Capuz Vermelho #58: "Dançando com o diabo"


CAPÍTULO 58: DANÇANDO COM O DIABO

- Eu me chamo Pandora. - disse ela, já de pé e livre das algemas após ter sucesso em convencer a dupla - Sou famosa nos livros de mitologia grega, muito embora viaje por diferentes linhas do tempo e dimensões como uma forasteira desconhecida. O meu pai... é ninguém menos que Zeus, o rei de todos os deuses do Olimpo que conferiu ao grande Hefesto, deus do fogo e dos metais, também filho dele, meu meio-irmão basicamente, o poder para criar um objeto que armazenasse todos os males que aniquilariam a existência. Nem precisa adivinhar...

- A sua famigerada caixa. - disse Hector, focado - A caixa de Pandora. Quando você abriu...

- Falei que o tempo é curto, sem mais delongas, se concentrem em deter a Caosfera... ou tentar.

- Você não faz parecer que é fácil, por isso nós acreditamos. - disse Rosie - E sobre a coisa no Tártaro... O que diabos tem lá que controla Mollock a ponto de coloca-lo num transe hipnótico?

- O que houve á Mollock é só uma das formas de Belphegor testar seu poder de influência que atravessa as seis camadas. Além disso, leva-se em conta o fato dele ser metade demônio. - declarou Pandora, segura de si - Mas também pode ter uma reação adversa quando um demônio importante é invocado, como dores agudas de cabeça e descontrole emocional.

- Belphegor... - disse Hector, pensativo - Por que esse nome soa tão familiar pra mim?

- Vovó nunca te mencionou ele? Afinal ele pode estar listado no Goétia, ela tinha acesso ao livro né? - perguntou Rosie.

- Não só um demônio no meio de 72. - disse Pandora - Assim como também o primeiro demônio criado na história.

- Sério? - indagou Rosie, surpresa - Os idiotas querem libertar o maior ancestral demoníaco?! O que eles ganham com isso? Quais benefícios eles esperam conseguir com esse pacto?

- Poder, status, glória, não me explicaram bem antes, mas receio que seja para criar uma nova ordem. Belphegor foi aprisionado por um crime imperdoável. Enquanto humano ele matou sua própria filha... quando já estava para se tornar um demônio e só poderia cometer um assassinato quando a transformação estivesse concluída, o que ele acreditou que anularia a maldição. Hades o condenou há três ciclos de reclusão em regime fechado. Essa é mais uma longe história. Posso pular para a minha parte favorita: Eu. Tenho algo que precisam recuperar e de quebra podem impedir a remoção da quinta camada. É pegar ou largar, vamos ser sócios.

Um silêncio desconfortável se fez entre os três. Rosie e Hector entreolharam-se rápido, bastante sérios. Arcar com futuras consequências seria um preço válido?

- O que você tanto quer é a razão pela qual você se rebelou contra a Caosfera? - perguntou Hector.

- Minha relíquia mais preciosa foi roubada e está num lugar meio distante. A capela de São Miguel. Sabem o Rei Salomão? Antigo Rei do povo de Israel? Esse mesmo homem tão influente foi um mago do caos às escondidas. Os malditos realocaram a tumba à capela e puseram meu objeto lá pra me provocar.

- E se for uma outra armadilha? - perguntou Rosie.

- Rosie, melhor... - disse Hector, tentando faze-la mudar de opinião.

- Tudo bem. Se é assim, não ligo se forem caçados como fugitivos. Eu tentei ajudar. - disse Pandora, andando para sair pela porta. Hector novamente barrou sua passagem usando supervelocidade - Isso é um "Nós topamos"? Ia dar uma segunda chance. Principalmente à ela. - olhou para Rosie.

- O que é essa coisa tão valiosa? - perguntou Hector.

- O chamo de Espiral, um dispositivo místico com a finalidade incrível de... viajar no tempo. Com algumas limitações, é claro. Conseguindo ele de volta, tenho minha liberdade ganha.

- Mexer com o tempo não é perigoso? - questionou Rosie.

- Para uma veterana maga do caos como eu não há tanta preocupação. Me viro melhor sozinha do que mal acompanhada. Sem ofensas, julgo vocês a exceção. Dou minha palavra. Pegamos o Espiral e escondemos o cadáver. Só que antes... - fez uma pausa, mordendo os lábios - Vocês merecem saber da farsa mais de perto. O DECASO tem uma sede própria, não é mesmo?

- Sim, mas é especificamente para reuniões de membros da iniciativa, não nos envolve necessariamente. - disse Hector - É lá que termina o arco-íris e encontramos o pote de ouro?

- Aqui está. - disse ela, retirando um papel do bolso da calça - Cartão de visita. Me deram, mas nunca fui convidada. Já entrei sorrateira e bisbilhotei uns arquivos. Acreditem em mim como acredito em vocês. Mas deixo bem claro que coloco eu mesma em primeiro lugar. As suas vidas dependem somente de vocês.

Hector pegara o cartão, olhando-o. Rosie respirou fundo para não perder o controle àquela altura do campeonato. Eram oito da manhã e a sede ainda não fora aberta.

