Crítica - Bumblebee


Um inestimável alento pra quem já não suportava mais a saga Bayformers.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Parece que um milagre aconteceu. Após mais de uma década com a franquia capitaneada por Michael Bay sob um mar de explosões e humor duvidoso, os cinéfilos mais puristas ganharam uma oportunidade de respirarem aliviados (os que aplaudiram o longa solo do braço direito de Optimus Prime e choravam sangue com os filmes da cinessérie principal) testemunhando essa guinada interessante dos robozões através de Bumblebee, o simpático transformer que fora basicamente o co-protagonista não-humano nos dois primeiros longas pela sua relação afetuosa com o protagonista humano (e chatonildo) Sam Witwick. Enganam-se aqueles que imaginam que a produção trata-se de um prelúdio do Bayverse. Nop! Está mais para revitalização. Ou em outras palavras: Indicativo de reboot. Foi o que transpareceu. Não, melhor dizendo: É precisamente isso que o filme escancara (a informação da Wikipédia tá errada, não se passa 20 anos antes do primeiro filme da franquia porque não está inserido na mesma e se a produção concorda, é uma contradição).

O longa solta indícios cristalinos de que uma desconexão com o antigo universo estabelecido foi feita porque provavelmente alguma entidade de luz deu um toque de esclarecimento nos produtores lhes incentivando a mudar o lastimável quadro. Daí nasceu este lindo filme de clima oitentista bem introjetado e num teor de Sessão da Tarde que faz falta nos dias de hoje. Autobots e Decepticons estão em pé de guerra em Cybertron e a situação alcança um ponto tão crítico que Bumblebee é colocado para se refugiar na Terra a mando de Optimus Prime. Se os problemas acabariam depois da fuga e tudo seria sombra e água fresca? Óbvio que não, pois dois Decepticons seguem rumo à Terra para capturar Bee que é considerado fugitivo e forjam uma aliança com o Setor 7 sem apresentar muita verossimilhança (que organização militar iria se sujeitar às exigências de seres alienígenas pra pegar um "criminoso" a troco de uns avanços em estudos científicos - o energon - em vez de descarregar um arsenal inteiro nos patifes?). Na trama B, e não menos importante, temos a garota Charlie Watson que completa 18 anos e olha que presentão dos bons que caiu do céu (literalmente): Um fusca amarelinho pra sair desfilando e fazer as inimigas morrerem de inveja. Mal sabia ela que o automóvel era um robô-alienígena disfarçado.


A amizade crescente entre os dois é a parte de grande sensibilidade (com o reforço do drama familiar de Charlie envolvendo seu pai - creio que falecido) e no meio do desenvolvimento de tal relação é perceptível que o humor adotado para expressar a inocência de Bee não tem a menor comparação às palhaçadas que víamos na outra franquia (sim, não é a mesma franquia, ratifico que isso não é um filme derivado que volta ao passado do mesmo universo e facilmente comprovável, aliás o próprio longa mostra as razões e talvez haja quem insista, batendo incansavelmente na tecla, em falar que é prelúdio - e NÃO é!), garantindo boas risadas espontâneas. O esforço de Charlie para encobrir a presença de Bee na sua forma real soa como um dono adestrando seu cão. A condição de Bee dentre uma sociedade humana num dado momento é igualável a uma criança pequena que nunca foi orientada pelos pais que encostar o dedo no buraco da tomada é perigoso (e é exatamente isso que desencadeia um avanço significativo da trama, atraindo os Decepticons e o exército do Setor 7 pela fonte de energon detectada e colocando o fusquinha em maus lençóis - além de Charlie e seu amigo/crush/parceiro de aventura Memo). A preferência por cenas focalizadas na vida de Charlie ao lado de Bumblebe, bem como os próprios problemas da personagem (o deslocamento na família, a ausência do pai, o bullying), ao invés de impor sobre cada ato um "clímax" explosivo é um diferencial enorme. Nem dá para acreditar que acertaram a mão mesmo com o Bay creditado na produção executiva (se bem que é possível sentir a influência dele no roteiro, ainda que, felizmente, ínfima, bem mixuruca).

Considerações finais:

Pra quem amava os Bayformers de paixão, vai sofrer de saudades com Bumblebee e provavelmente não se sentirá confortável com o resultado final, vide a escala que os conflitos da franquia iam alcançando conforme os filmes eram lançados, sempre querendo atingir (e por extensão, superar) um estado apoteótico de "epicidade" (não sei se essa palavra existe mesmo) e acostumar-se à isso ao encarar esse suposto reboot como um flashback esticado não torna a experiência legal. Do filme no geral, é certeiro no tom, nas ambientações e, especialmente, nas lutas entre os robozões. Até que enfim!

PS1: Os novos designs (ligeiramente mais fiéis aos clássicos da Geração 1) os deixaram mais "limpos", em favor das lutas.

PS2: O personagem do John Cena não tinha um background de se exigir muito da atuação dele. Coube direitinho.

PS3: E pensar que quase rolou uma invasão de Decepticons. Um impedimento necessário pro filme não acabar engrandecendo a ameaça, afinal é o longa de um transformer e não dos transformers. A melhor humana útil e o melhor Autobot unidos (uma observação: que foda o Bee derrotar Dropdick com uma corrente, foi prático, rápido e bem executado).

PS4: A Charlie é uma vítima de bulliyng um tanto masoquista pra ter que baixar o vidro do carro e ouvir as hostilidades da patricinha nojenta (inconsequência de adolescente). Eu pisava fundo, cantava pneu e fazia ela comer poeira.

PS5: Três motivos que provam o quão incoerente é considerar o filme integrante da mesma franquia: 1) Optimus e os demais só chegaram à Terra no primeiro Transformers, enquanto neste pelo menos o Optimus é visto já presente. 2) Em Cybertron, Bumblebee mostrava possuir rodas perto dos ombros, ou seja, ela já era um carro que transformava-se em robô ou vice-versa (os transformers são literalmente isso?) e no primeiro longa de Bay os demais Autobots tinham uma aparência robótica mais nua e só depois assimilavam os modelos de carros para disfarçarem-se. 3) Nenhuma menção ao Megatron congelado. Inconsistências óbvias e pesantes demais pra ficar insistindo que o longa é um prelúdio da primeira franquia.

NOTA: 8,5 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.blog.quartogeek.com.br/bumblebee-paramount-revela-novo-poster-do-filme
                                   http://lampadanerd.com.br/wp/2018/11/19/bumblebee-filme-ganha-poster-nacional/

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