Crítica - Danganronpa 3: The End of Kibougamine Gakuen (Zetsubou-hen)


Yin e Yang enfim se completam, o quebra-cabeça também e tudo faz sentido.

AVISO: A crítica abaixo contém (alguns) SPOILERS. 

Para quem não manja muito de japonês (como se eu fosse um expert no idioma rs), o título final deste arco da terceira temporada chama-se Desespero enquanto o resenhado no mês passado foi o da Esperança (tudo bem que o nome Mirai refere-se a futuro, não está errado nomeá-lo assim, mas denominação eu acho mais correta, mais pertinente). Toda essa dualidade é trabalhada rigidamente em ambos e,de forma precisa, lapida isso até que torne-se o mote principal em todo o conjunto bastante bem aproveitado. Eu não avaliei positivamente esse anime á toa, que fique bem sabido. Culpa do mistério conquistador e do suspense envolvente e que neste prelúdio se veem numa crescente que não proporciona uma ideia exata de o quão longe aquilo tudo pode ir mesmo sabendo do básico oferecido pelos outros dois animes (e o resumo do segundo jogo, pra quem acompanhou pela série animada e se sentiu tapado por não entender patavinas quando chegou no 3).

Bem, sendo honesto - considere também uma sugestão -, a experiência não foi comprometida por não seguir o recomendável que é assistir aos dois arcos intercalando episódios (exemplo: ep. 01 da Esperança, ep. 01 do Desespero, ep. 02 da Esperança e por aí vai, segue o bonde) e, como dito na review anterior, conferi primeiro o arco Mirai-hen (Esperança) e logo em seguida este (possuindo um episódio a menos), mas por pura desinformação, tinha pessoal nos comentários ajudando quem boiou, só que parti do princípio de que ler opiniões antes de assistir significa levar um spoiler brabo (fui bem cuidadoso).

Esta é uma história de aprofundamento e, além disso, o marco zero que justifica a balbúrdia superexposta em Mirai-hen. Como sua frase-chave bem indica: Esta é uma história de Esperança que acaba em Desespero. O oposto apresentando ao final da saga "paralela" (ou pelo menos o que deu a entender). A abertura é um dos pontos exemplificantes dessa oposição. A música tem uma batida calma e a montagem visual dela é fofinha (com alguns simbolismos óbvios, como Enoshima Junko soprando os alunos da 77º classe do colégio Topo da Esperança miniaturizados como bonequinhos manipuláveis, representando o declínio predestinado de todos eles sob as garras da ardilosa vilã) enquanto que a do arco da Esperança é um j-rock frenético e possui imagens que denotam e enaltecem a atmosfera sombria - que aqui inicialmente não existe, ela é gradual, nos três primeiros episódios se mostra inexistente, dando lugar a um clima meio slice of life com ares cômicos dando a parecer outro anime, e apenas no episódio 04 que as coisas mergulham num ar relativamente mais sério com exploração de personagens que vi primeiro em Mirai-hen, como Ruruka, Seiko e Izayoi (é revoltante como a Ruruka abusa da boa vontade de Seiko e fazendo uma teatrinho mais falso que nota de 3 reais, sinceramente que porra de amiga hein).

Progressivamente, a turma 77 do Topo da Esperança perde um pouco de tempo em tela quando o enredo passa a introduzir aquela que dá ignição à verdadeira trama, a bagaça que ferra com tudo (na narrativa, não na construção). Ela mesmo, a ilustríssima Enoshima Junko. Apesar da diminuição, todos são como um feixe de vários galhos, fortes e inquebráveis, realmente unidos (com umas picuinhas aqui e acolá) e isso, logo no começo, ajuda no desenvolver do apego de uma forma geral, embora eu tenha meus favoritos (a doce Chiaki Nanami, o obscuro Tanaka e aquele cozinheiro baixinho cujo nome não peguei - típico de mim esquecer ou não perceber detalhes, não é o primeiro anime.

Inclusive, sobre a Nanami, gostaria de parabenizar o roteiro pela coragem, a audácia, a crueldade, a filhadaputagem... em matar esta menina inocente, viciada em games e que desejava apenas o bem dos seus colegas, uma pessoa muito quista entre eles e consequentemente pelos espectadores. Não sei porque me abalei, sendo que a morte dela é mencionada no resumo do segundo jogo (quem assistir o final deste arco sem ter lido o resumo vai boiar legal e, talvez, pior ainda, alimentar falsas esperanças se a morte brutal da Nanami no joguinho psicopata da Junko tiver feito seu coração sangrar). É uma questão de empatia, simples e puramente assim. Isso foi reforçado da maneira ampla e profunda quando Hinata - já transformado em Kamukura Izuru, o "autor" do Maior, mais terrível de todos os incidentes mais terríveis da história da humanidade de todos os tempos -, que selou com ela uma relação amistosa quando era estudante do Curso Reserva (onde ficam os sem-talentos), a vê morrer diante de seus olhos e ainda se emociona num lapso memorial sobre aquela amizade (maldita Junko).

