Crítica - A Múmia (1999)


Tão honroso quanto o clássico no qual se baseia.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

O primeiro vislumbre meu com essa franquia ocorreu durante uma exibição na Temperatura Máxima em meados dos anos 2000, mas como a criança cagona que eu era, acabei desligando a TV imediatamente quando vi aquele monte de besouros escaravelhos asquerosos preenchendo o sarcófago com um mumificado Imhotep dentro para cumprir sua punição amaldiçoada. Eu já tenho problemas para começar introduções de textos em geral, imagina com um filme memorável desses (quase perfeito, ouso dizer), precisei desenterrar uma recordação meio vergonhosa de infância. Eu mal sabia que havia acabado de perder um filme que fazia jus ao nome da sessão. A produção é um semi-remake da versão original de 1932 (que pelo resumo que li parece mais um enredo teatral do que propriamente cinematográfico), roteirizada e dirigida pelo competente Stephen Sommers (cuja ausência no encargo ao terceiro filme foi igualmente sentida à de Brendan Fraser no reboot moderninho e ordinário estrelado pelo Tom Cruise, mas infelizmente nosso eterno Rick O'Connell naquela altura já estava sumido da mídia) e entrega uma diversão essencial a todo e qualquer filme de aventura, bastando que haja um roteiro de mão cheia, elenco entrosado e uma empenhada composição de pano de fundo. Parece golpe de sorte né? Mas não vou atribuir os méritos ao acaso ou o destino, acertos e erros nada tem a ver com isso. 

As ambientações e a trilha sonora incidental são conjuntamente trabalhadas em harmonia. A cinematografia também não fica para trás, tá deslumbrante com essa paleta dourada que dá certinho com a backstory mitológica inserida num roteiro que executa bem as dimensões de prólogo, apresentação e da tríade padrão de atos com seus devidos pontos de virada. O funcionamento do alívio cômico não fica totalmente concentrado em Jonathan Carnahan, irmão da bibliotecária Evelyn Carnahan - que por sinal dá o ponto de partida da aventura levando ao encontro com um Rick O'Connell encarcerado e prestes a ir pra forca - o casal principal (química igual a de Fraser e Rachel Weisz tá rara de se ver) participa das tiradas humorísticas arrancando risadas autênticas (pelo menos eu ri bastante do Rick e do Jonathan, sem esquecer da Evelyn bebaça) além de reforçar o tom dessa via alternativa para meio que atenuar o peso da experiência diante de tanta desgraça e morte que acontece posteriormente (umas cenas antes com o chefe da prisão sentindo o escaravelho fazendo um passeio pelo seu corpo) à ressurreição de Imhotep e a trama cataclísmica que o acompanha (as 10 pragas egípcias e coisa e tal). Apesar de não entender bulhufas do que ele fala, eu acho o Imhotep um daqueles vilões que marcam pra valer tornando assim inesquecível. A Rachel era a única mulher dentre um monte de marmanjos, então era evidente que a múmia ressuscitada a escolheria para ocupar o lugar da sua amada Anck-Su-Namum (na verdade, torna-la sua esposa sacrificando a alma de Evelyn para que sua antiga mulher não permanecesse no corpo decrépito), a amante do faraó que suicidou-se após a descoberta da traição. O Livro dos Mortos é o objeto importante para trazer o sumo-sacerdote de volta à vida, mas em contrapartida existe um outro livro com inscrições que podem regredi-lo à mortalidade. Conveniente? Demais. Se vejo isso como problema? Não. Antes o filme ter aspectos brilhantemente incrementados favorecido por uma direção que esbanja segurança sem deslizar em praticamente nada (as 10 pragas podiam ser mais exploradas trazendo uma sensação aumentada de "fim do mundo") do que resolver tudo fácil e não prezar pelas qualidades que fazem dele o que é. 

Considerações finais:

Montando um time de personagens adoráveis e um roteiro firme na sua proposta, é impossível questionar o bem que A Múmia fez à memória do seu material básico, sem modernizar e acrescentar detalhes pretensiosos pra dizer que é parte de um universo sobrenatural ainda maior (tô olhando pra você, Dark Universe, profanando sua tumba com essas verdades). Tem pegada de Indiana Jones, mas nada de imitações baratas porque o negócio sabe caminhar do seu próprio jeito. 

PS1: Imhotep tem medo de gatinhos. Por que não levaram aquele gato pra cima e pra baixo enquanto a múmia tocava o terror em geral? E o bichano até serviria pra salvar a Rachel antes dela ser levada! Por que sumiram com o gatinho? 

PS2: A cena da tempestade de areia é uma daquelas preparações agitadas pro terceiro ato, gosto pra caramba. 

PS3: O fechamento do longa não dá suficiência pra uma continuação precisar existir. Mas se é pra repetir a dose, porque não? Quanto mais Rick, Evelyn e Jonathan presos nessa história de ação, drama e comédia bem equilibrados, melhor. 

PS4: Beni é engraçado, mas mereceu virar comida de besouro pela trairagem com o Rick (e se aliar com o Imhotep, o que é o de menos já que ele poderia ser o tradutor da múmia =P). 

NOTA: 9,5 - ÓTIMO 

Veria de novo? Com certeza, é insaturável (visto de tempos em tempos, lógico). 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 


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