Crítica - As Aventuras de Paddington 2


Muito mais marmelada e trapalhadas.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

A continuação do longa do Pequeno Urso... quero dizer, do personagem-título veio a lançamento em 2017, cerca de dois anos após o primeiro filme que recebeu avaliação favorável deste que vos escreve e devo admitir, com grande contentamento, que a fórmula de filme-família singular e criativa que fora trazida antes não se desgastou ao longo desta sequência. Pelo contrário, ela se manteve firme e forte durante aos 103 minutos da película, não sendo mais que uma manutenção satisfatória progredida por outros aspectos como enredo, direção e texto - este valendo ressaltar que se mostra um pouco acima do que se viu nos diálogos do filme anterior que eram numa maioria meio bobinhos, meio comuns, houve uma melhora reconhecível nesse ponto que tornou a experiência menos repetitiva, portanto esse é um grande acerto do roteiro combinado a demais seguimentos que são bastante inventivos.

Pois é, eu fui conquistado pela simpatia de Paddington e não perdi tempo em conferir logo a segunda parte de sua jornada como membro da família Brown, desta vez já estabelecido e famigerado no bairro sempre bem recepcionado - menos pelo Sr. Curry que aqui permanece imutável nas suas características, ou seja, ele ainda é um vizinho rabugento que odeia a presença do urso adotado e comemora quando o evento que propulsiona o filme acontece -, mas, claro, sem alterar seu comportamento estabanado pois é exatamente o que transforma o personagem na peça cômica central e funciona que é uma beleza dentro da sua medida. Não tem como não olhar serenamente para a inocência de Paddington, só mesmo alguém que detesta ursos fofinhos e juvenis, alguém que não sabe ver e nem sentir a fofura que o personagem transmite, mas também não me derreto todo porque já sou um adulto formado (formado em ócio) e tenho de me limitar quanto a simpatizar com figuras infantis que passem esses sentimentos aprazíveis. É neste filme definitivamente que constatamos que Paddington deixa sua marca em cada lugar por onde passa.

O conflito geral demora um pouco a engrenar já que anteriormente, por necessidade roteirística, são apresentados alguns pedaços dessa rotina de Paddington e também como a família Brown evoluiu. O urso conseguiu um emprego de cabeleireiro e aí pode-se imaginar as possibilidades palpáveis de sua natureza atrapalhada que continuam a divertir e só fazer aumentar o carinho por ele. Infelizmente Paddington sofre com a dureza de sua conduta e acaba demitido. Aos poucos o enredo vai trilhando o caminho na direção do que engata a marcha do plot, com menos imediatismo do que no longa primário onde não dava nem meia hora de filme e lá estava Paddington conhecendo o lar dos Brown.

Pode em alguns instantes soar que a aventura é meio episódica e sem muita significância, mas o terceiro ato adquire consistência ideal para que essa trama não tenha um saldo tão mediano quanto inicialmente ela aparentava ter. Tudo gira em torno do presente de aniversário que Paddington quer dar para a Tia Lucy: um livro 3D contendo pistas de um segredo que é a localização de uma fortuna pertencida a uma falecida artista circense. Eis que quando Paddington vai à loja testemunha um roubo e nisso podemos afirmar que é onde o longa começa de fato. O ladrão foge com o livro, mas Paddington foi visto saindo da loja ao toque do alarme e é perseguido pela polícia. A suspensão de descrença é relevada e volta e meia surge em doses ínfimas, como por exemplo na hora em que Paddington monta num cachorro na perseguição ao ladrão e não sei como o animal pôde suportar o peso dele. Enfim, roteirismos à parte, Paddington acaba preso e nem sua fofura conseguiu provar a inocência. Pro negócio não ganhar tons muito pesados, eis que Paddington vira o centro das atenções na prisão gerando o gradual apreço dos detentos com a acidental ideia de fazer sanduíches de marmelada em substituição à gosma insípida que os meliantes comiam lá. A prisão, inclusive, é um dos palcos mais significativos desse segundo episódio onde o urso faz amizade com o carrancudo e arisco cozinheiro Montanha e de pouco em pouco vai convencendo-o a respeita-lo até que aparece a proposta que coloca Paddington num dilema moral. Algumas coincidências são funcionais e beneficiam o andamento da trama. Claro, sempre há risco de uma forçação e cito aquela que é apresentada como Deus Ex-Machina: Montanha e os dois detentos que fugiram da prisão com Paddington estavam, ainda em plena fuga, à quilômetros da linha férrea onde ocorria a árdua busca pelo bendito livro (em dois trens, um onde o Felix, o antagonista central, consegue flertar com o tesouro almejado e outro pilotado pelo filho do casal Brown que ainda muito jovem obteve conhecimentos da mecânica de locomotivas e trens a vapor e faz questão de enfatizar isso verbalmente) até que num choque de conscientização o ex-cozinheiro (e ex-brutamontes mal-humorado, é incrível como a exposição ao Paddington lhe fez bem) decide ir salva-lo. O problema é que foi estranho terem chegado justo quando a Sra. Brown mergulhou no lago para salvar Paddington mas não consegue tira-lo do vagão. E o que normalmente acontece numa situação insolúvel assim? Pois é, dá-lhe Deus Ex-Machina e dos mais cretinos. Vou fingir que eles estavam relativamente próximos dali e observaram Paddington caindo, a Sra. Borwn indo salva-lo e os trens seguindo em direções diferentes.

Como esperado, o adorável urso realiza seu desejo e dá o livro à sua querida Tia Lucy. Final de condução bacana mesmo após a facílima derrota de Felix ao levar uma bolada bem no meio da testa pelo Sr. Brown e desmaiar. Tem conveniência que toca o foda-se pra inteligência do espectador, mas nada que manche a beleza construída cujo responsável direto é unicamente o seu protagonista. Que Paddington continue desajeitado em afazeres humanos, pois é a sua força.

Considerações finais:

As Aventuras de Paddington 2 é um episódio que oferece menos desafio (Felix é um vilão estúpido, verdade seja dita), contudo faz o personagem-título carregar esse leve roteiro nas costas sem recorrer a subterfúgios na hora de joga-lo na sua problemática. Se sustenta muito bem sob as qualidades notáveis do urso que comprova a sua verdadeira dádiva: cativar e transformar lugares e pessoas.

PS1: A entrada furtiva na casa de Felix foi uma tremenda perda de tempo e perderam horário de visita na prisão, o que reforçou a coincidência de Paddington ser convencido antecipadamente por Montanha de que os Brown iriam desistir dele. Foi dado um tempo de tela meio longo à eles, parece até que a produção quis dar uma economizada.

PS2: Agora sobre o Felix, o cara é muito louco, conversando com seus próprios disfarces. Não basta ser mestre nessa arte, tem que saber articular seus planos e não fazer feio na prática.

PS3: Mas se o cara é um mestre dos disfarces, a Sra. Brown não teria percebido a nítida semelhança facial com os retratos falados. Porém, como ela é perita em desvendar o óbvio foi moleza demais.

PS4: Se houver Paddington 3 seria legal uma trama mais intimista pra ele só para fechar o ciclo.

NOTA: 8,5 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu rspectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://ovicio.com.br/confira-o-novo-trailer-de-as-aventuras-de-paddington-2/

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