                                                                                       ***

Sede oficial do DECASO 


O prédio no qual ocorriam as reuniões particulares da organização tinha uma fachada que se assemelhava a um apartamento ou hotel quatro estrelas com paredes marrom claro e janelas simples.

Como último artifício de auxílio, Pandora ofereceu duas cópias de chaves: uma da entrada e outra da sala de arquivos confidenciais, ambas feitas secretamente pela própria. A dupla entrou cuidadosamente, também conferindo ao redor para se certificar de que não há ninguém suspeito, uma prática que não garantia total acerto e segurança.

- Ninguém na recepção. - disse Rosie, olhando para a mesa de madeira vermelha com luminária, papéis, máquina de escrever, blocos de notas, lápis, canetas e etc. As paredes eram revestidas de papel cor vinho e o piso num carpete sofisticado preto - Isso é uma deixa e tanto não acha?

- Acho fácil demais. - disse Hector, direcionando-se à porta que levava a um corredor.

Encontraram a sala de arquivos após cerca de  dez minutos. Hector inseriu a chave desconfiado. Encaixou e abriu a porta de vidro.

- Não consigo parar de pensar no quanto a Pandora está disposta a arriscar tudo assim só pra facilitar nosso trabalho. - disse Rosie, puxando uma gaveta do armário com dossiês - Ela pode ser pega por nossa causa se uma hora fomos descobertos.

- As consequências de um lado não serão arcadas pelo outro. - disse Hector, remexendo os arquivos na gaveta indicada por Pandora - Não temos escolha senão confiar nela até o fim. Dependendo de como vá acabar...

Havia uma mesa redonda no centro e os dois sentaram jogando sobre ela os arquivos que pegaram.

- Uma lista com todos os recrutas de 1938 à 1940. - disse Rosie - Dá pra reconhecer de cara alguns nomes... O Nick. Se lembra dele? O que se infiltrou na alcateia do Tristan em Manchester.

- Está falando com alguém dotado de memória fotográfica. - disse Hector - Gravo muitos rostos.

- Todos eles, os membros aceitos na iniciativa - disse Rosie, olhando os papéis com nomes e retratos colados - tiveram passagens por pelotões britânicos, um boa parcela transferida dos quarteis da guerra para o do general Holt e precisaram passar num teste único depois de aprovados na seleção. desbancaram a concorrência com apenas um teste obtendo vários pontos. O Derek está com a pontuação maior. - mostrara o resultado.

- São superdotados? - indagou Hector.

- Ou conseguiram através de um método pouco honesto. - disse Rosie - Hipnose talvez? Pra um projeto desse nível, o General Holt não ia facilitar tanto pra um bando de gatos pingados que nem lutaram nas trincheiras. Devem ter conhecimento geral de sobrenaturais... só não quiseram perder tempo. Concorda?

- A convocação de Derek, segundo sua ficha, se deu antes de Holt engavetar o projeto ainda em 1938. - disse Hector - Já era um cotado, possivelmente na lista dos favoritos para liderar.

- O que levou o General Holt a tirar o DECASO da geladeira foi a briguinha de marido e mulher entre Yuga e Sekhmet no meio de uma rua movimentada. - disse Rosie - Ou será que o Derek, seguro da sua convocação, compeliu o General a reconsiderar o projeto?

- Pensando bem, a Caosfera tem muito a agradecer ao Exército, supondo que o General Holt ter decidido mudar de ideia tenha algum fundamento sustentado pelo confronto de Yuga e Sekhmet. Sem essa retomada, eles não teriam a oportunidade de finalmente agirem por baixos dos panos.

- Penso o mesmo, mas confio mais na hipótese do controle mental. - disse Rosie - Não como aconteceu com o Adam e sim hipnose. Será que Mollock teve sucesso?

- Colocando os pesos na balança... - disse Hector - ... creio que não.

- Ia me esquecendo: Desviando um pouco o foco, eu queria falar sobre você ter dado sangue de...

- Rosie, olhe... - disse Hector, levantando-se rápido e fitando apreensivo a parede onde um símbolo oculto acendia-se em laranja. Mais dois surgiram. Ele sacou o EMF ligando-o - O ponteiro está tremendo como nunca e a bateria esquentando. A leitura está se elevando.

- Essa não... - disse Rosie - Por que tô com pressentimento de que...?

Um tremor súbito começara seguido de pedaços do teto caindo com bastante poeira.

- Esse calor! - disse Rosie, desconfortada - Hector, esses sigilos me lembra o que usamos contra as harpias. Vamos sair daqui! - falou, puxando-o pela manga do sobretudo. Ambos correram em disparada desviando das pedras que caíam. Os sigilos brilhavam mais intensamente a cada segundo emanando uma gigantesca onda de calor.

Logo quando cruzaram a porta de entrada, as janelas do andar de cima foram destruídas e num instante todo o prédio sofreu uma enorme explosão. Rosie parou num degrau da escadinha, ciente de que não iam escapar do fogo avassalador a tempo e tocou no brasão.

- Apotheosis! - gritara, ativando a fênix apoteótica. O fogo atravessou-os furiosamente. Sorte que Rosie acionou uma barreira protetora, uma camada alaranjada que salvou aos dois. Hector estava com os braços tapando os olhos, protegendo-se e logo se deu conta.

