Crítica - A Múmia


#sddsImhotep.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS. 

É com esta lamentosa hashtag que inicio mais uma review de longa-metragem há algum tempo procrastinada. Pra quem é simpatizante da turma da problematização, duas coisinhas que preciso ressaltar/avisar: 1) O meu saudosismo pelo filme com uma múmia masculina não é justificativa para não ter gostado do resultado deste reboot por ele possuir uma mulher antagonista com mesmo papel. 2) Não é a razão de ter uma mulher como A Múmia que meu julgamento não foi tão favorável. Sim, esse segundo aviso é praticamente igual ao primeiro só que mais objetivo para deixar bem esclarecido o meu ponto. Bem, pra começar, não encaro exatamente como um reboot propriamente dito, então pra mim não se trata de um reboot do remake (o longa de 1999) tanto pelo fato de ser uma história com background totalmente distinto quanto pelo elenco de personagens. Portanto, não vejo um recomeço de uma franquia, somente um filme com título A Múmia com proposta diferente. Uma releitura.

A produção nada mais é do que parte de uma empreitada da Universal Pictures em construir um universo compartilhado com monstros sendo denominado de Dark Universe. A ideia por si só é interessante, mas dá aquela mínima impressão de algo despropositado, sem dicas para um ápice convincente que faça jus a todo um processo sequencial de filmes interligados. Seria algo no estilo que a Marvel Studios realiza com suas franquias? Ou se chama universo compartilhado pelo planejamento consistir em filmes que se passam no mesmo universo mas não interconectados? Funcionaria melhor com a segunda opção. Mas daí de que valeria a premissa básica de serem filmes do mesmo universo? Nesse caso, a saída era optar por não tornar isso uma única franquia, ou seja, cada filme tendo seus desdobramentos fechadamente sem depender de ligações que apenas desempenham a função de easter-eggs (o que notei foi só a caveira de vampiro, o mais explícito).

Temos um bom prólogo, num clima que exala o Egito Antigo em sua mais pura forma, contando a história da princesa Ahmanet (a nova múmia) que se rendeu ao lado negro por sentir ciúmes de um irmão recém-nascido que ameaçaria suas chances para tornar-se sucessora do trono. A solução encontrada pela garota foi barganhar com o capiroto egípcio, vulgo Set, o deus do caos e da morte. Em troca de sua alma, Ahmanet concorda em usar a adaga de Set para transferi-lo a um receptáculo. Ahmanet assassina sua família e como punição é enterrada viva num sarcófago coberto por mercúrio (oi?). Nos dias atuais, o protagonista Ethan Hunt... ops, filme errado, é Nick Morton, pois bem... Nick Morton (Tom Cruise) acidentalmente descobre a tumba de Ahmanet e com a própria estabelece um vínculo (tipo Amara e Dean Winchester, mas com menos romance e menos profundidade também).

Cruise realmente não está na sua melhor atuação nesta película, porém ganha mais pontos em relação à sua colega, a arqueóloga Jenny Halsen (Annabelle Walls) que acaba sendo alívio cômico involuntário ao receber a parcela mais pobre do texto e, sobretudo, ao repetir X mil vezes o nome do protagonista nas cenas de ação. Nick, Nick, Nick, Nick, Nick, Nick, Nick... é cômico pra não ser insuportável. Apesar dessa pérola, ela até cria uma química relativamente boa com o cara que possui seu nome favorito, só não apresenta muita expressividade nos momentos de maior demanda.

Já o personagem de Russel Crowe, Henry Jekyll, é um pouco estranho. O filme num total larga tudo na superficialidade mais rasa que você puder imaginar. O cara é um "Nick Fury" dos monstros? Nenhuma surpresa sobre Jenny ser associada à organização Prodigium liderada por Jekyll parece um tipo de SCP Foundation desse mundo (pra quem não sabe do que estou falando, é uma série creepypasta, muito boa, recomendo) que coleta materiais e faz estudos intensivos de tudo que é sobrenatural, monstruoso e bizarro. No fim das contas, a serventia dele se restringe à informador constante, dando respostas que encorpam o roteiro para fazer as coisas avançarem no conhecimento.

