Crítica - Power Rangers

Saban Brands/Lionsgate
Como seria Power Rangers sendo levado um pouquinho a sério.

AVISO:  A crítica abaixo contém SPOILERS. 


Se com a adaptação live-action de Death Note pela Netflix era difícil resistir à comparações com o material original, que dirá com uma franquia tokusatsu que atravessou gerações em várias temporadas produzidas ano à ano e que ganhou uma releitura cinematográfica. Power Rangers é, em síntese, puro entretenimento que não oferece nada a ser absorvido como reflexivo ou complexo e que mira na criançada vendo a oportunidade de gerar lucro na comercialização de brinquedos. Além do mais, é uma americanização de um sentai japonês cujo gênero é dificílimo de se adaptar para cinematografia sem se desprender da galhofa que faz a atração. Isto não é crítica contra o seriado, afinal os rangers são raiz da minha infância como personagens icônicos. É um desafio espinhoso.

O que compreendi da proposta do longa: Trazer os personagens clássicos de Mighty Morphin à uma abordagem madura o bastante para jovens em descobrimento próprio. Mas para nesse ponto hein. Para bem aí porque do sci-fi característico da série foram doses homeopáticas. Em outras palavras, mais conflitos internos e menos mitologia. O filme de Dean Israelite promove um olhar mais atento às vidas particulares de cada um dos rangers impelindo crescimento pessoal concomitante à preparação do destino heroico ao qual eles estão reservados.

O que a série ignora por conveniência, o longa dá um forçaçãozinha de barra para impulsionar. Nesse ponto me refiro aos poderes ganhos pelo quinteto. Tudo isso justificando a importância deles, mais como uma obrigação mesmo. Que eu me lembre a equipe não adquire habilidades especiais na série. Mas veja só: O filme vem com a "audácia" de desenvolver as artes marciais dos jovens em treinamentos diários, enquanto na série tornam-se os guerreiros e logo na batalha sabem lutar como experts (o que em Mighty Morphin tal ressalva se aplica a Billy, o nerd, e Zack - que era dançarino). Pois é, o filme clareia elementos injustificados na outra mídia.

Não vou dizer que senti falta dos elementos marcantes da série nas sequências de ação. Honestamente, o conjunto não evoca aquela nostalgia pesada, dando apenas uma sensação que te faz dar de ombros e falar "Ah, é só um filme inspirado em Power Rangers, nada demais". Você tem Jason, Kimberly, Trini, Billy e Zack, todo o cerne da história praticamente mantido, mas me pareceu que houve uma certa relutância do enredo em investir fortemente no que tornava a obra um passatempo divertido. Afinal, é isso que Power Rangers deixa explícito: um passatempo mastigadinho descompromissado com vieses que demonstrem profundidade.

Em profundidade, o filme realmente descasca o abacaxi. No entanto, em relação aos personagens enquanto humanos com vidas normais e diferentes. A trama a ser resolvida na ação... bem, o prólogo deu essa falsa esperança pois é imerso num filtro sombrio (e toda a boa construção dele é esmagada pelo abrupto corte numa cena com Jason fazendo coisa errada usando uma vaca...) e o que se esperava no clímax para um bom aproveitamento ficou relegado à ação que não empolga.

Por outro lado, a atenção especial dada à Billy foi bem servida e ajudou a entusiasmar com o membro alívio cômico do time. Não é o alívio cômico que provoca risadas de doer a barriga, é do tipo que diverte porque soa natural e justa é a cadeia de eventos trata-lo como propulsor de todo o enredo. Os escolhidos o são graças à Billy, o ranger azul que rouba a cena e é peça de uma quebra de tabu: um ranger morto pelo vilão. Neste ápice dramático é perceptível a naturalidade com que os personagens encaram a morte do amigo. Eu achava que ele ia despertar após ser resgatado do mar e na hora da confirmação feita por Kimberly não acreditei. Ao menos nisso, a surpresa me pegou.

Zordon foi um Ranger Vermelho no passado!
Saban Brands/Lionsgate
Dos (poucos) destaques positivos, tiro a Rita Repulsa de Elizabeth Banks como a maior satisfação, ela conduz a personagem com esforço e executa trejeitos e expressões ora próprios ora relativamente similares à encarnação da série de TV por Machiko Soga. Inicialmente, ela parece uma múmia com ares de entidade sobrenatural e não digeri muito bem o fato dela ter sido uma ranger, ainda mais verde (traiu a Zordon obcecada em conquistar o cristal Zeo). O Zordon de Bryan Cranston fica ali no meio-termo, ele teve uma interação um tanto incisiva com os rangers, sobretudo com Jason a respeito do papel deles ao mundo e à humanidade (leia-se: Alameda dos Anjos) e na estética se sai bem remetendo a uma espécie de Inteligência Artificial. Dos (muitos) destaques negativos, podemos pegar Alpha 5, o Goldar 1254568745 quilates (está mais pra queijo derretido) e o Megazord que apesar de mal organizado (sério, não custava um fanservicezinho e colocar os rangers juntos) ainda é melhor que aquela bagaça do filme de 1995.

Considerações finais:

A retratação e humanização dos personagens da primeira série em Power Rangers seguem como prioridades durante boa parte do longa, resultando num bom entrosamento e afinidade bem desenvolvida (entre Jason, Kimberly e Billy, principalmente). Todavia, essa base introdutória mais focada no que são literalmente os rangers e não em como eles devem ser, somada aos aspectos estéticos/técnicos insuficientes, torna o filme uma viagem nada imersiva a um mundo em que a equipe multi-colorida não encontra sua melhor forma pela dificuldade em trazer toda a premissa a algo que deva ser levado a sério como uma boa ficção científica. Teria sido melhor adaptarem uma temporada aleatória (Espaço ou Força do Tempo, sei lá) ou, para o bem da franquia, deixarem os rangers bem quietinhos no seu canto.

PS1: Bonecos de massa >>>>> Exército de pedra.

PS2: Resguardar toda a ação ao terceiro ato foi subaproveitamento demasiado. Antes ter colocado os rangers (uniformizados) em missões de investigação em locais que Rita Repulsa deixou rastros de destruição, assim colheriam informações e quem sabe a vilã implantaria armadilhas, rendendo mais lutas porque isso é a seiva de Power Rangers, a AÇÃO. Acho que daria pra fazer um filme superior incrementando um detalhe do tipo e mantendo o bom desenrolar dos personagens.

PS3: Os zords estão OK. Pelo menos a gente sabe distinguir o Mastodonte do Tricerátopo mesmo com efeitos não tão sofisticados. Aprende, franquia Bayformers!

PS4: Em resumo, o longa explorou as pessoas e não os heróis. Os uniformes tem um quê meio Iron Man, porém funcionam bem na tela. O ponto alto do efêmero uso dos rostos ocultados pelo capacete, pra mim, foi Jason salvando seu pai.

PS5: Goldar como "Megazord' de Rita só não foi mais risível que a derrota da mesma. Vencida com um tapão, jogada pra bem longe como um inseto até o espaço. O filme não ia arriscar se estender e se livraram da vilã a tornando mais burra quando ela podia descer e tocar o terror sozinha e forçar os rangers a derrotarem-a num combate justo.

PS6: Easter-egg do Tommy Oliver na cena pós-créditos dando a pontinha de uma sequência que talvez nem veja a luz do dia.

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/power-rangers-novos-cartazes-e-data-de-trailer-do-longa/
                                   http://villains.wikia.com/wiki/Rita_Repulsa_(Power_Rangers_2017)

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