eu te amo."

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Sob a recomendação de meu psicólogo, viajei a uma cidade distante, ao norte do estado. Havia dito que me incomodava trabalhar com várias pessoas numa mesma sala, todos tagarelando coisas fúteis e estúpidas. Não é a toa que praticamente passo despercebido por lá, além de que não tenho amigos. o doutor classificou essa minha rejeição como um forte indício de misantropia. Após uma rápida pesquisa, compreendi exatamente o que havia de errado comigo.

Me foi fornecido um endereço do prédio onde eu exerceria meu novo ofício. No entanto, quando cheguei lá me deparei com um cidade deserta - apenas carros estacionados pelos cantos e edifícios. Existia apenas um prédio que me chamou a atenção, o mais alto dentre todos dali.

No papelzinho que o doutor me deu também havia o número do andar em que eu deveria ir. No elevador, chequei o mapa do estado e algo me intrigou. Não encontrei o nome daquela cidade. Todos os caminhos, as estradas que peguei estavam lá, menos a tal cidade. Finalmente cheguei ao vigésimo andar.

Por um momento, pensei estar no meio de um sonho... ou pesadelo, sei lá. Meus pelos se arrepiaram quando abri a porta da sala onde eu consumiria horas da minha vida na frente de computadores. Aquilo explicou porque os números das ruas eram iguais, o porque dos carros serem de mesmo modelo, marca e cor. Todos eles me cumprimentaram ao mesmo tempo com acenos.

Pedi um lugar tranquilo para se viver, longe de pessoas irritantes...

Não sei se vou conseguir conviver com tantas réplicas de mim mesmo! 


O FIM? 

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