Crítica - Círculo de Fogo: A Revolta


Novas armas, aparatos e melhores robôs ultramodernos... Mas cadê a história?

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS

É de praxe no cinema norte-americano ocorrerem de filmes blockbusters "redondinhos" ganharem sequências que ambicionem a ultrapassagem de alguns limites no intuito de superar o que foi visto no primeiro filme, coisa que não é exclusividade de uma certa franquia com robozões que aqui é mencionada para fins de comparação. O primeiro Círculo de Fogo havia recebido uma direção segura e competente de Guillermo Del Toro - pelo que está claro na minha memória pois faz um tempinho que já assisti e fiquei com preguiça de fazer review. Eis que lançam uma sequência do grande sucesso de 2013 (que muita gente compara ao anime Evangelion) não fazendo absolutamente nada além do que se espera de um filme que dê continuidade à uma trama fechada em si própria mesmo que isso não seja de todo necessário. Mas o estúdio tem uma sede infinita de lucrar. E por que não metendo um bando de robozões num fogo cruzado duelando com monstros (Kaijus) no meio da cidade num festival de efeitos especiais incapazes de mascarar a falta de um background que mesmo se existisse ninguém ligaria muito? Transformers gozava de efeitos pomposos nas suas frenéticas cenas de ação que só hipnotizavam quem possuía idade mental de 15 anos para baixo.

Qualquer um com cabeça mais moldada (com senso crítico mais afinado) não cai mais feito patinho nessas ilusões. Torno a repetir o que uma vez havia dito: Não existem efeitos que disfarcem as falhas de um roteiro duvidoso. Mas os efeitos do segundo Círculo de Fogo são mequetrefes? Não mesmo. No aspecto técnico conseguiram manter a qualidade do primeiro filme, os Jaergers e Kaijus continuam fascinantes e empolgantes em movimentação, renderização e desenvolvimento de ação em tela. Não tem nada de novo uma sequência passar-se anos à frente do original e apresentar como protagonista o filho do protagonista anterior que faça valer sua honra com um legado a ser cumprido. Este é o papel de Jake Pentecost cuja vida que seguiu após ser um piloto de Jaerger bem-sucedido não deixaria o papai nada orgulhoso. O prólogo é um resuminho decente dos eventos do primeiro filme com narração em off de Jake reverenciando a trajetória de seu pai. Foi um bom compacto para ao menos não deixar quem embarcou nesse universo agora pela sequência ficar boiando, o que obviamente não torna insignificante uma conferida ao primeiro longa que sim vale realmente ser assistido independente de A Revolta trazer um flashback condensando tudo em poucos minutos.

Eu quase cogitei voltar algumas cenas de tão veloz que é o início do primeiro ato com Jake passando a perna naqueles bandidos, fugindo deles, perseguindo a garota na moto (a adolescente Amara, muito melhor protagonista diga-se passagem), chegando à oficina dela, conhecendo dela, discutindo com ela, fugindo num Jaeger em tamanho menor com ela, sendo capturados por um Jaeger em tamanho padrão e logo indo pararem numa cela pelos roubos cometidos. A partir disso o enredo dá uma desacelerada, sendo possível respirar melhor após um início agitado. A dinâmica entre os personagens que compõem os aspirantes a pilotos de combate não é melhor explorada do que as aberturas para se trabalharem acerca de problemas que volta e meia podem surgir envolvendo os Kaijus, como o destaque oferecido à organização Chau onde lá se encontra uma maçã podre do cesto que atende pelo nome de Dr. Newt (eu nem lembrava desse cara no primeiro filme, sério). Temos aqui definitivamente o vilão mais patético de um blockbuster. Até o personagem do Patrick Dempsey no terceiro Transformers era mais suportável (por mais inútil que fosse). Ele começa como alívio cômico bem falastrão, verborrágico em seus diálogos com a Liwen Shao. Quando revela sua faceta vilanesca, logo ao antigo parceiro de aventuras com Jaegers, percebe-se uma piora no cenário de construção do personagem até o ponto que ele vira um completo bobalhão que "controla a situação" em cima do prédio como um jogador de video-game torcendo pro seu monstrinho Kaiju derrotar a equipe Jaegers. Charlie Day construiu um antagonista odiável mas não pelos motivos corretos.

