Crítica - Venom


Era pra ser engraçado?

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

O celebrado acordo entre a Marvel Studios e a Sony promoveu abertura para o cabeça-de-teia ser utilizado à vontade dentro do Universo Cinemático Marvel, muito embora não significou que a antiga casa do herói, responsável por duas franquias, iria dormir no ponto e permitir oportunidades de aproveitamento dos elementos inseridos no cânone escaparem por algum motivo de cláusula contratual ou coisa do tipo ou talvez voluntariedade porque o cofrinho tem que ficar enchido. Com a surpreendente bilheteria que o longa vem arrecadando, não será nada espantoso o anúncio breve de uma sequência. Experienciando as nuances descompromissadas, o filme, contudo, não parece ser digno do privilégio.

Nunca pus minha mão no fogo com relação à esse projeto, apesar de nunca me queixar da premissa básica abarcando um Venom existente num universo sem Peter Parker e o Homem-Aranha. O pior é que a trama não passa mesmo de um projeto de cinematografia e um arremedo de enredo que desde à atuação afetada de Tom Hardy (se divertindo no papel, creio) às interações com Venom faz questão de esclarecer que nada do conjunto deve ser encarado seriamente e isso se pontua devido ao abraçamento de uma pegada humorística que derrapa no timing cômico nas piadas que arrancariam risadas autênticas antes fossem bem imaginadas. Uma das grandes polêmicas acerca do filme foi sua classificação indicativa a princípio esperada para maiores de 18 anos. Censura PG-13 causou um alvoroço entre os fãs. Nem esse é o problema.

Venom que obrigatoriamente dividiria o protagonismo com seu hospedeiro, o repórter azarado Eddie Brock, relega-se a uma coadjuvação que o roteiro é insuficiente para mascarar ainda que sua presença imponente seja fortalecida pelo seu ótimo visual - outro ponto criticado antecipadamente, muitos implicando com a falta da aranha branca no peito como se não soubessem da proposta da Sony com esse universo de vilões do Homem-Aranha sem o próprio coexistindo para enfrenta-los. Inclusive, nenhuma referência, que me lembre, tem espaço para servir de alento para quem reclamou e bateu pezinho. Os simbiontes coletados pela Fundação Vida, presidida por Carlton Drake (adversário número um de Eddie/Venom), recebem um tratamento que não vai além dos experimentos com as cobaias, sendo assim o longa perdeu uma chance de montar um pequeno exército para dificultar a vida do protagonista (digo isso falando do Eddie já que o Venom é um adereço de luxo que fornece sensação de pouco tempo de tela da segunda meia hora ao ato final).

A luta para impedir o lançamento da sonda projetada para recolher mais simbiontes à Terra teve uma resolução pifiamente fácil. O fogo não era uma das fraquezas dos simbiontes? Pensando nisso, como Venom sobreviveu à explosão da sonda durante a queda? Não esperava menos do antagonista carregado de unidimensionalidade. Ele deseja mudar o mundo porque o seu complexo de Deus o instiga a aderir ás condutas que ferem a ética. Vilão de uma camada só não vinga. O que dizer do embate principal? Venom e Riot duelando parecem "bolas" de slime que respinga pra tudo quanto é canto e obviamente a movimentação da câmera não colabora para distinguir o que é um e o outro. Venom ao menos podia ter uma pele mais sólida e áspera em vez de gosmento e pegajoso. As veias complementam a estética apurada em prol da semelhança de design geral com os quadrinhos. Essa dinâmica de piloto e co-piloto falhou intragavelmente.

O Parasita (que detesta ser chamado assim ¬¬) e o hospedeiro se vinculam numa relação de parceiros, há uma química melhor entre Venom e Eddie do que Eddie e sua namorada, Anne Weying (que em dado momento é possuída por Venom e admito que caiu bem nela), mas quando eu imaginava que o enredo iria apaziguar a comédia de clima paródico eis que Venom e Eddie trabalham juntos comunicando-se telepaticamente e nesse aspecto o fiasco de execução acometeu forte. Parece haver apenas para beneficiar o humor forçado, pelo menos foi a intenção que ficou clara para mim. Nem somente de quedas livres essa história sobrevive. A perseguição e a luta contra a SWAT foram subidas consideráveis e divertidas.

Considerações finais: 

O passo em falso da Sony para a gênese desse universo compartilhado de vilões do Homem-Aranha foi na aposta num vilão icônico tendo uma mão desajeitada para conduzir uma história original que não cava fundo priorizando em demasia a adaptação do protagonista á situação caótica e bizarra. Venom não é da espécie de filme que você termina de assistir com marcas assimiladas para recordar no dia seguinte ou numa semana inteira. A pretensão cômica originou essa galhofa.

PS1: Cena do Eddie enfrentando os subordinados do Drake com as habilidades do simbionte e descobrindo elas me pensar numa única coisa: "Amoeba! A massinha colorida pra gente brincar!".

PS2: Na cena pós-créditos a solução era apenas mencionar o nome do presidiário. O cara falar que vai rolar uma carnificina após sair da cadeia soou muito como se dissesse "olha aqui, tem uma referência a um vilão que a gente quer usar numa continuação, nós também podemos fazer como a Marvel!". Aff, me poupe Sony @_@

PS3: Opa, erro de continuidade detectado! Eddie escovando os dentes no banheiro, olha no espelho, se assusta com o Venom querendo sair (dando um gritinho, até nisso a dublagem do Guilherme Briggs é foda hahahaha) e desmaia caindo na banheira com a boca suja de pasta de dente. Corta para a Fundação Vida com Drake tomando conhecimento do incidente que liberou um simbionte (Venom, no caso). Logo em seguida corta para o Eddie acordando lentamente sem pasta na boca.

PS4: Não sei bem descrever com altos detalhes, mas cortaram uma cena super-legal dos trailers. Eddie chega numa sala de reunião e deixa o Venom assumir o controle aterrorizando a galera. Pena. Uma das poucas à luz do dia com o simbionte.

PS5: Teria sido melhor ver o filme do Agente Venom (Flash Thompson). Qualquer estúdio cagaria menos do que a Sony (isso inclui a Marvel, nem tudo que ela toca vira ouro).

PS6: A próxima vítima é Morbius, o vampiro vivo. Cancela essa ideia de universo vilanesco e produz filme do Porco-Aranha!

PS7: O filme tá longe de ser uma tragédia calamitosa de fazer lacrimejar sangue, porém, claro, o filme metaforicamente em resumo é uma longa "risada" zombeteira na cara do espectador trouxa que achou que levariam o Venom a sério. Ai, ai...

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://legiaodosherois.uol.com.br/2018/venom-primeiras-reacoes-comparam-o-filme-ao-quarteto-fantastico-de-2015.html

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