Muita fumaça e escombros se viam por toda parte. Rosie desfez a barreira, ofegando.

- Salvou nossas vidas. - disse Hector, olhando a destruição - Pensou rápido.

No fundo, Rosie estava mais atordoada com o que aconteceu e menos aliviada pelo seu feito.

                                                                                   ***

Área florestal de Raizenbool 

Os dois caminhavam na floresta se direcionando ao Casarão.

- O que fazemos agora? Outra dúvida pra nos atormentar. - disse Rosie - Pandora sabia ou não dessa armadilha no arquivo? Ela deu no pé e nem podemos rastreá-la.

- Nossas opções são poucas, mas não percamos a fé. - disse Hector - De repente, o General foi notificado e pode estar pensando em se comunicar conosco para uma reunião.

- E você acha o quê? Vamos combater a Caosfera dependendo dos recursos do Exército? Eu não quero deixar o nosso trabalho, o nosso dever nas mãos das tropas do Holt. Quero ficar e lutar. Se for necessário, vamos matar todos.

- A capela de São Miguel é parte de um antigo convento. - disse Hector - Se vamos derramar sangue de magos do caos, faremos lá mesmo. Que tal chamarmos Eleonor?

- Vovó não atendeu minhas ligações nos últimos dias. Charlie ainda está reaprendendo a ser mago do tempo. Údon provavelmente nem está mais na Terra. - disse Rosie, desanimada.

- Áker seria de ótima ajuda. - disse Hector, meio triste - Tem razão. O Exército não pode se encarregar do lado de cá sozinho, temos que fazer nossa parte. - disse, abrindo a porta.

Porém, o que encontraram os deixaram estremecidos. Derek e seus comparsas parados e com armas apontadas para os dois. O líder sorria cinicamente com as mãos para trás e postura arrogante.

- Olá, meus amigos. - disse Derek - Chegamos cedo para a festa do chá.

- Rosie... - disse Hector, erguendo as mãos em rendição, aconselhando-a a fazer o mesmo. A jovem o fizera, encarando Derek com imensa raiva.

- Como se atreve a nos chamar assim? Até parece que continuaremos a comprar essa sua... pose de bom moço fajuta. - disse Rosie - Se estivesse sozinho, eu te mataria aqui e agora.

- Então por que não externar toda a sua fúria, Campbell? - perguntou Derek, andando até eles - Sua força e agilidade mal se comparam ao do seu amigo e agora recém-namorado. Daria uma ótima escritora. Apoio descrever sentimentos num pedaço de papel, tem sua beleza.

- Leu o meu diário?! Fique sabendo que meus pensamentos, sentimentos e ideias são meus e somente meus, os escrevo pra mim e ninguém mais. Além de nos usar, se acha no direito de invadir nossas propriedades. Não te mato porque não posso.

- E Hector tomou uma escolha inteligente. Gosto quando meus alvos veem a dimensão do perigo. Cada arma está carregada com balas de prata. Um movimento brusco... e "Bang". - brincou, imitando um tiro de revólver com um dedo mirado em Hector - Bem, vamos começar... falando sobre uma certa semideusa traidora e audaciosa que está foragida. Me engano e me enganei muitas vezes. No entanto, não tolero sentir minha inteligência sendo subestimada. Não teriam conseguido chegar a sede sem um bônus informativo que apenas a vadia poderia dar. Nosso alarme disparou assim que o radar detectou atividade sobrenatural. Os leitores foram seriamente danificados. - olhou estreitamente para o brasão de Rosie - Esse colar... nunca reparei direito, mas sempre me intrigou. O que tem de especial? Posso arranca-lo à força...

- Toque num fio de cabela dela e... - disse Hector.

- Ou o quê, Crannon? A propósito, gostaria mesmo de voltarmos a conversa à você. Mason. - chamou, estalando os dedos - O dossiê. - o parceiro pegara um arquivo numa pasta e entregou-o ao chefe mantendo a arma mirada na dupla - Obrigado. Vejamos aqui... - abrira folheando umas páginas - 14 de Dezembro de 1938. Humilde família assassinada a sangue frio por estripador misterioso. Essa data lhe remete uma lembrança? Peguei emprestado do General. Mas ele não sabe. - riu baixinho.

- Se refere... às pessoas que matei na primeira missão de combate aos infectados pela substância tóxica. - disse Hector, fechando os olhos por um instante - O General arquivou o caso por falta de provas circunstanciais suficientes. E o caso foi enterrado... após um amigo apagar sua memória.

- Ah, amigo. Posso imaginar quem seja. Um dos lacaios do deus Yuga, não é mesmo? Bem, presumo que isso será trazido à tona ao General como se fosse a primeira vez. Porque nós exclusivamente obtivemos provas substanciais... de uma testemunha.

- A única testemunha era o sobrinho do casal, Edgar, ele era caçador. - disse Hector, aborrecido - Quem mais observou?

- Cuidamos de amarrar esta ponta solta deixada pelo Exército. Esse trabalho preguiçoso logo vai acabar, não resta muito tempo.

