Crítica - The Flash (4ª Temporada)


Uma precoce derrapada na mediocridade.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Ano passado eu tinha feito uma postagem de opinião reclamando do quão auto-parodiada a série do corredor escarlate se mostrava, o que foi basicamente uma mini-review do episódio 4x05 (o pavoroso "Gorls Out Night") onde eu percebi que toda a proposta de retomar o clima alto-astral e colorido do primeiro ano virou uma tremenda palhaçada que pendeu mais para o humor pastelão e estúpido. O tiro que saiu pela culatra atravessou vários episódios, transparecendo a ideia de que a produção e a equipe criativa simplesmente perderam a mão em dosar bem a atmosfera dramática necessária para que os bons tempos voltassem. Foi exatamente isto que aconteceu nesta amaldiçoada quarta temporada que o velocista (haja vista sua densa bagagem na nona arte) não merecia.

Até a versão dos anos 90 (com Barry Allen sendo interpretado pelo ator que atualmente é o Jay Garrick) parece mais convidativa para se gastar umas horinhas comparado ao que a versão CW exibiu ao longo de cansativos 23 episódios (um agravante que a emissora teima em não corrigir). O conjunto num todo desenvolveu de forma arrastada tudo o que poderia ser resolvido em pelo menos 12 ou 16 episódios, a pedida perfeita para uma série de super-herói. Eu realmente não entendo como segurou audiência para que o canal batesse o martelo para outra renovação, mas aí o fator determinante se relaciona melhor com as possibilidades a serem exploradas (para o bem ou para o mal) dado o calibre do herói, portanto tem bastante pano pra manga e quem sabe até uma esperançazinha das coisas voltarem aos eixos com mais disposição na construção das tramas e menos preguiça.

Vamos direto aos prós e contras elencados abaixo:

👍Prós: 

O uniforme: Se pode existir um forte comparativo entre essa quarta temporada de Flash e a quarta temporada de Arrow, com certeza é a respeito do traje do protagonista. O melhor uniforme na pior temporada é a melhor síntese dessa comparação. Avivaram o tom de vermelho, reforçando o status de velocista escarlate (antes era uma tonalidade rubra quase vinho), além de outras pequenas mudanças nos detalhes em amarelo. Só não alongam os raios nas orelhas, o que sempre me incomodou.

Caracterização do vilão: Parece que a temporada teve bons acertos destacantes na estética e um deles que merece atenção é o visual de DeVoe lá pelos primeiros episódios antes do hiato de fim de ano. A produção realmente caprichou em tornar ã aparência do Pensador o mais vilanesca possível. Uma pena que Clifford DeVoe não durou tanto quanto deveria tendo que transferir sua consciência de corpo em corpo (ou de meta-humano à meta-humano) para seguir com seu "brilhante" plano.

Harrison Wells: Alguém ainda tem dúvida de que ao lado de Cisco ele é um dos melhores personagens da série? A atuação segura e competente de Tom Cavanagh não deixa mentir em nada. O pai de Jesse Quick fortificou seu relacionamento com o resto da equipe do S.T.A.R Labs, especialmente com Cisco transparecendo um vínculo um tanto familiar, como pai e filho. Harry teve uma subtrama que não foi cagada pelas mãos inseguras dos roteiristas e ao menos no drama eles conseguiram ter algum êxito considerável. Todo o plot envolvendo a réplica do capacete de DeVoe que lhe causa sérios danos psíquicos e consequentemente diminuindo uns pontinhos no Q.I teve boa exploração e um razoável desfecho (houve um meio nessa história bem capenga lá próximo do final com o nosso querido cientista da Terra-2 mais perdido que cego em tiroteio) com uma despedida que espero não ser um adeus definitivo. Fora isso, Harry se entrosou com uma outra personagem, a Cecile, namorada de Joe West (que andou bem apagadinho por boa parte do ciclo), contudo sendo inserido temporariamente numa outra subtrama sem o mesmo valor positivo.