Kamukura Izuru é a identidade criada para Hajime Hinata, o ex-estudante do Curso Reserva do Topo da Esperança, após um experimento bem-intencionado porém mal-sucedido (de certa forma, pois a Junko crava suas garrinhas no rapaz e o conduz para a perdição, o desespero e aos seus intentos malignos, desvirtuando aquele que seria a esperança do mundo), e que posteriormente auxilia Enoshima Junko e sua irmã, Ikusaba Mukuro, no assassinato em massa ocorrido no Conselho Estudantil, logo autuado como único responsável e mentor. Pois é, hora de falar dela que é digna em figurar um ranking de maiores antagonistas da história dos animes. A vilania e a psicopatia de Enoshima Junko abordadas de modo que ela roube a cena não importando quantas vezes surja.

"Quem é a rainha diva dessa série? Quem é? Quem é?"
A arquitetação do plano é inteligente, a personagem tem camadas que vão do sarcasmo ao antagonismo sério exibindo facetas que mascaram a podridão daquela alma que apenas anseia por caos, morte e, obviamente, desespero. Não é necessário julga-la pela aparente falta de uma motivação convincente/plausível. Concentre a atenção no desenvolvimento dela que essa crítica passa a não ter cabimento algum, porque é isso que faz toda a diferença. Junko diverte nas suas falas (melhores diálogos), apesar delas ficarem muito expositivas na segunda metade, ao mesmo tempo em que revolta com suas atitudes características de uma personalidade maníaca que pratica o mal sem nada a temer em vista do próprio talento que permite o êxito de todo e qualquer plano que ela trace, além de promover impressão dela ser o próprio diabo encarnado para tanta maldade dar certo. É alguém que consegue tudo o que quer, sem deixar ponto sem nó.

Destaque para a relação de Junko com sua irmã que não passa de um capacho com Síndrome de Estocolmo. A diabinha não liga se é família, se pisar na bola você morre como um gato pingado que é manipulado, alienado e tudo mais que ferre com sua mente. Tudo bem, o Mitarai não era bem gato pingado, apesar de ser visto e tratado como um (poxa, como ele sofreu), afinal seu talento como animador é considerável como mérito, definitivamente é um personagem desesperado por disseminar esperança provando sua importância ao mundo por meio do seu anime (deve ser o melhor anime do universo pra amolecer o gélido coração de Junko), muito interessante como esse dualidade se faz tão conflitante dentro de um personagem tido como desprovido de valor e que acaba por se sair melhor no seguimento psicológico. Por azar, seu trabalho é roubado e usado por Junko nos seus propósitos desesperantes para jogar o mundo num abismo de desespero. Incrível como essa moleca apodrece tudo que toca, deixa um rastro de destruição por onde quer que passe. Talvez demônios existam em Danganronpa - humanos por fora, mas monstros por dentro - e Enoshima Junko é o Satã.

Toda a simpatia criada pelos personagens da turma 77 (dentre eles Nagito Komaeda, um rapaz tão azarado, mas tão azarado que se riscar um fósforo é ele quem pega fogo) foi destruída pela lavagem cerebral de Enoshima Junko. Mas se tiver que escolher num comparativo: Prefiro essa classe desesperadora do que os esperançosos da 78 (onde salvam-se Kirigiri, Naegi, Asahina e Togami, isto numa ordem).

Considerações finais: 

Danganronpa 3: The End of Kibougamine Gakuen - Zetsubou-hen pode ter um ritmo meio lento no início, mas a recompensa vem quando os principais e aguardados desdobramentos, configurando o núcleo da história, ocorrem com satisfatoriedade garantida. O resultado é um prelúdio efetivo que pode funcionar até como desfecho também (caso alguém siga como eu acompanhei os eventos). A esperança foi compensada e sobrou aquele desesperozinho por uma nova temporada com novos personagens e uma história tão inspirada quanto esta.

PS1: Sakakura tem jeitão badass, personalidade babaca e cheio de marra, mas é dotado de sentimentos. Sentimentos estes que eu já desconfiava serem direcionados ao Munakata. Esse rapaz nunca me enganou, suspeitava desde o princípio. Dói bem mais se acovardar a uma chantagem que ameace a revelação desse segredo à conhecimento geral do que jamais confessa-lo pessoalmente.

PS2: O super estudante nível impostor que se passa por Mitarai na escola é o mesmo a se passar pelo Togami em Danganronpa 2. Bem que tinha notado uma semelhança...

PS3: Num dia ruim não falo mais que sou muito azarado, vou dizer "Hoje eu tô muito Komaeda".

PS4: Junko esboça um sorriso maníaco igualzinho ao do Koro-sensei hahah.

PS5: Antes de reclamar da Topo da Esperança pelo massacre do Conselho, a galera tinha que se conscientizar que o iogurte que eles tomam modifica as hemácias convertendo-as em... mais iogurte.

PS6: Ia me esquecendo da pobre Yukizome Chisa. A melhor professora não merecia aquele fim (neste arco, pois o pior veio no futuro...).

NOTA: 9,0 - ÓTIMO

Veria de novo? Com certeza. 

*As imagens acima pertencem ao seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagens retiradas de: https://br.pinterest.com/pin/856035841643205513/
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