- O que quer dizer com isso? O que andaram tramando contra o Exército? - perguntou Rosie.

- Saberão no mais tardar. A testemunha chama-se David e forneceu detalhes da cena de horror que lhe traz pesadelos até hoje. Ao tentar escapar dos infectados, sofreu um acidente de carro e vegetou num coma por 2 anos e meio. Nossas ligações com o Exército tiveram grande fator contribuinte.

- Estavam infiltrados desde muito tempo. - disse Rosie - Disfarçados.... O quanto sabem de nós?

- O bastante para usarmos cada traço de conhecimento a nosso favor. Agora vem a parte interessante: A cruz e a espada. Hector, você tem cinco minutos para convencer Rosie a ceder ao nosso propósito. Uma vez que recuse e resista com violência, tudo o que está nesse arquivo será exposto ao General em menos de 24 horas. Necessitamos de uma alma pura para finalizar o processo e um licantropo está longe desse status. É uma barata a ser esmagada.

- Com baratas você quer dizer... todos os sobrenaturais do mundo inteiro? - perguntou Rosie.

- O mundo foi quase destruído no ano passado. - disse Derek, soando irritado - E adivinha de quem é a culpa? Rosie Campbell e sua decisão egoísta de se livrar do próprio inferno psicológico para permitir um deus genocida de propagar o inferno na Terra.

- Não posso acreditar. Como podem saber tanto? - perguntou Hector.

- Sabemos de ponta à ponta sempre com muita discrição. Um trabalho soberbo do qual nos orgulhamos muito. Vocês quase derrotaram Mollock nas Ruínas Cinzas, além de deixarem alguém dos Red Wolfs sobrando. Este alguém assistiu de camarote e nos reportou detalhadamente. Estamos em todos os núcleos, em todas as áreas. Medicina, advocacia, polícia, forças armadas, bolsas de valores... Somos uma entidade onipresente à caminho do passo mais largo da nossa carreira: a eliminação de toda e qualquer escória sobrenatural que contamina este mundo. O objetivo sempre foi esse, só criamos uma aparência gentil e heroica para melhor servi-los. E funcionou incrivelmente.

- A visão de Alexia estava certa. - disse Hector, convicto - Um movimento segregacionista com viés nazista. Idolatram demônios, o que é um tanto controverso.

- Humanos e demônios compartilham semelhanças. O resto não. Se Rosie tivesse escolhido morrer com sua perturbação mental, teríamos escolhido a profetisa como sacrifício. Mas não significa que ela esteja livre. Se passar de cinco minutos e nada for resolvido, ela... e todos aqueles que sabemos que conhecem... morrerão.

- Derek, não precisa ir tão longe... - disse Hector.

- Verdade, é covardia envolver pessoas inocentes, vocês me dão nojo!. - afirmou Rosie, indignada - A Pandora estava certa. A Caosfera é um monstro com tentáculos venenosos.

- Por falar em tentáculos... Eu sinto por aqueles homens que se diziam piratas, eu respeitava a busca incessante pelo Kraken, mas os fizemos abandonar o navio. Alguns sobreviveram com umas labaredas pelo corpo.

- Seu miserável... - disse Rosie, mal controlando-se - É vingança por termos descoberto?

- Geralmente retaliação não é nossa tática favorita. A situação demanda, nós cumprimos. - disse Derek, dando de ombros sem o mínimo de empatia pelas vidas tiradas, revoltando Rosie - Ah, e quanto ao Lich, ele tinha contrato conosco, mas não leu a cláusula oculta. Afinal, obliterar sua alma era parte do nosso plano. Então o relógio dourado foi realocado para ajudar vocês.

- Derek, responda: Quantas pessoas que salvamos estão pagando caro pelo nosso erro? - perguntou Hector.

- Agora, nesse exato momento? Diria que... não fiz a contagem. Mas acredite que muitos bens estão sendo desfeitos presentemente. Como por exemplo, a sua amiga Hannah. Antes de vocês chegarem, recebi a notícia de que ela foi expulsa de casa pelos pais por conta de uma foto comprometedora. Oh, Campbell, não conhecia esse seu outro lado. - disse, fingindo decepção - Vergonhoso.

- Espera... Que foto? Sim, é verdade, a Hannah e eu... nos beijamos. - confessou Rosie, espantando Hector - Como provaram?

- Mendigo falso espionando pela janela a curta distância. A magia do caos também permite transferirmos nossas lembranças para transforma-las em imagens fixadas, então temos a foto. Dá liberdade para fazer umas alterações, algo mais picante... - disse ele, logo dando uma risada infame.

O sangue de Rosie fervia como nunca. "Esse desgraçado acabou com a vida da Hannah!"

- Hector, vem comigo. - disse ela, baixando as mãos e andando em direção ao corredor dos quartos - Vamos dar um fim nisso logo. - o caçador resolveu acompanha-la.

- Não se esqueçam: Cinco minutos. - avisou Derek.

Rosie batera forte a porta do quarto ao fechar, passando as mãos pelos cabelos num sinal desesperado. A angústia batia pulsante no coração.

- Muito bem, não sei por onde começar. - disse Hector, as mãos na cintura.