Enter Flashtime (4x15): Um eficiente episódio de The Flash em muito tempo, com uma tensão nunca antes sentida e intensificada nas temporadas anteriores e sob o apoio das presenças sempre bem-vindas de Jesse Quick e Jay Garrick. De fato, a maré de azar do Flash nessa temporada teve um peso interno beneficiador para quem esperava numa melhora de qualidade. Falo isso no sentido das coisas darem errado dentro da narrativa e toda a boa segmentação ter valorizado todos os alicerces a disposição para se criar um episódio verdadeiramente envolvente. Se o Flash estava de mal a pior, esse dia ruim veio a calhar como maneira de se sobressair ao que vinha sendo trabalhado e isso fez muito bem à temporada, assim transformando esse episódio numa espécie de oásis de bom enredo no meio de tanta galhofada, comédia disfuncional e desenvolvimentos pobres. Ficou no ar o mistério sobre qual é esse velocista que o Jay Garrick estaria treinando (cof cof Godspeed cof cof).

👎Contras:

Nevasca: Confesso que essa é a primeira vez nesta indústria vital que vi uma subtrama começar tão bem e finalizar com um retcon tão gigantesco e sem nenhum cabimento. A trama de dupla personalidade iniciou com certa firmeza, mas foi perdendo fôlego no decorrer. Caitlin havia assumido total controle de seu alter-ego e acabou recebendo destaque num dos piores episódios da série. Num embate contra DeVoe (ao absorver o último dos meta-humanos caçados, Ralph Dibny) ela tem seus poderes aparentemente anulados que na verdade, posteriormente, se revelaram como retirados, completamente absorvidos pelo vilão. A Nevasca deixou de existir. Uma memória do passado retorna quando Cisco vibra junto com ela e vemos então que ela despertou seus poderes ainda muito jovem. Como assim? Contradisseram a mitologia da série (a explosão do acelerador de partículas que originou os meta-humanos) para justificar uma subtrama que já não mostrava bons sinais de que acabaria bem devido ao andar fraco da carruagem.

Girl Out Night (4x05): Já falei que esse é o pior episódio da temporada? Ainda não né? Então lá vai: É o PIOR episódio dessa temporada introduzindo dois antagonistas terríveis como aquela Amunet que precisa de um balde para controlar os estilhaços metálicos e seu capanga (que se volta contra ela mais tarde) cujo poder meta-humano... é tirar seu olho direito e deixar sair dele uma cobrinha que dispara gás venenoso (bizarro e ridículo). Fora isso, tivemos a presença dispensável de Felicity Smoak quando já nem lembrava mais que essa criatura ainda habitava o Arrowverse. A hacker (que provavelmente executa todos os talentos do mundo para o combate ao crime, até atirar uma flecha melhor que o Arqueiro Verde) se juntou á Iris West-Allen e Caitlin Snow para combater Amunet que mantinha sob custódia um meta-humano que (pausa para rir aqui)... que chora lágrimas de matéria negra. Além dessas pataquadas, tivemos uma despedida de solteiro para o Barry que é melhor esquecer do que comentar. Não vou dizer que quem curtiu a vibe humorística do episódio tem problemas mentais ou péssimo gosto, mas pra mim nada mesmo funcionou ali.

Iris West-Allen: Ela foi apenas a personagem chatinha nas primeiras três temporadas para "evoluir" como a mais insuportável do team Flash e do elenco geral. O episódio com enfoque na troca de poderes fazendo nascer uma Iris velocista por um dia até deu pra engolir, porém o que foi minimamente bom não serviu para ver um saldo positivo no final das contas para ela. A personagem tornou-se líder da equipe na ausência de Barry e após ele retornar da Força de Aceleração (no OK "The Flash Reborn" - 4x01), mas sua "importância" se limitou a ser uma bengala motivacional para o marido cujo intérprete não demonstra o mínimo apreço de atuar como Flash, sempre com aquela cara de que vai chorar sua pitangas no ombro de alguém a praticamente todo momento. Iris ainda é um problema grave em The Flash, infelizmente, e pelo visto persistirá continuando.

Humor ineficiente: A única tirada cômica já inserida pela série na temporada que valeu perder uns minutinhos foi o Conselho dos Wells em seu limiar e razoavelmente (aqui vou eu bancando o generoso) no episódio "Honey, I Shrunk Team Flash" (4x12). O resto pode jogar fora que não presta nem para aliviar o tédio de um domingo sem nada para fazer.