Quando não der para esperar mais nenhum mergulho a fundo, o jeito é se deleitar com a batalha final, o grande espetáculo de todo blockbuster dessa natureza. Honestamente, uma das partes boas na hora do combate destruidor contra o trio de Kaijus foi ter uma sensação parecida com a primeira vez que assisti o primeiro Transformers. Com o decorrer do confronto para impedir que a matéria do Mega-Kaiju (uma fusão tripla) entre em contato com um vulcão que se erupcionar liberará uma nuvem tóxica pondo em risco toda a vida na Terra - conflito que é estabelecido para fazer tudo adquirir uma proporção apocalíptica que supere ao filme original, tática comum mas nem sempre funcional. Tem uma fugaz atmosfera de anime mecha com toda aquela equipe liderada pelo Gipsy, o Jaeger central no aproveitamento da ação, todos executando suas respectivas funções sem tirar nem por. A pior parte se dá com o filtro meio game de playstation em alguns momentos e nesse ponto a inconstância dos efeitos torna-se mais gritante e o embate consequentemente mais plástico e artificial. Fora isso tudo, os diálogos são falados de maneira simplista e por vezes pouco interessante e, como não posso deixar de citar, o fechamento da problemática não pareceu lá muito profissional de uma equipe munida de vários recursos aperfeiçoados com aquele propulsor que surge nos quarenta e cinco do segundo tempo, pareceu tudo muito simples da minha perspectiva após tantos perrengues, um "morre/não morre" constante que emana o clima de dificuldades sufocantes para acabar só nisso.

Considerações finais: 

A razão inegável para Círculo de Fogo: A Revolta ter um saldo final que o coloque abaixo do primeiro longa em termos de roteiro pode ser explicada com o fato do original ser um filme mais maduro, além de primar por muitos outros aspectos sejam técnicos ou narrativos com maior esmero. O filme de Steven S. DeKnight promove uma exploração aceitável a tudo que tinha sido inserido no filme de origem, mas reduz tudo a uma fina superfície resumida ao que um típico blockbuster, ainda mais colocando robôs contra monstrengos extraterrestres, pode oferecer de mais valioso com sua estimulante vibe "desliga cérebro". Pra assistir acompanhado de uma boa pipoca e zero associação com o trabalho de Del Toro que poderia muito bem ter repetido e engrandecido a firmeza e maturidade que esse universo infelizmente deixou para trás.

PS1: "O mundo não me leva a sério, todos me acham uma piada idiota e patética. O que eu faço?"

( ) Procuro ajuda psicológica especializada.

(x) Invento um plano de sabotagem para destruir esse mundo de merda.

Brilhante, Dr. Newt Geiszler! Não tem ligação com cérebro de Kaiju que justifique isso

PS2: Jake e Amara se relacionaram muito mais como irmãos do que Jake e sua irmã adotiva, Mako (que descanse em paz).

PS3: Quem venceu no aprofundamento dramático? Ahn... deixa eu ver... hum... Amara.

PS4: Todas as sequências de porradaria são minimamente gostáveis, mas curti muito o segundo round do Gipsy e do Jaeger pilotado por um cérebro de Kaiju. Aquele cenário deixa melhor qualquer luta.

PS5: Mr. Trololo tem efeito calmante? Enfim, gosto é gosto...

PS6: Vão atrás dos Precursores?! Finalmente?! Já quero sequência (uma parte de mim contraria isso)

PS7: "Nós vamos ser atacados!" O baque do ataque dos Kaijus fusionados com os Jaegers foi tão grande assim para se assustar com as luzes das aeronaves da Chau e ainda dar um alarme falso?

PS8: Ainda sobre o Newt: Não bastava ir de pseudo-alívio cômico à vilão "palhaço" imbecil, atingiu o cúmulo da breguice com aquela fala super-caricata na cena final.

NOTA: 7,0 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-137321/´

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