Uma reflexão sobre Supernatural

Foto: Reprodução.
Um dia me peguei pensando: "E se Supernatural tivesse já terminado canonicamente?". Especificamente a dúvida está atrelada ao questionamento sobre a quinta temporada ter sido o ciclo derradeiro das aventuras e desventuras dos irmãos Winchester. Peguemos como a coisa funciona no universo dos animes e mangás. O criador da obra original esboça a trama e os personagens até o ponto de fazê-los ganharem contornos melhor definidos e preparados para serem apresentados definitivamente, isto servindo para o modelo tido como original para se contar tal história (no caso, o mangá). Daí, com o sucesso das histórias em quadrinhos, vem uma produtora de animação que resolve criar uma versão animada da historia para a TV (o anime, no caso) a fim de melhor divulgação do material. Há uma suscetibilidade de ambas as mídias naturalmente divergirem em aspectos estéticos e narrativos. É aí que entram os famigerados fillers, episódios e/ou cenas que não possuem ligações com o material original (mangá), portanto inexistentes no mesmo. Filler, literalmente, significa, "enchimento". Sempre utilizados, nesse universo de ficção oriental, para fazer com que a obra adaptada e televisiva mantenha-se afastada do material original, evitando hiatos longos, podendo tanto acrescentar algo proveitoso a história quanto introduzir equívocos terríveis.

Mas que semelhança pode-se colocar a respeito de uma série televisiva live-action ocidental? Bem, creio ser de conhecimento geral do fandom que Eric Kripke desejava finalizar sua obra no quinto ano. Certo? Pois bem... Acontece que pela lógica apresentada no parágrafo acima Supernatural pode sim ter tido seu cânone encerrado, pois Kripke pulou fora do barco antes do início da sexta temporada e não quis compactuar da insistência dos produtores em querer seguir com o projeto por mais temporadas, esticando uma trama que já dava indícios de um encerramento digno de nota. Então é lógico pensar que a série original terminou ali levando em conta o que foi dito acima. O que se seguiu depois do desfecho planejado pelo criador, embora oficial, pode-se considerar uma persistência com uma certa visibilidade no lucro, a rentabilidade proporcionada pelo amor de uma legião de fãs conquistada ao longo dos cinco anos concretizados. Não estou dizendo que por ser caça-níquel, a galinha dos ovos de ouro da CW, a série ficou num marasmo criativo preponderante ou que por ser dessa forma ela deve ser mal vista por conta do interesse lucrativo (ele existe em qualquer mídia, afinal de contas). Houveram oscilações na qualidade nesta linha do tempo considerada "filler", mas os prós extraídos dela foram satisfatórios - como bem aprofundo nas reviews do ano passado.

Acho equivocada essa "demonização" do termo filler, como se um arco, por si só, já anunciado assim automaticamente ele terá uma história chata, exaustiva e inútil. Nem sempre é deste jeito. Sendo mais direto: Honestamente, penso que é correto atribuir o modelo cânon-filler, tão popularizado no meio otaku através das ficções japonesas, ao conjunto da obra "kripkeana". Então é justo afirmar que a série que estamos acompanhando atualmente é não-canônica? Aí vai do ponto de vista de cada um. Por mim, continuo acompanhado o desenrolar dos fatos, pois não é por não ser parte do cânone que vou deixar de ver uma trama que pode ter viradas surpreendentes (é, eu ainda tenho esperanças). Daí você me refuta: "Ah, mas o Kripke serviu de consultor da sexta temporada em diante. Então é válido afirmar que é meio-filler, certo?" De minha perspectiva (creio que muitos a possuem também), uma obra canônica é aquela que possui total participação de seu criador original em todo e qualquer aspecto. As eras Gamble, Carver e a atual era Singer/Dabb são oficiais. Existe uma diferença bem evidente entre cânon e oficial. Episódios fillers de um anime são produtos oficiais.

Já são 12 temporadas, Uma caminhada longa para uma produção que tinha seu encerramento ideal em mãos na "metade" da estrada. Entendo perfeitamente que é um ponto espinhoso em relação à série falar sobre o final verdadeiro. Mas foi um pensamento interessante que tive e até relutei um pouco em compartilhar com os leitores, porque me vejo meio indeciso. A saída seria fingir que há duas estradas? A primeira acaba no final idealizado por Kripke na longínqua quinta temporada. Já a segunda segue em frente após o "final" com alguns pontos esburacados e outros confortáveis.

Ou é encarar e tomar o modelo como verdade? De que tudo se findou na "canção do cisne" e o que veio a seguir não passa de pura "ficção de fã". Balthazar, Eve, Alfas, Purgatório, Leviatãs, tábuas decifráveis, Abaddon, Homens de Letras, marca de Caim, Escuridão... Apenas "fã-services" de uma linha do tempo que nunca passou pela cabeça do criador e não deve ser levada em consideração? Reciclagens?

Enfim, é uma difícil decisão assumir a ideia mais correta. Se é que há porque decidir, quando só basta acompanhar o que anda rolando na tela, mesmo sem muita empolgação, porque o interesse permanece. Continuo vendo por um sentimento de nostalgia do que a série foi um dia, do que ela já proporcionou em sua era canônica.

Vai da perspectiva de cada fã definir o que é a Supernatural de hoje e se essa estrada ainda segue... ou se já viu o seu fim.



Reviews da 1ª à 5ª Temporadas:

http://universoleituracontoscreepys.blogspot.com.br/2016/08/critica-supernatural-temporadas-1-5.html

Reviews da 6ª à 10ª Temporadas:

http://universoleituracontoscreepys.blogspot.com.br/2016/08/critica-supernatural-temporadas-6-10.html




*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos ou intenções relativas a ferir direitos autorais. 

*Fonte da imagem: http://www.ranker.com/list/all-supernatural-characters/reference


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