- Eu sei sim. - disse Rosie, os olhos marejados - Tudo que eu sempre queria... era desfrutar de uma vida num estilo onde eu me encontrasse. Foi um erro... Hector, isso não serviu de nada.

- Para com isso, não tire conclusões equivocadas.

- Mas essa é a minha conclusão! Todo o bem que fizemos está sendo... arruinado! Quebrado, desfeito e esmagado. - uma lágrima escorreu pelo rosto - Eu devia te-lo escutado, sabia? Antes de cometer o maldito erro de assinar naquela linha pontilhada. Eu estava errada e você sabia do melhor pra mim.

Hector balançava a cabeça, se entristecendo.

- Não, Rosie... Você não pode... não pode se render dessa forma.

- Ouviu claro e alto o que o Derek disse. Se nada for decidido, matarão nossos amigos. Sobrando o Adam que foi corrompido, talvez o mandariam pra fazer o serviço sujo. Mas alguém tem que ceder.

- Não... Eu não posso aceitar. - disse Hector, baixando a cabeça em lágrimas - Ver você se sentindo culpada me leva a sentir culpa também. Me defender não alivia as coisas pro meu lado.

- Eu sei, só queria que soubesse... - aproximou-se dele - ... que você realmente me deu uma janela aberta para seguir meu caminho e correr atrás dos meus verdadeiros sonhos. Esse é o preço de ser caçador? Tudo acabar em tristeza, sangue e derrota? Eu quis ajudar pessoas, trazer paz ao mundo. Mas acho que acabei superestimando essa vida, sem enxergar as consequências. Ninguém que segue esse caminho sobrevive vitorioso no final. E agora... eu quero me livrar disso.

Hector debulhou-se em lágrimas, tocando-a nos dois ombros e encostando sua testa na dela. Ambos fecharam os olhos em seus tristes semblantes.

- Tá sendo tão difícil pra você quanto pra mim. - disse Rosie - Olha onde a gente parou. Olha quanta sujeira estava escondida de nós. Mas eu olho pra trás... e me orgulho do bem que me dispus a fazer.

- Digo o mesmo. - falou Hector - Não foi tão em vão assim. - direcionou seus lábios aos de Rosie e um beijo demorado ocorreu.

- Eu sinto muito. Sinto muito mesmo. - disse Rosie, chorando. Hector não conseguia conter - Talvez eu me junte ao meu pai... e se eu encontra-lo... direi que fez a escolha certa antes de morrer.

A jovem andava para trás para sair do quarto. Se virou à porta, abrindo-a.

Seus pulsos foram prendidos com algemas pelos homens de Derek. Hector logo atrás sendo também algemado. Seus olhos focavam Rosie.

- Parabéns aos dois. - disse Derek - Quatro minutos e trinta segundos. Não se preocupe, Rosie. Reservamos um quarto luxuoso na capela de São Miguel. Vai adorar a decoração.

- Vai pro inferno. - disse Rosie, sendo levada pelos homens.

- E quanto a você, Hector... temos um protocolo a seguir. Nossa causa sempre se dedicou a erradicar o sobrenatural no mundo. É uma forma de pagar pelos erros do passado. - deu umas batidinhas no rosto dele - Vamos executa-lo, mas não aqui. Pena que não ficarei pra assistir, tenho mais o que fazer.

Os dois rapazes o levaram para fora acompanhados por outros três. Rosie olhou para trás no mesmo instante que Hector também olhara. Partilharam uma troca de olhares tristes enquanto seguiam por direções opostas... como um último adeus.

                                                                                         ***

Numa zona da floresta bem distante do Casarão, Hector comportava-se como um prisioneiro bem instruído. O sol do meio-dia banhava o solo repleto de folhas secas e verdes. Um dos magos do caos já estava puxando a trava de sua arma.

- Vire-se, licantropo. - pediu ele, frio - É difícil mirar no coração nessa postura.

Ao invés disso, Hector quebrara as algemas com toda força e transformara-se, logo cravando suas garras no peito de um deles, retirando seu coração. Avançou em supervelocidade contra o que iria atirar segurando seu antebraço e fazendo a arma disparar para cima. Logo se pôs atrás dele e agarrando o braço do oponente fizera-o atirar nas cabeças de dois comparsas. Em seguida, o virou para sua frente, crescendo as garras da mão direita para decapita-lo num só golpe.

Depois avançou superveloz contra o último, empurrando-o até uma árvore e pegando-o pelo pescoço.

- Se são tão poderosos... - disse Hector, furioso - ... por que não apelam? Estão se poupando?

- É bem por aí. - disse o mago - Initial Ignis. - recitou um feitiço que fizera a pele do rosto de Hector arder até fumaçar como se queimasse aos poucos. O mago foi largado e aumentava o feitiço.

Hector sentia a pele ser dissolvida num ácido e grunhia em dor ao ajoelhar-se.

- Ás vezes não temos plena certeza se dará certo ou errado, então trabalhamos com possibilidades. Acabar com você aqui seria ridiculamente fácil, preferimos um bom desafio. Você tem até a meia-noite de hoje para sair do país, Crannon, não interfira no sacrifício. Ou será caçado e acertará contas com o General antes dele ser exonerado. Pense bem. - disse, indo embora.

