Crítica - Rampage: Destruição Total


Uma história blockbuster melhor do que Transformers!

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Eu não sei bem se o The Rock tem algum "toque de Midas" para qualquer produção que é envolvido, porque esse cara pode não ser tão gabaritado no campo da atuação (do tipo que em todo filme pareça sempre o mesmo personagem), mas há uma coisa nele nem um pouco subestimável que certamente é o seu carisma ímpar perante ao público e sua presença em filmes de ação garante sucesso absoluto - na medida do possível. Em Rampage isso não é diferente e o ator está bastante simpático no seu protagonista, o primatologista Davis Okoye que exerce sua função em San Diego e tem uma forte amizade com um inteligente gorila albino chamado George (ele não é curioso, mas fica furioso ao longo do filme heheh) com o qual estabeleceu um vínculo desde que o acolheu ainda filhote (o pobrezinho viu sua mãe ser maltratada e sua versão kid até que é bem fofinha) e se comunica com linguagem de sinais numa interação divertida e com certo traço de dramaticidade.

Agora por que da comparação cretina com Transformers? Bem, todo mundo sabe que o cinema descerebrado de ação caminha numa deficiência de boas narrativas a todo ano sem esboçar praticamente nada de inovador, um gênero mais imediatista do que ineditista, e sempre apelando para clichês incansáveis que por consequência exaustam os espectadores mais ávidos por novidades. O grande suprassumo desse "espremedor de laranja" que nunca cessa é a invasão alienígena. Transformers tem o adicional perfeito para o casamento do sucesso que são robôs gigantes (elemento num grau abaixo diante da supremacia alien). Mas um desfilar de erros depois do primeiro filme fizeram a franquia adquirir uma má reputação aos olhares mais críticos. Rampage pode ser comparável ao primeiro Transformers por não necessariamente exigir uma sequência e ter montado uma história redonda e totalmente fechada em si mesma sem brechas nítidas e pretensas. É um mérito engrandecido quando o filme se mantém pelo tempo nesse status. E espero que isso de fato aconteça com Rampage porque de continuações anunciadas pouco posteriormente a estreia já saturou e meio que tira aquela graça de antigamente quando se passava um tempo até o hype do filme baixar e vir a confirmação de produzir outro. Acho bem melhor assim.

George, o furioso.
Para suprir tanta repetição de tema, Rampage vem com a missão de apresentar um filme pipoca trazendo animais intoxicados por um gás que os transformam em feras agigantadas, hiperativas e enfurecidas que provocam destruição aonde quer que vão. Verdadeiros arrasa-quarteirões dentro de um arrasa-quarteirão. É bom se ter em mente que posters e/ou trailers do gênero enganam, isso é fato, eles dão à produção um verniz épico que não corresponde em 100% a nata do conteúdo. Você olha para o poster de Rampage e normalmente espera uma aventura destruidora e massacrante que não perdoa vítimas (muita gente morre no ataque à Chicago, mas o filme não se importa com isso) e nem prédios com essas feras da pesada (por sinal, se o filme passasse na Sessão da Tarde isso cairia bem =P) que precisam ser controladas (aliás, curadas, pois é uma infecção e, se tem isso, é indispensável que haja um antídoto pra resolver a bagaça logo). O que é um filme épico, afinal? Uma palavra tão banalizada e de definição extremamente subjetiva. Voltando ao filme, não tem aquela grandiloquência megalomaníaca remetente ao que Michael Bay geralmente faz. Explosões e destruições de prédios não ficam em excesso, os exageros habituais acontecem em instantes apropriados. George, o co-protagonista, é o primeiro animal a ser infectado. O motor da trama é a organização científica Energyne que realizou uma experiência questionável e o prólogo, relacionado à isso, aparenta ser outro filme ao ser ambientado em grande parte no espaço (numa espécie de estação espacial) mostrando os danos causados por uma cobaia e a mulher que pelo visto foi a única sobrevivente tenta escapar com amostras, mas seu retorno à Terra é arruinado e a explosão a atinge, fazendo os cilindros e destroços da capsula caírem em três locais dos EUA (porque abaixo do país tem um imã para atrair aliens e um monte de outras coisas bizarras de fazer falar "vai dar merda"). Eu esperava um número maior de criaturas, mas o trio está de bom tamanho.

