Crítica - O Retorno da Múmia
O inimigo do meu inimigo... é meu inimigo também!
Crítica originalmente escrita em 27/05/2019
No final da minha review do primeiro filme, lá nos PS. (minha parte favorita antes de dar a nota rs), eu tinha argumentado que o enredo mostrava-se muito fechado para que uma sequência pudesse ter suficiência ou até mesmo sustentação para prosseguir naturalmente sem que transpareça uma mera intenção de rentabilidade. Mas falei que se fosse pra repetir a dose, não tinha problema. Ao ver o desempenho de Alex O'Connell nessa continuação, devo dizer, com toda a sinceridade, que errei na minha colocação a respeito de uma continuação justificada. Rick e Evelyn estão casados e tiveram essa cria cuja função axial é nada menos que ser o fio condutor da trama. E o garoto é um personagem bem gostável, muito mais pela sua força demonstrada perante aos eventos perigosos, não se acovardando aos vilões, então é um alívio ver que ele não é a criança chorona e birrenta do tipo "eu quero a minha mãe!". Com uma maturidade precoce dessas, é ou não é pra qualquer pai e mãe se orgulhar? A vida boa do casal não dura o bastante para que eles desfrutem de mais um sucesso (ou escapatória da morte) de expedição arqueológica num templo mortuário nas ruínas de Tebas onde obtiveram uma urna contendo o mítico bracelete de Anúbis. Alex, que não é uma criança perfeita, põe o bracelete no pulso que o orienta numa visão a seguir destino para Ahm Shere, deserto onde o conquistador implacável Escorpião Rei barganhou sua alma ao deus Anúbis em troca de poder para derrotar os inimigos - com um exército de chacais bípedes, um oásis e uma pirâmide.
O diretor Stephen Sommers retornou ao posto, contudo a repetição de dose não acompanhou o antecessor em termos de elaboração do roteiro. É ótimo ver Rick, Evelyn e Jonathan totalmente inalterados, em reprises sem deslocamentos de personalidades, mas a balança não adquiriu o mesmo equilíbrio de comédia e ação do primeiro longa a fim de causar as mesmas reações de riso, seja com as trapalhadas de Jonathan ou com o comportamento de Rick quando as situações exigem que ele seja divertido, ou de espanto/nojinho durante uma cena "feia". Portanto, percebe-se claramente um desbalanço justo no que funcionou enormemente bem na aventura passada (uma tentativa de acertar como antes nem sempre acontece né?). A adição de Izzy, amigo de longa data do Rick, contornou um pouco esse cenário mediante à seriedade quase predominante que o sequestro de Alex por um bando de caras de vermelho (basicamente uma seita que ressuscita Imhotep pra competir com o outro vilão e que mais cedo sequestra Evelyn para sacrifica-la e garantir que o ex-sumo sacerdote assuma o comando do exército de Anúbis) paira sobre uma boa extensão da história. Mas por outro lado a "obrigatoriedade" de um Deus Ex-Machina ficou estampada nele a partir da queda e consequente dano do seu dirigível por um ataque de Imhotep (desta vez mandando um aguaceiro com rostinho sinistro em vez de tempestade de areia), logo estava na cara aquela tapeação trivial do roteiro que o espectador muitas vezes não consegue desvendar e que é funcional para a tarefa de surpreender, ou seja, Izzy surgiria com o dirigível consertado justo no momento de maior sufoco do clímax para resgatar a família do vórtex que se formou após a morte do Escorpião Rei perfurado pela lança dourada (que ninguém a princípio sabia que era uma lança e ainda estava em posse do estrambelhado do Jonathan) e afundou a pirâmide com o oásis inteiro. A impressão de um Imhotep escanteado não é mera impressão, até porque a chegada do Escorpião Rei para engrossar o caldo (não bastando a guerra entre os Medjai, grupo liderado por um dos meus personagens favoritos da cinessérie que é o Aderth Bay, e o exército de Anúbis no deserto) dificulta as coisas para Rick e cia, mas ao se dar conta de que o intérprete do vilão é Dwayne "The Rock" Johnson, não restam dúvidas do porque dessa visão de segundo plano para a múmia, afinal de contas em matéria de roubar a cena o cara é especialista (mesmo com um CGI bizarro daqueles! O_O).
A introdução de Anúbis somada à ideia de um filho concebido por Rick e Evelyn metido no olho desse furacão tempestuoso (onde é usado como bússola humana e sua vida vale menos que um artefato milenar) para conduzir uma missão de resgate e ao mesmo tempo impedir mais uma investida de Imhotep foram bons elementos de encaixe para construir uma aventura com acréscimos de alguns minutos em relação a anterior, apesar de não supera-la na congruência dramática.
Considerações finais:
O Retorno da Múmia encerra a saga de Imhotep livre de defeitos que poderiam arriscadamente selar a franquia num "sarcófago cinematográfico" por muito mais tempo do que levaram para oficializar a produção de um terceiro filme. A fotografia mudou relativamente (ate aí nada demais) e o entretenimento não é comprometido por mais que tenha se distanciado do que proporcionou anteriormente.
PS1: O arco de Evelyn (reencarnação de Nerfertiri, por essa eu não esperava) foi sensacional de bem desenvolvido assim como o conflito direto com Meela (reencarnação de Anck-Su-Namun), ambas interligadas pelas vidas passadas.
PS2: Deu dó do Rick devastado pela morte da esposa (que, impactando a zero pessoas, ressuscitou graças ao Livro dos Mortos), mas o Alex e o Jonathan (principalmente) bem que podiam manifestar algum pesar né?
PS3: Mas é isso que admiro no Alex, essa resistência de enfrentar as adversidades e ciente de tudo que ocorria à sua volta ele aparentemente já contava que haveria uma solução para trazer a mãe de volta (por que seria possível ressuscitar uma múmia de 3.000 anos e não uma pessoa apunhalada por uma espada?).
NOTA: 8,0 - BOM
Veria de novo? Sim.
*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.
*Imagem retirada de: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27430/fotos/detalhe/?cmediafile=19896930
Comentários
Postar um comentário
Críticas? Elogios? Sugestões? Comente! Seu feedback é sempre bem-vindo, desde que tenha relação com a postagem e não possua ofensas, spams ou links que redirecionem a sites pornográficos. Construtividade é fundamental.