O caçador o encarava raivoso enquanto a pele do rosto voltava.

Na volta ao Casarão, ele discara rápido um número de telefone do QG britânico.

- Por favor, atendam... - desejou, ansioso. A linha deu como ocupada. Tentara outro. Sem sucesso. Mais outro. Novamente nada. E outro. Também ocupado. Imaginou que Êmina estivesse atuando como professora na Associação de Alquimistas naquele momento e ligou. Infelizmente, ninguém atendeu. Recorreu à Alexia, a qual se mostrou disponível na linha - Alô, Alexia? Sim, sou eu o Hector. É urgente, preciso de ajuda. Toda a ajuda que for possível. O Exército está prestes a ser dissolvido por um inimigo oculto que se revelou. O projeto tinha responsabilidade assumida por pessoas que usavam máscaras sociais... eles levaram Rosie para ser sacrificada. Isso traz de volta lembranças ruins, parece que uma parte do passado voltou de outra forma. Sabe onde Údon está? - fez uma pausa, ouvindo - Ah, bem lembrado, ele corria risco de perseguição por ter prendido Yuga e Abamanu. Eu pediria... que ele voltasse no tempo para impedir Richard Campbell, pai da Rosie, de entrar na seita dos Red Wolfs. Porém, se eu não for até onde Rosie foi levada, é capaz da garota que você viu no leilão, a Dora... sim, ela mesma nos ajudou e traiu a Caosfera. É capaz dela ir sozinha recuperar um objeto chamado Espiral e ser pega numa cilada. É um artefato de viagem no tempo. Se isso acontecer, podem usa-lo para criar mais linhas temporais. Preciso ir, preciso salva-la... Tudo bem, Alexia, eu agradeço. Torça por nós. Obrigado. - desligou. Tentara o número de Eleonor, mas a linha parecia muda. - Não há mais ninguém... - tcara o fone no gancho.

Fora até a mesa próxima da sala e derrubou toda a porcelana que tinha nela, enfurecido.

- Não tem ninguém! - gritou, descontrolado.

Correu ao telefone para tentar novamente algum número do QG. Dessa vez a linha estava muda. Desconfiado, foi para fora verificar os postes telefônicos e se deparou com todos eles derrubados e partidos certamente por serra elétrica.

- Se Derek quisesse de verdade que eu me afastasse... teria deixado um feitiço de barreira. Comprou briga com a pessoa errada. Ele vai ter uma.

                                                                                      ***

QG Alternativo do Exército Britânico

As tensões estavam em alta após o explodir das últimas informações no final da tarde. Holt passava por um corredor amplo com janelas grandes e um soldado repassava os fatos.

- Senhor, ninguém da base do DECASO retorna nossas ligações. O telefonista avisou que todas as linhas foram interrompidas bruscamente. Como se o sinal estivesse bloqueado ou fora de área.

- E onde se meteram Campbell e Crannon? Exijo que continuem tentando, preciso de uma reunião de emergência pra hoje! Estou com a estranha sensação... Deixe pra lá, sem teorias.

- Ao que parece, estão realmente incomunicáveis, senhor. Será que Marshall estava na sede no momento da explosão? E o maior mistério: Quem foi o responsável?

Um blecaute súbito fizera os dois estacarem. Só a fraca luz do sol poente atravessava as janelas.

O General ficou desorientado por um momento. De repente, viu seu soldado empalado por uma espada bem no meio do peito. Ele caiu, sangrando pela boca. Um espectro encapuzado e mascarado apontava a espada para o General intencionalmente para mata-lo ali.

- Quem é você?

- O início do seu pior pesadelo. - disse Adam.

- Basta. - ordenou uma voz masculina e velha. Passos seguros vinham ao General. Passos de um homem de muita idade mas com grande vigor. Suas botas negras não rangiam. Saiu das sombras. O rosto enrugado e robusto, porém satisfeito surgiu à Holt que encarava atônito.

- O que significa isso? Revelem-se imediatamente.

- General... - disse o ancião da Caosfera - Creio que sua posição de autoridade não se encontra mais vigente. O trabalho do seu esquadrão acabou. Vamos discutir uma alteração nos termos regimentais.

- O quê? - indagou Holt, franzindo o cenho - Ma-mas... - devagarinho pegava sua arma do coldre.

Adam aproximou sua espada ao pescoço dele. Holt ergueu as mãos, rendido.

- Eu não tentaria movimentos ousados, General. O controle será instaurado em pouco tempo. Eu assumo daqui. - decretou o ancião.

Na saída, o velho calvo de sobretudo encontrara Derek que abriu a porta do carro.

- Tudo certo? - perguntou ele.

- Não. - respondeu o velho que sorriu - Tudo está ótimo.

- Sinto cheiro de sangue militar daqui. Bolton com seu dom natural para caçar e nossos métodos se combinaram para formar a arma mortífera perfeita.

- Apresse-se. Não perca nenhum segundo do espetáculo. - disse, entrando no carro.

- Pode deixar... pai. - disse Derek, assentindo.

