Capuz Vermelho #4: "As bestas que não se deve encarar"


"O meu medo é apenas o demônio interior que alimento quando não há saída e o faço adormecer quando enfrento aqueles que me ameaçam." 

                                                                                          Trecho do Diário de Rosie Campbell; Pág 48.

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CAPÍTULO 04: AS BESTAS QUE NÃO SE DEVE ENCARAR 

Aquela respiração ofegante e obsessiva... lentamente desesperando Rosie à medida que seu coração palpitava de medo, com seus olhos indo de encontro àquele olhar selvagem. Procurou não se mover mediante ao perigo iminente, enquanto Hector, empunhando sua espingarda, corria pelos cômodos à procura dos residentes. Assim que retornou para a sala, avistou Rosie parada perto da janela encarando aquele par de olhos. Um rosnado veio em seguida, fazendo a jovem lançar um grito de susto. O jovem caçador não desperdiçou tempo ao dar o aviso da salvação.

- Rosie! Abaixe-se! - exclamou Hector, mirando a arma na janela.

Um estridente disparo foi dado, quebrando todo o vidro da janela. A jovem permaneceu no chão, tapando os ouvidos, mesmo após o tiro. No entanto, a criatura mostrou-se ilesa ao pular para dentro da residência. O que se viu foi exatamente como se dava nas descrições. Um lobo, bípede, apresentando uma ferocidade sem igual, preparado para avançar contra Hector.

- Rosie, corra! Esconda-se em qualquer cômodo! - avisou o caçador.

Assim que tentou faze-lo, a jovem se viu novamente à mercê da fúria implacável do lobo. Sem hesitação, mais um tiro fora disparado por Hector, acertando as costas do "animal". Mais uns 3 ou 4 disparos foram necessários para para-lo. Ambos se entreolharam, e assentiram positivamente com a cabeça. Rosie se refugiara em um dos quartos para hóspedes, enquanto mais lobos aparentemente invadiam a mansão. O corpo da criatura encharcou-se em uma profunda poça de sangue no meio da sala.

Ao ouvir sons de vidros quebrando-se, o caçador logo presumiu ser a chegada de vários deles, iniciando uma frenética corrida pelos corredores da mansão à procura das criaturas. Rosie, em meio à imprevisível armadilha, permaneceu atônita, sem ação para esboçar uma reação. Logo percebera que deixou a porta trancada. No entanto, o aparente deslize se mostrou uma medida de segurança quando algo parecera querer arrombar fortemente a porta.

- Droga. Tem que haver uma saída de emergência ou algo do tipo. - sussurrou a jovem para si mesma.

Arranhões puderam ser vistos sendo formados. Nenhum animal selvagem possuiria uma força tão bruta em suas garras para destruir portas de madeira tão facilmente. Hector continuava sua procura pelos invasores, já bastante cansado. Em um corredor percebeu uma misteriosa porta. Diferentemente de todas as outras, esta apresentava detalhes menos sofisticados. Movido pela curiosidade, abriu-a.

Ouvindo rosnados próximos, deparou-se com uma das criaturas por trás. Antes de fechar a porta, disparou duas vezes contra o lobo, mirando na cabeça, fazendo a parede manchar-se em sangue com alguns resquícios de massa encefálica. Gemidos de dor foram ouvidos pelo caçador antes do mesmo fechar a porta.

No interior, bastante escuro, havia apenas um lâmpada em mal funcionamento. Mais abaixo havia uma pequena porta. Abrindo-a, o caçador pôde ver uma espécie de túnel. Tentando passar por ele, Hector apenas pensava no estado de Rosie.

- E se isso aqui for mais uma armadilha? Não, mais parece uma saída de emergência para casos de invasões. Eles deveriam ter sido mais espertos se também trancassem a porta que leva a isso aqui. Mas foram tão cuidadosos que escaparam facilmente, provavelmente já prevendo que um de nós dois pudesse achar essa passagem. Rosie, espero que esteja bem. E também espero que encontre outra dessa e escape ilesa.

Enquanto isto, Rosie somente recuava apreensivamente dentro do quarto prestes a ser invadido pelos lobos. Vasculhou todas as paredes do cômodo na busca de uma passagem secreta ou qualquer coisa que a desse oportunidade de escapar. Ao tatear cuidadosamente a parede em um canto vazio do quarto, a jovem percebeu algo que pensara ser vantajoso. Em um ato de desespero, Rosie apenas optou por chutar a parede o máximo que podia. O concreto estava desgastado e frágil, o que possibilitou a vantagem.

Logo pôde ver uma porta, com madeira extremamente velha. A chutou fortemente, quase destruindo-a por inteiro, logo entrando pela passagem sem olhar para trás. Os lobos, cerca de 2 ou 3, entraram no cômodo após destruírem a porta, no entanto, nenhum deles vislumbrou a passagem por onde Rosie entrou, permanecendo no quarto apenas como "guardiões". A saída era um corredor estreito e escuro.
A jovem apenas enfrentou a escuridão correndo a toda velocidade. Até bater em algo duro, fazendo a cair.

