Crítica - Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar


Não é do Gore Verbinski, mas parece (o que por si só não é suficiente).

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Na época de lançamento não pude ter condições (mesmo que tivesse alguma grana pra gastar com cinema, não iria devido à minha estrutura emocional, nesse período, não ter sido das melhores por conta de um problema que já desabafei aqui no blog) de assistir a mais recente tentativa da Disney em emplacar novamente a franquia do pirata mais famoso da cultura pop. Decidi logo ver esse quinto filme da saga de Jack Sparrow sem perder tempo obedecendo ao meu TOC e conferir tudo em linha cronológica. Em outras palavras, não tinha assistido a quarta aventura (o mal-falado Navegando em Águas Misteriosas) na íntegra pela má impressão tida quando dei uma olhada em parte do primeiro ato e mudei de canal. Mas como o filme anterior aparenta ser extremamente episódico, nada melhor do que pular para esse daqui que ao menos amarra umas pontas deixadas ao final do terceiro filme.

O plot central, além do conflito óbvio proposto pelo título, não escapa da "armadilha" de se sair como episódio ao apresentar um acerto de contas entre Jack e um pirata espanhol, Salazar, que tinha como objetivo exterminar todo e qualquer pirata que viesse a encontrar pelos mares. Um embate simplesmente pessoal, mas que, em progressão, não atribui quaisquer resquícios de protagonismo a Jack. O filho de Wil Turner, Henry (fruto do relacionamento com Elizabeth Swan), sim é quem recebe um considerável destaque, até merecendo a alcunha de protagonista real do longa, enquanto Jack não passa de uma figura de luxo porque a trama exige que seja o centro da problemática, contudo, ao mesmo tempo não sendo expansivamente o foco em geral do filme. Pois é, o pirata com seus trejeitos únicos e maneirismos engraçados não se faz como "ladrão de cenas" ao longo da aventura que tem o Tridente de Poseidon como elemento propulsor da narrativa, envolvendo a cobiça de Henry, Carina, Barbossa (os três como aliados) e Salazar como se fosse um jogo pra ver quem chega primeiro. É uma caça ao tesouro que é bem conciliada e equilibrada à rixa de Jack e Salazar.

A aura de lugar-comum permeia durante quase todo o enredo, ora passando-se mais em terra firme, ora passando-se um bom tempo no mar. Se tivesse que escolher em qual plano se saiu melhor, preferiria as cenas em superfície que teve momentos razoavelmente hilários como a descoberta de Jack roubando um banco em plena inauguração e a sequência que se prossegue disso e o "Deus Ex-Machina" na cena em que Jack e Carina estão prestes a serem executados na guilhotina e na forca, respectivamente, antes de serem salvos por Henry e sua tripulação que antes tinha o abandonado pela repreensão de seu capitão devido ao fracasso no roubo do cofre. A forma típica da saga de construir o humor se mantém na firmeza, para o meu alívio, e pude dar umas boas risadas com algumas sacadas do próprio Jack. Por falar no personagem em si, é válido se atentar quanto a atuação de Johnny Depp: A menos orgânica em toda a história da franquia, o que elucida um sinal de cansaço, apesar das características ímpares de Sparrow estarem irretocáveis, a sua entrega de performance não se equipara aos longas anteriores. Não que ele tenha atuado mal, mas sim que faltou aquele gás, a energia que o papel possuía outrora. Coisa semelhante acontece com Geoffrey Rush, o C. Barbossa.

A paleta de cores até tenta emular o estilo da trilogia original, de fato resgata em dados momentos aquele espírito mas nenhuma "volta às origens" realmente acontece. O que temos aqui é uma trama meramente "pequena" em relação a tudo que foi antes apresentado. Não tão pequena quanto a do filme anterior, mas é menor em seu próprio nível e se colocada em comparativo com os outros filmes arrisco dizer que chega próximo ali do patamar de A Maldição do Pérola Negra (vou entender se alguém discordar profundamente, até porque o ar que a franquia respirava já dissipou há tempos). O vilão interpretado por Javier Bardem, o incansável arqui-inimigo de Jack Sparrow, soa caricato e o lance do cabelo pairante é tão risível, é um tipo de humor involuntário que não via desde No Fim do Mundo com a deusa Joelma... digo, Calypso. A motivação dele pode ser compreendida, mas aí foi muita falta de astúcia da parte de um pirata tão ambicioso e ameaçador logo cair na pegadinha do Sparrow ao entrar no amaldiçoado Triângulo do Diabo. A terra firme se mostrar a fraqueza dos mortos-vivos foi uma jogada de conveniência, embora não sirva como problema.