                                                                                          ***

O quarto no qual Rosie foi acomodada pertencia à Madre Superiora 20 anos antes do convento ser fechado e a comunidade religiosa priorizar a capela como ponto central de frequentação. A jovem estava afundada em um tédio maçante deitada na cama de barriga para cima, seus pensamentos não parando nem por um minuto de focar em Hector e no seu propósito de vida.

A entrada inesperada de Derek quebrou essas divagações.

- O que está achando da estadia? Eu daria quatro estrelas fácil por isso aqui.

- Me usem como sacrifício, mas deixem o Hector livre. - disse Rosie, levantando-se - Querem mesmo exterminar todos os sobrenaturais, até mesmo os que escolhem não ceder ao instinto?

- Seletividade, nesse caso, subverteria nosso ideal. - argumentou Derek.

- Não é subverter e sim fazer a justiça correta. Eliminar os maus, esse foi o plano. Nada disso é sobre melhorar o mundo do jeito certo, mas do jeito que melhor convém à vocês. Pacto demoníaco é a jogada mais suja que já vi para buscar um bem maior. Pois saibam... - aproximou-se dele - ... que o que vem fácil acaba indo embora fácil.

O líder era só tranquilidade e desprezo diante do discurso dela.

- Rosie Campbell... sua convicção de justiça me intriga. - disse ele, tocando-a no ombro e passando a mão no rosto dela delicadamente - Acho que Hector nunca soube decifra-la. - sua aproximação ficou mais atrevida - Que tal deixar eu tentar... Podemos descobrir algo juntos. - quase encostou sua boca no pescoço...

- Cai fora! - disse Rosie, socando-o - Fica longe de mim. Disse que o quarto era meu. Temporariamente, mas meu. Então sai daqui antes que eu acabe te matando.

- A cerimônia começará em trinta minutos. Apronte-se. - disse Derek, limpando sangue da boca, logo saindo do quarto. Rosie suspirou cansada. Remexeu nas gavetas do criado-mudo e acabou achando a adaga Órion guardada. Contemplou a lâmina como ouro que reluz.

Num dos corredores, um mago do caos passava, mas logo foi pego por ninguém menos que Hector segurando o pescoço dele com uma mão e o queixo com outra, logo quebrando-o.

O caçador dobrou para o corredor esquerdo e esbarrara com alguém.

- Não pode ser... Pandora?!

- Shhh! Quieto, seu idiota. - disse a semideusa, largando o corpo de um mago - Você veio salvar sua donzela e eu vim pegar o que é meu. Não espere que fiquemos quites quando acabar.

- Vai depender do seu conceito de reciprocidade. - disse Hector - O que foi aquilo na sede? Havia sigilos na sala do arquivo preparados como bombas que literalmente explodiram.

- Eu não sabia. Fui clara ao dizer que não conhecia muito da sede e só bisbilhotei uma vez. Acontece que sigilos desse tipo são acionados quando o conjurador determina que algo deve ser proibido de entrar, no caso sobrenaturais. Sorte de vocês escaparem.

- Não lhe interessa como escapamos. Está envolvida nisso mesmo desvinculada e enquanto não tomar uma posição definida vou sempre manter a impressão de que sabe mais do que diz.

- Já deixei isso claro também mais cedo.

Dois magos do caos surgiram no fim do corredor e atacaram-os. Pandora usa sua telecinesia mágica contra um deles, jogando na parede. Hector trocara socos com o outro. Logo se transformou e arranhou a roupa do adversário e rapidamente cravou suas garras na barriga dele. Pandora chutava e socava seu oponente contra a parede.

- Estão se contendo demais. - disse ela - Onde está a tumba? Deixo você ir se for um bom menino.

- Dois corredores. Esquerda e direita. Vai se arrepender, vadi...

Pandora enfiara uma faca na jugular do mago que caiu com sangue golfando.

Ambos seguiram na direção indicada e o local tinha apenas uma abertura sem porta. A tumba foi vista logo e entraram. O caixão tinha aspecto rústico, bastante empoeirado.

- Então essa é a tumba de Salomão. - disse Hector - O que estamos esperando? Me ajude a empurrar a tampa.

- Como chegou até aqui antes da cerimônia? - perguntou Pandora, forçando junto com ele.

- Três táxis, dois bondes e uma boa caminhada. Mais força.

A tampa foi derrubada com grande barulho. Salomão parecia uma múmia cadavérica com as mãos sobrepostas na parte superior tronco e no pescoço estava o Espiral, parecendo um relógio prateado.

- Aí está. - disse Pandora, animada - Esperei tanto pra recupera-lo.

- E eu esperei tanto para revê-la. - disse Derek aparecendo na entrada junto com Adam - Vou propor uma condição fácil: Deixe-nos queimar o corpo e pegue de volta sua traquitana mística.

- Não! Pandora... - disse Hector, olhando-a tenso - Maldito... Onde está Rosie?

- Ela estava no quarto, mas foi encaminhada ao pátio. Não devia estar aqui, Crannon. Como punição por desobedecer sofrerá um destino pior que a morte. Assistirá... cada... segundo... da morte dela. Adam, dispare. - o caçador disparou balas de prata no abdômen de Hector que caiu de joelhos.