Tateou levemente a coisa que interrompera sua fuga, e logo soube tratar-se de uma porta. Encontrando a maçaneta, conseguiu abri-la e podendo enxergar um vasto gramado sentiu-se liberta. Ambos os viajantes puderam se ver novamente após escaparem da mansão, correndo um na direção do outro.

- Rosie! Que ótimo ver você. Está bem? - perguntou Hector, afoito.

- Hector... também é ótimo vê-lo... consegui escapar. E sim, estou bem. - respondeu ela, cansada.

- Mesmo com toda essa confusão, ainda iremos investigar os assassinatos. Temos que sair daqui o quanto antes, pois podem vir mais deles. Olhe por aquela janela... com cuidado.

- O que tem? - perguntou Rosie.

A jovem se aproximou da tal janela e observando a situação no interior da mansão pôde entender o que Hector estava pretendendo afirmar.

- Que estranho... eles ficaram dóceis... estão caminhando calmamente como se estivessem fazendo guarda...  então isso tudo foi...

- Sim, exatamente. Não foi bem uma armadilha, mas sim um plano para nos expulsar de lá. Lembra do fragmento que pertence à coleção? Eles arquitetaram isto para que nós jamais pudéssemos rouba-lo. - afirmou Hector.

- Estou começando a entender. Significa que de alguma forma eles sabiam de nossos movimentos, e agora que esses monstros se instalaram aí, ficarão vigiando a mansão para que ninguém mais entre e roube o fragmento. Pra onde você acha que eles foram?

- Provavelmente fugiram do país. Nossa prioridade agora é descobrir quem realmente está por trás disso e, em paralelo, conseguir informações sobre os assassinatos e esses lobos. - disse Hector, iniciando a caminhada para fugir dali.

- Sim... mas como? Por acaso eles possuem alguma habilidade de previsão do futuro? É essa a questão que me intriga. - reclamou Rosie.

- Os Red Wolfs estão espalhados por vários locais do país. Quem possui tal habilidade provavelmente é a pessoa que arquitetou ou alguém que esteja ligado. A pessoa que teve a ideia e supostamente tem o dom, tem ligação com o tio de Michael, que tem ligação com um membro da sociedade. A conclusão é a de que a pessoa que conduziu esse plano é o próprio membro. No entanto, desconheço um fato ou boato de algum membro possuir esse dom. A teoria mais plausível é a de que a pessoa ligada ao mandante e aos residentes da mansão tem o dom. - deduziu Hector, deixando Rosie boquiaberta.

- Você foi mais rápido do que eu. Consegue elaborar teorias e conclusões em questão de segundos.

- Está admirada, certo? - perguntou o caçador, deixando formar-se um leve sorriso.

- Não muito... mas confesso que estou um tanto surpresa.

A dupla deu seguimento à investigação ao retornarem à periferia da cidade. Lá, puderam deparar-se com as pequenas ruas muito mais desertas do que quando haviam chegado.

- Olha Hector, o que acha de voltarmos ao hotel e deixarmos a investigação dos assassinatos pra amanhã? Além disso, parece que não vou aguentar esse capuz por muito tempo. - disse Rosie.

- Não é uma boa ideia. Isto só irá atrasar. Temos que primeiro descobrir a origem daquelas criaturas, antes de procurarmos a pessoa que supostamente prevê o futuro. Eu percebi que havia feições humanas nelas...

- Feições humanas!? Assim como você, também não faço a mínima ideia de onde vieram aqueles monstros... mas se isto tiver algo a ver com lendas e mitos, tudo ficará ainda mais difícil.

- É claro que não tem nada a ver com lendas. Mas há algo a se pensar... se me lembro bem, Abamanu possui a face de um lobo... somado ao que vimos hoje, tudo parece se encaixar. - deduziu Hector, novamente.

- Pra falar a verdade, eu nunca vi como é Abamanu... você tem alguma imagem dele?

- Infelizmente não. Mas você irá entender o que quero dizer quando ver...

Um velho jornal que fora arrastado no ar pela ventania interrompe a fala de Hector quando o mesmo é atingido no rosto.

- Mas o que é isso!? - esbravejou Hector, tirando a papelada de sua cara.

- Hahahaha, isso foi engraçado. Pela aparência, deve ser um jornal de dois meses atrás. - disse Rosie, aos risos.

- Espere um segundo, Rosie...

- O que foi?

- Olhe nesta página. Parece que a encontramos.

Na página que estava sendo vista por ambos, havia um anúncio que dizia o seguinte: "Madame Alexia. Seu futuro se torna real quando deixa de ser um sonho. Autêntica e honesta."

- Tem certeza de que essa tal Alexia possa ter ligação com os Red Wolfs? - perguntou Rosie.

- Ainda não, mas não custa nada darmos uma olhada. Repare que há um símbolo que lembra bastante o que vimos na capa do livro, bem aqui acima. É um ótimo indicativo.

- Fica em Raizenbool... acho que uns 50 ou 60 quilômetros daqui. Vamos precisar de condução se quisermos agilizar. - sugeriu Rosie.

- Pode deixar. Amanhã de manhã iremos e procurarei contratar um motorista. Se for ela mesmo... é melhor que ela se prepare para as perguntas que terá de responder.


                                                                   CONTINUA... 

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