Crítica - Peter Pan: De Volta à Terra do Nunca


Um retorno às telas demorado e cheio de espírito que compensou e recompensou.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Jamais me esquecerei do meu primeiro - e confesso que nem tão interessado assim - olhar ao Peter Pan da Disney com este longa que é uma das muitas sequências de filmes clássicos da Disney que ninguém pede e passam longe das telonas - e nem por isso algumas delas merecem descrédito. Nem sei por onde começar a descrever os pontos mais positivos do filme que primordialmente serve de complemento à aventura baseada na história original e devo afirmar que a Disney conseguiu um grande feito que foi o de não macular com a essência da obra predecessora gerando um efeito simplesmente contrário. O comportamento de Jane, filha de Wendy (que por incrível coincidência vai à Terra do Nunca aos 12 anos, mesma idade que sua mãe tinha ao conhecer Peter Pan, com a diferença de ser raptada pelo Capitão Gancho e sua tripulação pelo mero fato de não acreditar em magia) pode soar desagradável em determinadas passagens, mas devemos levar em conta que isso parte do conceito de base da personagem para que sua jornada faça sentido (ou será que alguém queria uma cópia todinha da mãe?). A conflituosa relação de Wendy e Jane é bem estabelecida e no meio dela encontra-se o pequeno Danny, seu irmão mais novo, que é incentivado pela mãe a soltar sua imaginação com as histórias contadas como uma maneira de fugir do turbulento período da Segunda Guerra Mundial (o contexto histórico não poderia ser mais caótico para servir de pano de fundo ideal). A garota, madura demais e diferente da mãe quando possuía sua idade, não dá a mínima para historinhas infantis, não enxergando o lado bom que oferecia ao seu próprio irmão.

Decerto, Jane era a que mais necessitava desse escapismo. Ambas as partes são compreensíveis: Normal uma criança como Jane não ignorar o cenário de terror no mundo real argumentando que não tem significado algum buscar esses refúgios mentais e Wendy reprovar a atitude da menina de contestar a importância do exercício imaginativo para que a vida torne-se menos cinzenta diante dos dias sombrios e tristes provocados pela guerra. Parece que seu destino como a primeira e única menina perdida estava traçado (o que vai de encontro ao que tinha sido descrito no livro, já que meninas eram espertas o bastante para não caírem de seus carrinhos de bebê e se perderem das suas mãe até serem sequestradas pelas fadas), considerando que foi raptada meio que como um castigo pela desobediência à mãe e da sua oposição). Wendy percebeu que sua filha havia crescido cedo, o que sob os alicerces justificatórios evidentes lhe dava desgosto. Quanto ao conjunto narrativo, repetir a estrutura do filme anterior quase que totalmente não se mostrou um erro (a garota dá um rolê na Terra do Nunca pra tudo se findar numa batalha contra o Capitão Gancho no navio, sendo uma grande diferença Peter Pan estar como refém ao lado dos meninos perdidos, ameaçados de serem jogados do trampolim ao mar, e Jane, a forasteira, bancando a heroína). A resistência de Jane em lidar com Peter Pan e os demais elementos da Terra do Nunca dá o gatilho para o enredo explorar uma boa direção que movimente as coisas, até porque inicialmente ela não tem fé, nem confiança e muito menos acredita em pó mágico - o que a impossibilitou de voar quando a Sininho jogou bastante pó nela querendo que ela retornasse para a casa voando porque só existe espaço pra uma garota na vida do Peter -, mas é ingênua para cair numa armação do Capitão Gancho no estilo "nós queremos a mesma coisa". A guria já não causou uma boa impressão no Peter Pan e nos meninos (Sininho não conta porque fosse qualquer menina que se vinculasse ao seu amado parceiro ela agiria exatamente igual), ainda faz acordo com o cara mais perigoso da Terra do Nunca, sendo inevitavelmente forçada a mentir para Peter Pan sobre a caça ao tesouro cobiçado pelo pirata e orientada a soprar um apito como sinal para Gancho e sua tripulação virem capturar seu algoz (coisa que não teria acontecido se ela tivesse jogado o apito mais longe por ter finalmente entendido que iria fazer uma burrada). Apesar dela ter se desfeito do apito, desistindo do plano, isso não a livraria da culpa. Sabiamente o enredo se antecipou em criar algo para que Jane pudesse se redimir, no caso a "doença" de Sininho cuja luz enfraqueceu devido à Jane dizer na cara dela que não acredita em fadas (as palavras tem poder, obviamente). Precisou ver a confiança de Peter Pan nela se perder para que ela aprendesse os valores.


O crocodilo Tic-Tac fez um pouquinho de falta, sendo trocado por um polvo gigante (referência ao Kraken?), que praticamente imita o som característico com seus tentáculos, pra meter medo no Capitão Gancho e render uns momentos cômicos tresloucados. Pra quê Peter Pan defendendo a Terra do Nunca se o mar tá cheio das criaturas marinhas ferozes que já dão conta de amedrontar o vilão? Uma questão a se pensar. Mas a persistência é a força que move todo bom antagonista (por mais covarde que ele possa ser). A trilha sonora tá de dispensar comentários, com destaque máximo para a canção temática de Jane nas duas cenas (no quarto antes do rapto e na toca dos meninos perdidos ao lado de uma fraca Sininho) em que ela se debulha em lágrimas por se sentir sozinha e incompreendida (e arrependida também) e, claro, sem esquecer da divertida música dos meninos perdidos quando Jane torna-se parte do grupo antes da sua traição se revelar. Não apenas em relação à qualidade de animação, os personagens voltaram bem renovados e visivelmente mais adoráveis.

Considerações finais:

Seria de uma tremenda injustiça não incluir Peter Pan: De Volta à Terra do Nunca dentre as melhores continuações produzidas pela casa do camundongo. É uma complementação à esse mundo mágico eficiente e que de ponta à ponta faz reverência ao clássico atemporal.

PS1: Eu ia filosofar bonito sobre a Jane, mas deixa pra lá, não consegui compor bem as palavras.

PS2: Sininho reconciliou-se com Jane pela mesma ter salvo sua vida. Será que após o final feliz ela largou da ciumeira?

PS3: O Sr. Smee é o reforço cômico para o Capitão Gancho, eles atuam em conjunto como uma boa dupla inseparável.

NOTA: 9,0 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza. 

*As imagens acima são propriedades de seu respectivo autor e foram usadas para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos.

*Imagens retiradas de: http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/16117280.jpeg
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