Derek acendeu um isqueiro.

- Tem certeza? Fala logo, Derek. Qual é a pegadinha? - perguntou Pandora.

- Nenhuma. Simples assim. O consenso da organização pede você fora, comigo incluso. A diferença é que minha preferência... se resume a vê-la sobreviver.

- Brilhante. Prometo não causar problemas e você me deixa passar ilesa. - disse Pandora, logo voltando-se para Hector - Eu lamento, mas nessa batalha sempre lutei... por mim mesma.

- Não vai nem agradecer? - perguntou Derek.

- Por ter me chantageado? Não. Meu lugar nunca foi com vocês. - disse Pandora - Adeus Derek. Que Belphegor estraçalhe sua alma. - saíra da sala tranquilamente.

- Não... - disse Hector, sofrendo.

- Ah sim, Hector. - disse Derek, logo jogando o isqueiro aceso no cadáver de Salomão. O fogo envolveu todo o corpo rapidamente. Retirou do bolso uma seringa com líquido verde e deu à Adam. - Hora do bônus.

Adam injetara no pescoço de Hector a toxina que neutraliza a licantropia.

- Vamos para o pátio. O show vai começar. - disse Derek, saindo. Enfraquecido, Hector foi conduzido por Adam que agarrava seu braço.

                                                                                      ***

Na chegada ao pátio, o caçador foi segurado por dois magos do caos enquanto se aproximavam da multidão de membros da Caosfera. Mesmo com a visão turva, reconheceu o vermelho inconfundível num ponto meio distante. "Rosie... Você não pode... Tem que ser uma atuação, você tem um plano..."

Adam foi encarregado de fazer vigilância na entrada do convento. A caixa de Pandora estava no centro do pátio que servia para missas e cultos especiais. Na torre da capela existia o sino. Lá estava um mago do caos pronto para dar seis badaladas assim que a cerimônia começasse.

- Rosie! - chamou Hector, insistente - Pense... em tudo o que vivemos, as boas memórias que cultivou. De nada valeu a experiência que conseguiu? Hein? Responda!

Rosie virou-se para ele, portando a Órion afiada e posicionada na vertical. Sua face era de tristeza profunda e nítida.

- Se fizer isso... vai desistir de si mesma!

Derek estalou os dedos, impaciente. O movimento bloqueou as cordas vocais de Hector, emudecendo-o. Ele tentava gritar mas nenhum som saía.

- Tô fazendo isso por vontade própria. Não fui hipnotizada. Só me convenci de que é o único jeito. - derramou mais lágrimas - Eu fiquei cansada. A vida que eu almejava... é uma fantasia. Mas quero dizer... que vou preservar cada momento bom que aprendi a viver com você, Hector. Eu te amo.

O caçador se desesperava querendo se soltar daquelas mãos. Rosie, por fim, fizera seu ato. Cravou a adaga em seu peito com os olhos fechados. Derek, os olhos brilhando de emoção, devolvera a voz de Hector num estalar de dedos.

- Nãããããõooo!!! - vociferou ele, perturbado com o que via.

O corpo de Rosie caiu para frente sem nenhuma suspiro de vida. Soou a primeira badalada.

A caixa de Pandora vibrava intensamente, sua tampa querendo abrir.

Derek ria alto, deslumbrado. Veio a segunda badalada.

- Contemple Hector! Estamos a um passo do início da nova era! A nova ordem... está por vir!

A caixa se abriu e dela disparou-se um raio reto de luz amarela que rasgou os céus. Rachaduras começaram a despontar nela. De repente, a caixa se estilhaçou em pedaços e um pulso de energia repeliu todos em volta brutalmente. Hector foi jogado como um boneco junto aos outros.

Das paredes externas do prédios, em cada lado, fendas criavam-se e abriam-se, dando passagem para demônios que saíam como meteoros flamejantes. Caíram provocando estragos e crateras.

Na sua prisão, Mollock enlouquecia. rugindo. Seus olhos estavam vermelhos.

Algo vinha caindo em máxima velocidade e impactou contra o pátio. Todos os magos tinham olhos apenas para o vulto que ganhava forma saindo da poeira. Um corpulento demônio de pele vermelha de pose arrogante, descalço e vestindo uma calça marrom de tecido duvidoso. Seus olhos miúdos mas intimidantes visualizavam os arredores. Os chifres eram curvados como os de um touro.

- Senti saudades desse ar puro. - disse Belphegor, num infame sorriso fechado.

Enquanto isso, Rosie vagava perdida numa caverna escura num lugar desconhecido à ela.

- Alguém? Alguém, por favor! - sua voz ecoava.

Avistou uma saída por onde viu uma luz vermelha piscar. Correu até lá. Mas o que encontrou a desanimou completamente.

- Só pode ser brincadeira. - disse ela, terrificada, fitando a imensidão rochosa do Tártaro com seu céu vermelho escuro tempestuoso que trovejava com raios e relâmpagos poderosos.

                                                                                     CONTINUA...

                                                                          FIM DA 4ª TEMPORADA

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://birdsofhellawaiting.blogspot.com/

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