Crítica - Zankyou no Terror

À esquerda, Nine (o inteligentão sisudo), à direita Twelve (o inteligentão descontraído)
e ao centro Lisa (o peso morto). 

Anime dá sua perspectiva exemplificada da mente terrorista sem necessariamente glamourizar o tema.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Como neste exato momento em que redijo esse texto ando lutando contra o relógio para adiantar outros projetos, vou tentar deixar essa review o mais concisa possível, mesmo tendo que citar spoilers bem densos, pois assim como a dupla de protagonistas o meu tempo está curto e não posso mais esperar (leia-se: procrastinar, minha melhor habilidade) para colocar em prática as minhas ideias. Um anime protagonizado por dois jovens terroristas pode até causar um certo espanto a princípio, causando dúvidas da maneira que sua trama será destrinchada, se conveniente demais aos personagens principais ou não, coisa que apenas se descobre assistindo (e não importa se estiver com os dois pés atrás, a temática fisga de um jeito que impede de contrariar um interesse lá no fundo, é basicamente a típica curiosidade mórbida, porém neste caso em menor grau). Nine e Twelve são adolescentes que escaparam uma espécie de "campo de concentração" onde se mantinham crianças órfãs (todas "nomeadas" por números) destinadas a um cabuloso plano, chamado Projeto Athena, que visava induzir artificialmente nelas a Síndrome de Savant (se não sabe bulhufas a respeito, joga aí no Google - hoje eu tô folgado mesmo =P) nelas e as mais superdotadas foram selecionadas. Ambos foram os únicos a escapar... pelo menos é isto que o roteiro quer que você pense até certo ponto. A narrativa já inicia com tensões em alta mostrando um roubo de plutônio.

O desenrolar dos fatos segue num jogo de polícia e bandido em que os homens da lei submetem-se às vontades dos foras da lei. Mais precisamente, Nine e Twelve criam personagens (Sphin Nº 1 e 2, respectivamente) para ocultarem suas identidades, gravando vídeos com enigmas e charadas para a polícia adivinhar a tempo de evitar a detonação de uma bomba previamente implantada. O que muita gente imaginou se tratar do seguimento no qual o anime se estabeleceria até o final, algo que rompeu com a chegada da personagem Five, uma moça inescrupulosa que havia sido uma terceira fujona do Assentamento (que é consumido por um incêndio), mas que não pôde ser salva por Nine ou Twelve, ficando para trás. Five retorna com sede de vingança contra a dupla e sua inserção dá uma chacoalhada no ritmo do anime (e eu posso ter sido um dos poucos que não se decepcionou com a entrada dela ao contrário de alguns espectadores que queriam uma uniformidade no enredo em relação às charadas complexas baseadas na mitologia grega, especialmente no mito da Esfinge) fazendo os dois terroristas ganharem facetas mais pendidas ao anti-heroísmo enquanto veem seus objetivos ameaçados por um terceiro elemento na equação com igual ou maior capacidade intelectual para estar a um passo à frente. O núcleo dos policiais contém cenas que rememoram bastante Death Note e aquelas reuniões discutindo a ameaça do Kira com as participações do L com voz distorcida pelo computador. Para fim de comparação, temos um texto inspirado e afiado, além do policial que desempenha função de alívio cômico, apesar disso estar bem comedido (o gordinho lá que adora rosquinhas que me esqueci o nome).

Da animação simplesmente não tem no que se prolongar, só se eu dedicasse um único parágrafo para me rasgar em elogios para as técnicas que foram incorporadas na arte, sejam no traços, na paleta de cores (vivaz e intensa - o céu, por exemplo, é de um azul pra "arder a vista"), na qualidade do filtro e nos efeitos 3D para atribuir mais "realismo" aos cenários (algumas cenas contém detalhes recortados autênticos do mundo real ou que imitam perfeitamente). O estúdio MAPPA definitivamente não errou a mão nesse aspecto em nenhum episódio. Mas se eu demorei um pouco a falar dos pontos negativos, OK, vou começar (quase pra fechar crítica): Lisa. É por esse nome que atende o meu maior desapontamento. Durante as duas semanas que acompanhei, fiquei a me perguntar: O que essa garota tá fazendo aí? Ela que iniciou como uma refém, conhecendo Twelve por acaso (e mais casualmente ainda se envolvendo num dos atentados terroristas perpetrados), passa para "aliada", depois empregada/cozinheira (do tipo que não passaria nem das eliminatórias do MasterChef) para interesse romântico de Twelve que se afeiçoa à ela (porque pro Nine ela não fede nem cheira do começo ao fim =P) embora tenha a coagido sob chantagem e ameaça de morte (o único motivo para justificar a presença dela). Literalmente, uma mosca morta que não serve para nada. Fui duro demais? Tudo bem, sendo mais gentil, admito que ela teve um papel de importância no reconhecimento do propósito dos dois amigos que explicam seus atos de terrorismo: eles queriam ser lembrados, queriam que seu "Édipo" (o competente policial Shibazaki que chega a ser suspenso do caso junto com seu parceiro, o esquentadinho, mas divertidinho, Homura) soubesse que eles viveram neste mundo. Ou seja, os dois queriam ser descobertos o tempo todo.

A quantidade de episódios foi ideal para promover um enxugamento para garantir consistência na história - que nem derrapa tanto assim com a aparição de Five, mas perde na imponência ameaçadora dos protagonistas e nos interessantes enigmas que eles soltavam para confundir os policiais. Na questão do terrorismo, o bom é que não existe romantização pretensa. Twelve e Nine são vilões, cientes do caminho obscuro que escolheram e não morreram (em decorrência do efeito colateral dos experimentos que sofreram - na verdade Twelve morreu pelo tiro que levou do exército americano que se intrometeu na parada inesperadamente e Nine que de fato pelo prazo de validade que o experimento dava à cobaia) como menos ou mais do que isso. Se são dignos de ódio? Pelas ações maquiavélicas orquestradas, sim. Pelo desfecho? Nem tanto.

Considerações finais:

Contendo um ritmo engajante recheado de suspense, Zankyou no Terror é o anime que faz a boa pedida por uma história que aguça a mente para gerar uma atenção compenetrada no seu enredo que passa por momentos de caos e tranquilidade bem balanceados. Só não vale ir esperando algo tal qual Death Note (pra quem não viu e não se importa com aviso de spoilers).

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor  foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://www.neko-san.fr/anime/zankyou-no-terror

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