Tal como a maioria desses filmes, sempre se faz necessário um exercício de suspensão de descrença e por conta disso não procuro racionalizar o Dwayne "The Rock" Johnson escapar sem grandes ferimentos com sua parceira, a Dra. Kate Caldwell (tagarelando uns bagulhos científicos que ninguém liga), da demolição do prédio e escapar do lobão surtado e nem mesmo a super-força do The Rock convenientemente se desprendendo das algemas (?) para salvar a todos do avião que transportava George quando este sofre influência de uma frequência aguda provinda de uma antena acionada pela dupla de vilões irmãos, Claire e Brett Wyden, sedentos por uma piscina de grana para atrair os monstros à Chicago (um pano de fundo favorito de destruição cinematográfica) pois a cura se encontra no prédio da Energyne. No meio do segundo ato a previsibilidade ganha força pelo direcionamento se esclarecer muito superexpositivamente: Ir até Chicago, roubar o antídoto e dar um jeito de curar os três animais, especialmente George. Claro, tudo isso enquanto o gorila, o lobo e o crocodilo (o adversário mais trabalhoso e letal) se divertem numa farra de estragos pela cidade. É uma trama óbvia que não dá margem para grandes segredos. Depois que George é curado (de uma forma inusitada mas não menos facilitada), é oferecida a abertura para o quebra-pau de animais mutantes e híbridos. O gorila esperto acaba com a festa do crocodilo, mas não sem um sacrifício. Entretanto,  o roteiro sacana nos prega uma peça (valeu a tentativa), criando uma emotividade falsa que engana um pouco, só não bloqueia a suspeita do espectador e a cena não é tão sutil a esse ponto.

O humor é atribuído ao próprio George e suas compreensões da linguagem humana. Além disso, os efeitos e a captura de movimentos estão primorosos, com texturas beirando ao realismo e nada que se aproxime minimamente da galhofa ou do trash, embora o conjunto do filme dê essa impressão e até aparenta seguir uma vertente de teor B. Rampage poderia ser um trash da série "tão ruim que é bom", porém seus recursos garantiram-lhe um frescor natural de blockbuster careiro e facilmente absorvível (fácil até demais).

Considerações finais:

Rampage por várias passagens trata sua principal fera como um semi-protagonista. Sim, com isso quero dizer que o George é a real estrela do longa e ouso dizer, detentor de um carisma que diverte mais do que as tiradas do personagem de The Rock, mesmo que não sabote a relevância dele (são valores de participação quase síncronos). De muitos ângulos ele pode ser vazio com o único propósito de jogar efeitos e cenas de ação na tela, mas deve ser reconhecido como um produto iluminado numa mesma safra que anda atirando no escuro. O processo é: Pega a pipoca, "desliga o cérebro" e assiste.

PS1: Se confirmarem sequências, George e Davis serão uma dupla heroica que combate novas ameaças... e o que viria na segunda aventura? Insetos? Não deixem isso virar mais caça-níquel do que já é, produtores.

PS2: A progressão do enredo é bem interessante e vai de encontro à proposta dos grandes ficarem ainda maiores (em todos os sentidos). Acho que referencia o The Rock também, o lance do grande conhecendo algo maior...

PS3: George fará aquele gesto do dedo entrando no "buraco" só de zueira toda vez que o Davis conhecer uma mulher e apresentar à ele. Amei o senso de humor desse gorila hahah.

PS4: Jeffrey Dean Morgan tá fazendo o quê aí? Sinceramente ele teve uma inutilidade muito acentuada (nem pra convencer o chefe militar lá). Larga do taco de beseibol e volta pra Supernatural!

PS5: O lobo foi o único a ter uma habilidade legal que é disparar aqueles espinhos e os outros não...

PS6: Os bichos são imunes à balas e fogo, mas a teimosia humana é pior do que essa conveniência...

PS7: Militares são figuras predominantes nesses filmes. Engraçado o coronel (ou major, sei lá) ter cancelado o lançamento da "mãe de todas as bombas" após o George derrotar o crocodilo sendo que o gorila também era considerado uma ameaça. De uma hora pra outra ele entendeu que o George é o herói. Era para a ordem ser emitida após a "morte" do George. Mas tudo bem, abafa (digo, relevo).

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://cinepop.com.br/rampage-destruicao-total-ganha-hilario-trailer-honesto-confira-180612
                                   https://cromossomonerd.com.br/rampage-destruicao-total-filme-tem-sua-data-de-estreia-alterada/

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