Ralph Dibny/Homem-Elástico: Um personagem confuso e difícil de julgar. O contato com seus poderes foi transformador na vida dele, correto. Mas o que explica sua personalidade babaca alterar para heroica e altruísta tão rapidamente? Seu relacionamento com Barry teve um aproveitamento aceitável, cheio de altos e baixos (para duas pessoas que tiveram um problema no passado), mas o espírito de heroísmo de Ralph adquirido de forma tão apressada em poucos episódios sendo parte da equipe do S.T.A.R Labs. Não que eu gostasse do antigo Ralph. O personagem, num contexto geral, é chato, simples assim e sua mudança para o lado da justiça super-heroica pouco convence.

O plano de DeVoe: Reiniciar o córtex pré-frontal de toda a humanidade com satélites carregados de matéria negra. Simplificando: Deixar todo mundo burro. A grande empreitada que ele chama de Iluminismo parece ter funcionado apenas nos roteiristas pois a ideia em si não é muito madura para um vilão que não deixa nenhuma variável infinitesimal escapar ao seu conhecimento sempre prevendo os movimentos dos heróis (o que também não é lá muito convincente porque inteligência e vidência são conceitos não muito intrínsecos).

O próprio Flash: Por muitos episódios, Barry Allen vestindo o uniforme perdeu bastante da postura de protagonista ficando à mercê de um papel perigando na coadjuvação. Na season finale isso não teve espaço, mas... já era tarde, muito tarde. Além do mais, tive a sensação de que Barry usou mais sua velocidade sem estar uniformizado.

Terapia de casal: Era para ficar restrito num único episódio, só que não... trouxeram a terapeuta de volta algumas vezes para resolver os problemas entre Barry e Iris. E por falar nela (de novo não...), na primeira consulta ela culpa o Barry por se sentir abandonada. Alô, Iris! Havia necessidade de alguém ocupar a Força de Aceleração e parar aquela tempestade raios! E quem ficou disponível? Adivinha... Enfim, a psicóloga foi um elemento irrelevante que reciclaram desnecessariamente. Até a Caitlin embarcou nessa, como se seu drama referente à Nevasca sofresse um alívio com conselhos motivacionais... Ah, dá até uma canseira só de lembrar.

Cecile (do nada) telepata: E a gota d'água do show de horrores acabou sendo esse sub-plot tirado da cartola, sem justificativa nenhuma. Cecile em plena gravidez descobre que lê mentes. WTF?

Considerações finais: 

Em sua temporada mais problemática, The Flash conseguiu o feito de cair na sua perdição virando uma paródia sem graça de si mesma sem o menor dimensionamento de ridículo. O futuro da série é preocupante visto que nem a proposta de fazer uma temporada sem um vilão velocista e com ares menos sombrios teve execução competente. Acho que está mais do que hora de dar uma reorganizada nessa casa pois até agora o maior velocista das histórias em quadrinhos (quem é Mercúrio mesmo?) não recebeu uma adaptação que faça jus ou seja à altura do que ele representa no material-fonte.

PS1: A filha do Barry e da Iris, Nora Allen, se consagrou como a maior obviedade dessa temporada. Ao final do episódio 4x20 revelou ser uma velocista às escondidas dos demais personagens e quem se atenta melhor pôde notar que o mistério acabou a partir do momento que se olhou os raios que aparecem quando ela corre, raios em duas cores, amarelo e púrpura... que por sinal era a cor dos raios da velocidade de Iris (em "Run, Iris, Run - 4x16). E aí, CW, quis surpreender com o quê nisso?

PS2: Foi a temporada que quase me fez pensar em desistir do Arrowverse, daí lembrei que estou atrasadíssimo com Legends of Tomorrow e ainda me resta um pouco de fé em Supergirl. No frigir dos ovos, me vejo indeciso sobre continuar acompanhando The Flash visto que não houve um gancho impactante logo no desfecho do 4x23 ("We Are The Flash", a frase mais repetida entre o casalzinho West-Allen).

NOTA: 5,0 - RUIM

Veria de novo? Não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://www.aficionados.com.br/the-flash-4-temporada/

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