Nada contra a caracterização, que se encontra competente, mas a múmia, em termos de performance, quando tem que ameaçar a bagaça e botar medo em geral, desaponta, ficando mais vista como uma princesa rebelde com motivação pífia. Ou ela já possuía índole má e se devotou a Set por não importar qual fosse o gatilho que fizesse valer toda a necessidade de aprovação que ansiava da família, bem como a luta por esse propósito. Foi tipo: Que se danem os meios, quero ser linda, poderosa e respeitada e não é um pivete que vai puxar meu tapete. Sua habilidade especial é a mesma de Imhotep, consumindo energia vital de suas vítimas para conseguir ter sua aparência humana de volta, com o "incrível" diferencial de transforma-las em... zumbis! Olha, que maravilha (só que não). O filme já tinha uma atmosfera meio Guerra Mundial Z e menos A Múmia.

Não estou querendo dizer que precisava emular alguns conceitos do filme de 1999, mas sim lapidar seu próprio clima em favor de um cenário que ilustre uma ameaça sobrenatural. Pelo visto, infelizmente, esse pró ficou bem limitado unicamente à cenografia e à fotografia.

Considerações finais:

A Universal tentou dar um largo passo à frente como inicial, contudo acabou dando vários para trás. Talvez seja a preocupação em dar significância a esse flopado universo de monstros que prejudicou uma abordagem mais enxuta e que convencesse de estar expondo um filme com temática fantástica. A extrema relevância protagonística oferecida a Tom Cruise ao longo do filme conseguiu fazer tudo parecer um Missão Impossível com toques sobrenaturais e desprovido da emoção presente na maior parte da franquia citada. Para ser Dark, esse "universo" monstruoso ainda precisa ver uma luz bem quente que lhe salve do banho morno ao qual o jogaram logo de primeira. Mas é tarde demais né?

PS1: Duas íris nos olhos é um detalhe estético desnecessário, não tem qualquer significado.

PS2: O fantasma do Vail, amigo do Nick que preenche a vaga de personagem ferrado, parece um zumbi retirado de algum filme B. Não sei se é maquiagem ou efeitos, mas ficou ó... 💩.

PS3: Melhor cena de humor sobre a melhor cena de ação do filme: Jenny - "Você salvou a minha vida me dando o último para-quedas." Nick - "Eu achava que tinha outro." 😄😄😄😄😄

PS4: O final promete uma nova aventura. O que estará por vir? Nick e seu parceiro Vail revivido graças ao poder de Set, juntos numa busca irrefreável por novas descobertas. Nick e Set são um só, embora Nick detenha o controle. Os poderes de Set sendo usados para o bem? Não perca em... estou pensando ainda num nome com Justiça ou Legião (até parece que um crossover de monstros vai vir).

NOTA: 6,0 - REGULAR

Veria de novo? Provavelmente não. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/450640/critica-a-mumia-2017-o-pifio-inicio-do-universo-sombrio/

Comentários

  1. Fiquei surpreso que Sofia Boutella conseguiu uma múmia muito interessante. Seus gestos faciais e corporais são prova de quão grande atriz ela é. O papel que ela vai desempenhar em Fahrenheit 451 será um das suas melhores atuações Ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Não há dúvida de que muitas pessoas se lembrarão dela como uma das sofia boutella filmes. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Cada um dos projetos desta atriz supera a minha expectativa. Não duvidei desde que vi o trailer em que seria um excelente filme. Eu sem dúvida verei novamente.

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    1. Este é o primeiro trabalho de atuação dela que conheci e realmente não me agradou tanto quanto eu minimamente esperava que pudesse. Teve outra leitora que mencionou Fahrenheit 451, foi na crítica de Culto de Chucky e já se encontra adicionado na minha "listinha". Eu não peguei os nomes dos atores antes de assistir, (exceto Tom Cruise, óbvio) até porque nem coloco mais ficha técnica na crítica e não sou de prestar muita atenção nos créditos. Acho que ela é uma boa atriz, só não lhe deram um personagem que valesse a pena e também acho que contam muitos fatores para que determinado ator não desempenhe uma interpretação que convença do personagem. Que bom que você gostou da performance dela e do filme em geral, mas pra mim tá looonge de ser uma aventura digna do nome. Valeu pelo feedback ;)

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