Crítica - IT: A Coisa

Só tem a cara de indecente, assustar que é bom...
Sabe quando falta aquele "algo mais"? Pois é...

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Em 2014 eu tinha recomendado aqui no blog o telefilme que é a primeira adaptação da obra de Stephen King (clique aqui para ver) na extinta série Dicas de filme onde geralmente trazia umas impressões breves e que resolvi descontinuar pelo fato de... as críticas positivas já cumprirem a proposta. E por falar em proposta, isso é uma coisa que normalmente espero ser respeitada pelo filme quando sua propaganda elucida que vá abraçar o seu escopo. Antes de fazer minhas principais considerações sobre essa segunda e badalada adaptação de IT, devo admitir que no que diz respeito à proposta em si, o longa é muito falho. Isso não é discurso de hater, se eu me enquadrasse nesse tipo eu sairia rechaçando filmes superestimados a torto e a direito. O filme de Andy Muschietti pode não favorecer muito sua proposta, mas não significa que a experiência foi um desastre completo.

Pra ser franco, desde a liberação da primeira imagem oficial do Pennywise eu já havia ficado um pouco receoso com o rumo que esse filme seguiria, mas apenas o visual do personagem que não me agradou de primeira, com o tempo fui relevando as alterações, muito embora continuasse mantendo a visão de ser um palhaço que mais diverte do que aterroriza.  O longa inicia com um prólogo bem a cara de um terror "lugar-comum" trazendo Georgie Denbrough, a criança raptada pelo palhaço em 1988, que divide com Pennywise a famigerada cena do bueiro e até possui sua competência no que tange à tensão e o suspense, porém o novo Pennywise, para o desapontamento desse blogueiro, não convence quando quer transmitir medo, fator negativo que se deve bastante à sua caracterização. Nem nas transformações, com o CGI de fundo de quintal, ele transpassa a camada chata do morno. Enfim, o palhaço dançarino não faz um pelo sequer arrepiar.

Certamente que tem lá seus momentos de impacto, como o jato de sangue saindo da pia e que dá uma pintura nova ao banheiro de Beverly, a cena do projetor, Pennywise saboreando um braço e as crianças enfrentando o palhaço na casa diretamente pela primeira vez (antes da desavença entre Bill e Richie). Do que lembro, acho que são apenas essas mesmo. No campo técnico, a fotografia é o que melhor se sobressai pois os efeitos ou provocam risos ou causam tristeza. Tem o lance da alma nostálgica que o filme manifesta com seu teor oitentista (a cenografia tá de parabéns nesse ponto), o que interfere na memória afetiva de muita gente e, por extensão, no julgamento aos aspectos pilares do longa, podendo ser uma das coisas que justifica a ovação um tanto exagerada em cima dele. Eu não li o livro de King, mas apertei o play querendo ver um filme de terror que me fizesse ter medo de ir até a cozinha, acender a luz, beber água, apagar a luz e voltar. Sim, porque o enredo tem como pedra angular os piores medos de uma criança e como devemos supera-los. Eu sempre tive medo do escuro. Não tanto quanto antes, mas há resquícios, o escuro ainda me amedronta de certa forma.

Mas infelizmente não tem como torcer para essas crianças ou pelo menos para algumas delas. Richie e Eddie são definitivamente os mais chatos membros do Clube dos Otários. Verborrágicos que chega a dar abuso. Já os mais simpáticos são Ben e Mike (em relação eu meio que shippei ele com a Beverly desde o primeiro momento em que se falam), ambos partilham em comum o status de alvo favorito dos valentões que são verdadeiros psicopatas torturadores. O drama referente ao período conturbado da pré-adolescência é até bem segmentado e metaforizado pelo próprio Pennywise, é uma junção de jornadas pessoais ali dentro almejando o crescimento e a superação de medos irracionais e infantis. Só que reitero: Eu preferiria ver um terror nu e cru e não um drama envolvendo crianças em fase de transição que ficam num lenga-lenga irritante sobre o "temível" palhaço - que até desistiu fácil demais no terceiro ato. A proposta ficou em centésimo plano.

Considerações finais:

IT: A Coisa é detentor de alguns méritos, mas não de ser reconhecido como um terror substancialmente bom. Substância, aliás, foi o que faltou na construção do terror. Com um ritmo lento e levemente cansativo, a adaptação só estimula um único desejo: ler a obra original do "mestre do terror" para somente descobrir se a história tem uma atmosfera mais gostável e que prenda. É a obra-prima do terror de 2017, mas só se for para assustar criancinhas.

PS1: A ideia de uma criatura metamórfica que ninguém sabe qual é sua real aparência é o combustível do medo e não o Pennywise em si, obviamente uma das muitas facetas do monstro.

PS2: Afirmo com máxima lucidez que o Pennywise do Tim Curry é capaz de fazer o do Bill Skarsgard se borrar todo nas calças. Palhaço com cabelo vermelho e maquiagem exagerada é palhaço macabro (vide Bozo).

PS3: Você flutua? Vai flutuar (literalmente).

PS4: Que cena patética a do "pacto de sangue" logo ao final entre os sete. Isso não simboliza amizade forte e sincera, só uma auto-mutilação desnecessária.

PS5: Este ainda é o capítulo 01. Será que o segundo virá para salvar a pátria ou azedar mais o caldo?

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.papelpop.com/2017/09/it-coisa-quebra-novo-recorde-e-e-agora-maior-bilheteria-de-setembro-da-historia/

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