Crítica - Jovens Titãs: O Contrato de Judas


Basicamente episódico, mas à altura da equipe.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Este é praticamente um spin-off do mediano "Liga da Justiça vs. Jovens Titãs" (não tem como esquecer a desnecessariamente longa cena da competição de jogo de dança, então caso eu reveja, algum dia, faço questão de pula-la), dando seguimento à cronologia iniciada em Liga da Justiça: Guerra.Numa aventura bem mais pé no chão, os titãs lidam com a ameaça implacável de Slade Wilson, vulgo Exterminador, numa trama que reúne no seu pacote os seguintes elementos: traição, sensação de não-pertencimento e uma seita "religiosa" (núcleo que tem como principal figura de destaque um vilão clássico dos Titãs, o Irmão Sangue). Os três estão conectados num enredo bem costurado, contudo mal iniciado. Daí parto para abordar sobre a personagem Estelar, uma integrante proeminente no grupo, mas que nunca caiu no meu gosto.

Em relação ao prólogo, não foi a inserção de Estelar e a explicação de como os Titãs a recrutaram ao time que se mostrou exatamente um problema, mas o caráter do prólogo em si que não se alinha ao conflito apresentado. Então, no caso, foi uma certa perda de tempo gastar minutos iniciais do filme com um flashback que em nada acrescenta à proposta geral, muito embora as cenas de luta façam seu show ainda mais com a formação antiga dos Titãs (Robin/Dick Grayson, Kid Flash, Mutano, Abelha e Ricardito) que expõe uma dinâmica de interação tão convincente quanto a posterior. Não culpo a aleatoriedade do prólogo por não gostar tanto assim da Estelar, apesar dela ser uma personagem que pra mim soa meio apática nas relações com o resto da equipe (obviamente que não na mesma medida com Dick devido a aproximação dos dois que culmina num romance), somente achei problemático pela ligação nula com o plot que envolve a última integrante recrutada, Tara Markov (ou Terra, nome muito criativo, por sinal,  para uma personagem com poderes de geocinese).

Por falar nela, o grande fio condutor que leva gradualmente os Titãs a confrontar o Exterminador e desembocar no plano que envolve sua relação com o culto do Irmão Sangue, a sua inserção para impulsiona-la à trama demora um pouco e vai a passos lentos, com tudo começando nos pesadelos, visões e lembranças do passado sofrível que ela teve onde foi apedrejada e oprimida por uma galera intolerante que diante dos poderes dela a chamavam de bruxa trazendo personagens vociferando o clichê do "Queime a bruxa!" e similares. Foi salva por Slade e com ele manteve uma relação... no mínimo curiosa (romance, amizade... o que é aquilo?). Sou um grande fã das histórias da DC e tudo que compõe seus microcosmos, mas confesso conhecer pouco de Tara Markov e lembro de ter assistido uma versão num episódio da saudosa série animada. Na verdade, os Jovens Titãs, de uma maneira geral, é a única super-equipe de quadrinhos que nunca estabeleci muito contato direto, não a nível dos X-Men, Vingadores, Quarteto Fantástico e Liga da Justiça. Independente disso, é tranquilo analisa-los especificamente nesse filme, em suas performances como heróis e pessoas.

Tara rejeita ajuda de todos, sobretudo de Ravena (meio apagadinha, coitada), e é nítido um certo dualismo de posicionamento fazendo ela se dividir entre manter a fachada amistosa com os Titãs convivendo com eles na torre e prosseguir com o ardiloso plano chefiado por Slade que por sua vez, como bom mercenário, responde ao Irmão Sangue. Algumas coisas me fazem pensar que as engrenagens narrativas do longa tem um funcionamento melhor do segundo ato em diante que é quando o drama e o dilema psicológicos de Tara se veem muito mais esclarecidos. Como já era de previsibilidade, Terra não mantém sua pose de vilã por muito tempo e no clímax arregaça com um Irmão Sangue de visual que parece algum alien saído do Ben 10 naquela forma como amálgama dos poderes dos Titãs após o procedimento na máquina com os heróis capturados (só 6 deles, já que Dick chega pra estragar a festa do pessoal lá da seita e frustrar os objetivos do Irmão Sangue que condenava a existência dos heróis e super-humanos, todo aquele papo extremista).

Interessante notar que na batalha final a divisão foi bem criteriosa: Estelar, Mutano, Besouro Azul e Ravena lutando contra Irmão Sangue pós-transformação/absorção e do outro lado temos Dick (Asa Noturna) e Damian Wayne (atual Robin) contra Slade, fazendo uma congruência de forças. A relação entre Mutano e Tara também se mostra envolvente, principalmente na boa cena quando ambos conversam em frente à Torre dos Titãs, um momento decisivo referente à paixonite do verdinho.

A tensão executada e os diálogos não muito triviais completam esse espetáculo de ação.

Considerações finais:

É de se reconhecer que o longa utilizou muito bem os personagens à disposição, mesmo com alguns problemas de estrutura no roteiro, sobretudo no começo que fizeram tudo parecer um filme dos Titãs que acreditou ter a necessidade de preencher uma lacuna narrativa focada no background de uma personagem, ainda que funcionando como líder do grupo (é, estou falando da Estelar mesmo), nem sequer ativamente conectado à trama. Sorte que logo após o início pouco direcionado, as coisas fiquem nos eixos até o final com ápice dramático (a morte de Terra e o luto de Mutano, por exemplo).
Pra finalizar com uma comparação pertinente: Bem melhor que seu antecessor.

PS1: Ah, como eu ia adorar ver o Damian se ferrando (tive um gostinho disso). Com um Robin seu papel é razoável, mas como personagem nas relações interpessoais é um pé no saco. Pede pra sair!

PS2: Pensando bem, a Ravena não esteve tão apagada ou deslocada, ela teve destaque de fato quando encarnou o capeta do seu pai para enfrentar o Irmão Sangue.

PS3: Quanto a cena pós-créditos... Só sei que ainda nada sei.

PS4: Fico meio bolado com o tratamento que dão ao Jaime/Besouro Azul, especialmente com relação a forma como Damian o trata (o que nem é surpresa). Só o Mutano que parece ser de boas com ele. Além do mais, ele teve um micro-arco bacana tentando reaver a confiança dos pais (principalmente do pai), lutando pra controlar os julgamentos errôneos do escaravelho e ajudando os desfavorecidos. E curti sua luta de treinamento com Ravena (achei estranho ela ter perdido).

NOTA: 8,5 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://anmtv.xpg.com.br/jovens-titans-o-contrato-de-judas-em-abril-na-hbo-plus/

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