E por falar em problemas, preciso falar do terceiro ato, especificamente a batalha final entre Sparrow e Salazar naquela abertura no fundo do mar que se dividiu com a ativação do tridente (com a ajuda da astrônoma Carina, sua função de grande relevância, ganhando seu melhor momento na ilha das pedrinhas brilhantes que pareciam estrelas do espaço sideral se vistas de cima), achei meio infantil o vilão brincar com o tridente lançando o Jack de um lado para o outro, não é o tipo de morte lenta e dolorosa que se esperaria que alguém que exalava tanta vingança (principalmente na didática explanação de como se justificou a vingança com um flashback onde se vê a primazia do trabalho de efeitos especiais que rejuvenesceram Jack Sparrow). No mais, tudo transcorreu e se resolveu de maneira fácil, as decisões do enredo não foram tão desafiadoras. Talvez o ato mais ousado dali seja a morte de Barbossa que se sacrifica pouco depois de rever sua filha, ninguém menos que Carina e OK, ela fica de boas - não que ela precisasse encharcar o rosto de lágrimas, mas nem uma tristezinha...

Considerações finais: 

O que pode-se constatar com este quinto filme da cinessérie é que a franquia já não ostenta mais igual brilho e charme da trilogia original ainda que a essência seja respeitada, mas nada se constrói como algo parelho ao que no passado funcionava tão bem. Os efeitos continuam impecáveis, mas os personagens que figuraram em todos os filmes até agora não parecem dispostos. O enredo continua bem montado, mas não abraça a camada de épico dos primeiros três filmes. Contudo, diverte mesmo oferecendo o básico do que poderia ser qualitativamente expandido. O básico que se sustenta. A franquia, no geral, por outro lado, não parece engajada em desbravar novos mares e é melhor assim.

PS1: Reservei esse espaço aqui para falar brevemente de um tópico polêmico. A galerinha que criticou o filme pelo machismo escancarado provindo tanto do próprio Jack Sparrow quanto de alguns personagens (o cara lá que encontra Carina mexendo num dos seus objetos de astronomia, acho que era um telescópio, e se surpreende pois proíbe mulheres no seu recinto) forçou muito a barra. É historicamente plausível que determinados personagens ajam dessa forma. Eu sei que é retrógrado, não sou simpatizante desse comportamento, mas venhamos e convenhamos... O que esperar de um filme ambientado no século XVIII? É incorreto demais um filme respeitar a época que ele se prestou a retratar trabalhando conceitos que fizeram parte dela como a discriminação às mulheres? A Elizabeth batalhava com os piratas de igual pra igual na trilogia [inseriria aqui um palavrão bem pesadão, mas isso seria muito "deselegante"]. Então pra quem reclamou e arrotou mimimi a respeito disso, não se façam de cegos ou desmemoriados, só aproveitem o filme que não tem culpa de representar uma época onde aquilo que tanto repudiam foi tão pertinente (mesmo sendo uma conduta claramente errada). Isso se chama fidelidade e fim de papo.

PS2: O tridente dava um fim em todas as maldições, não é mesmo? Pela cena pós-créditos, ele não tinha toda essa garantia, ou seja, um produto pirata (sacaram aí a piada?) Sequência com Davy Jones? Não, não e não...

PS3: Os tubarões-zumbis até que foram legaizinhos. Em renderização, só perdem para o navio de Salazar e obviamente o Kraken (a criatura suprema desse universo).

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/piratas-do-caribe-a-vinganca-de-salazar-em-abril-no-telecine-premium/

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