Crítica - Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros


Um filme-homenagem que "tenta" imitar a sua maior referência.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

Preservo comigo uma memória demasiadamente afetiva com a franquia dos dinos, me vejo nas lembranças assistindo num domingo à tarde o clássico insuperável de Spielberg que muito provavelmente foi a minha primeiríssima experiência cinematográfica, mas, como não sou bobo, sei bem como essas armadilhas de saudosismo tendem a funcionar, portanto não me refiro a esse deleite da infância com tanta certeza, porém o apreço continua o mesmo, nada mudará, de forma a ser diferente no sentido de ser melhor, as emoções únicas que o primeiro Parque dos Dinossauros me transmitiu. A franquia passou por mais dois filmes que infelizmente não repetiram o mesmo êxito do original (muito embora eu guarde um certo carinho por O Mundo Perdido - Jurassic Park, mas longe de considera-lo equiparável ao ícone que o precedeu) e se seguiu por mais de uma década num ostracismo medonho, até que em 2015 resolvem desenterrar para impedir que o espírito da saga não acabasse "fossilizado" (se é que me entende) tirando uma casquinha da nostalgia que, querendo ou não, é o fator que impulsiona a audiência para dar atenção à esta sequência que homenageia o JP1.

Mas uma coisa é prestar um tributo, outra bem diferente é prestar um tributo pretensiosamente intencionando emular as qualidades que tornaram o JP1 no fenômeno e a grande razão para esse fato consumado é que ele fez (e muito!) por merecer. Li os dois resumos, do clássico e do filme de Colin Trevorrow, e não tem como deixar de notar semelhanças óbvias entre os dois roteiros. Não estou apontando cópia, que fique bem claro, apenas similaridades descaradas, o que, porém, é parte integrante desse lance de "homenagem", algo que por um lado ele executa satisfatoriamente mas por outro ele não resiste ao ímpeto de se emparelhar com o que se prestou a referenciar. O primeiro filme foi ambientado quase que 100% no parque, o conflito dele foi desencadeado pela fuga de dinossauros perigosos e tudo que desenrolou adiante foi uma tortuosa luta pela sobrevivência. Nessa cadeia se segue este quarto filme com suas devidas particularidades, mas, como já citei, é tudo pela "homenagem" que se faz  numa tentativa de pegar o que funcionou no velho e colocar ao novo.

Vamos aos contras primeiramente (porque é mais comum dar logo a má notícia): O quarteto de velociraptors consegue ser mais carismático que todo o resto do elenco humano junto, a condição de inteligência desenvolvida os deixam atrativos. Enfim, qualquer dinossauro que faça um bom trabalho de performance é capaz de "atuar" melhor que muitos dessa galera do parque. Bryce Dallas Howard está tão mecânica com sua Claire Dearing no início do filme que com todo o design meio futurista do parque a impressão dada é que estamos diante de um ciborgue que serve de "guia turístico" do local. Ainda bem que ao longo do enredo ela vai assumindo mais organicidade na interpretação, fazendo o papel da mulher que grita ao encarar os dentões dos dinos ao lado do cara que é seu salvador heroico. Por falar nesse arquétipo, temos o personagem do Chris Patt, o Owen Grady, o cara que adestra os quatro velociraptors (Blue, Echo, Delta e Charlie), mas que não inspira tanta simpatia por conta da atuação meio canastrona e inexpressiva, ele cumpre definidamente o seu papel sendo o herói, só que não resolvendo a bagaça toda porque os humanos sempre serão insignificante perto da ameaça que os dinossauros representam. Ainda mais com um geneticamente modificado (todos lá são na verdade, hahahha, mas este é o "overpower") que bate de frente com o T-rex numa luta equilibradíssima. A menos que esse T-Rex esteja numa idade avançada, mas pelo menos deu para segurar as pontas.

Ainda sobre os personagens, temos a dupla de irmãos Zach e Gray que previsivelmente vão explorando as atrações do parque até se meterem em território perigoso. Podem não ser personagens lá tão interessantes, mas a empatia funciona justamente por serem humanos à mercê de feras insaciadas (que uma vez sem controle adequado roubariam o topo da cadeia alimentar) e o bom tratamento dado à selvageria e senso de ameaça aos dinos justifica dar automaticamente essa importância à vida das pessoas. O suspense também colabora nessas situações, como na cena que Owen e Claire se escondem num jipe num esforço máximo para não chamar atenção da Indominus Rex (olha o nome da criança...), o grande perigo do parque que escapa e vai deixando seus rastros de destruição (que dó dos apatossauros) como um monstro a ser parado. Vic Hoskins, interpretado por Vincent D'Onofrio, já dava sinais claros de que era uma alma sebosa com aquela conversa de usar os velociraptors como artifícios para fins militares. O enredo só engana quem for muito ingênuo com esse vilão e na hora da "grande revelação" a surpresa foi na escala aguardada: zero. Hoskins foi descartado da trama como deveria, jantado pela criatura que cobiçava para seus objetivos. Mas o cientista, Dr. Henry Wu, não saiu de mãos vazias levando consigo embriões dos dinos pelo acordo capcioso lá, o que abre margem para outras abordagens, como sempre ganchos para sequências.

Considerações finais: 

Não é mistério para ninguém que Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros recorrer à se embebedar da fonte provedora de nostalgia não foi um tiro lá muito certeiro para que se valesse como um material digno que se figurar num nível parecido com o clássico, até colocando a trilha de John Williams e apenas disso não serve, só cria uma atmosfera de falsa réplica que ainda sendo moderna (no cenário positivo) não consegue construir um espírito próprio e renovado sem desapegar-se do passado. É um longa que honra a ferocidade implacável dos dinos (eles são as estrelas do show) e sabe caminhar com suas próprias pernas, mesmo que vez ou outra procure necessidade em muletas insuficientes.

PS1: Saudades dos animatrônicos (não que o CGI dos dinos seja paupérrimo, nada disso).

PS2: Mosassauro, o Deus Ex-Machina que você respeita. Pegou de jeito!

PS3: A InGen é bem organização de ficção científica que deseja um futuro melhor... aos interesses dela.

NOTA: 7,5 - BOM 

Veria de novo? Provavelmente sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://cinemaeafins.com/2015/04/novo-poster-e-trailer-de-jurassic-world-o-mundo-dos-dinossauros/

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