Crítica - Gasparzinho: O Fantasminha Camarada


O fantasminha "cinderelo"

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Pode não parecer, mas este filme possui eventos subsequentes ao filme que foi lançado em 1997, Gasparzinho: Como Tudo Começou, embora tendo vindo primeiro. Não existem conectivos com o prelúdio por razão óbvia, mas podemos imaginar que Gasparzinho despediu-se de Chris por ter encontrado uma mansão melhor para viver com seus "tios" (o Trio Assombro, os anti-heróis da franquia) e este filme talvez se passe alguns anos mais tarde. Ou ele vivia na mansão desde o início pois lá havia um material contando sobre seu influente pai (um inventor que projetou uma máquina de reviver pessoas, literalmente fazer fantasmas readquirirem seus corpos) e o "tesouro" também ligado ao seu relacionamento com ele que é cobiçado pela vilã milionária Carrigan. Sendo assim, o filme seria totalmente desconexo de Como Tudo Começou, pois a mansão aparenta ser o lar de Gasparzinho desde a sua morte. Chega de teorizar e vamos direto pra review que é o que interessa.

Os protagonistas humanos da franquia guardam umas características em comum. Enquanto Chris tinha um pai que cagava e andava para o entusiasmo do garoto de querer momentos divertidos, Kat Harvey nunca fica num lugar por mais do que alguns meses devido ao trabalho peculiar do seu pai, James Harvey, que é terapeuta de fantasmas (e todo mundo parece levar a sério o trampo do cara). Juntos saem numa nova viagem para a mansão assombrada graças à Gasparzinho que no meio de uma zapeada na TV acabou vendo um programa mostrando Kat, que não dá a mínima pro trabalho do pai por não acreditar em fantasmas, se apaixonou pela garota à primeira vista e se deslocou pelos fios de eletricidade para chegar à casa de Carrigan e sintonizar no programa para apresenta-la ao profissional que a ajudaria a expulsar os fantasmas do local e lhe dar a brecha para o assalto do tesouro. Em poucos minutos o conflito principal estabelece-se bem, mas é o vínculo de Gasparzinho com Kat que destaca-se predominantemente ao longo da trama. Dos três filmes, é certamente o menos infantil.

O tom é ligeiramente mais "melancólico" na questão da saudade por entes queridos e lembranças do passado (ou a ausência delas, no caso de Gasparzinho que confessa sua triste história após recuperar as memórias naquele sótão) associadas às pessoas que não estão mais entre nós, isso se reflete tanto em James quanto em Gasparzinho, a perda da esposa e a amnésia com relação à vida pregressa, respectivamente. Mas isto fica reservado apenas no tom, pois a passagem da vida à morte retratada demanda que o espectador exerça um nível absurdo de suspensão de descrença (mesmo num filme baseado num personagem de desenho animado onde coerência é a última coisa com a qual você deve se preocupar). Para que o filme mantenha seu espírito juvenil, a morte em si é exposta sob um viés cômico, tendo Carrigan e James como dois exemplos claros e tendo causas semelhantes (ao que dá a entender, a pessoa morre e não existe cadáver, ela transforma-se num fantasma - falo mais disso no P.S abaixo).

As antagonistas ou são muito burras ou muito estúpidas. Carrigan desejava, após ter espionado Gasparzinho e Kat junto ao seu parceiro atrapalhado Dibbs, matar o comparsa para ele servi-lhe de fantasma para seja lá quais crimes ela planejava. E tem a rival de Kat que por uma coincidência incrível gosta do mesmo cara com quem ela esbarrou no caminho da escola (a condução da cena em que Kat apresenta-se aos colegas tem uma vibe meio Carrie: A Estranha, inclusive me ocorreu que o plano da loirinha seria uma referência à clássica cena do banho de sangue de porco) e elabora um plano saído de uma mentalidade de 4ª série: assustar Kat com uma fantasia de menina-fantasma (¬¬). Foi bem bolado o lance dos negócios pendentes que cada fantasma tem ao não atravessar para a sua paz eterna, principalmente na derrota de Carrigan que sentia ter obtido sua vitória com o tesouro que não valia de nada.

A galerinha do Trio Assombro (Espicha, Gordo e Catinga) movimenta as coisas de forma eficiente, são apoios que promovem a diversão básica necessária (se bem que eles tentaram matar James com três armas diferentes na intenção de torna-lo fantasma e para todo o sempre estar ao lado dos seus novos amigos - pra você ver que esse filme não é lá tão infantil, na verdade é até meio sombrio numa medida absorvível pro público-alvo). Fica estampada qualidade meio duvidosa dos especiais somente ao reparar na composição dos fantasmas que estão bastante transparentes (até demais), mas isso é o de menos e não adianta implicar com isso considerando a época (com as devidas exceções, claro).

Considerações finais:

Gasparzinho: O Fantasminha Camarada leva o personagem titular a uma camada funcional que faz desabrochar um romance juvenil, além de trazer um clima relativamente distante do que se esperaria de um personagem voltado à crianças transposto à mídia cinematográfica. Vale por cada recordação das exibições na Temperatura Máxima ou Sessão da Tarde.

PS1: A máquina de ressurreição converte uma alma num corpo físico. OK. Mas ficou uma dúvida: O corpo fica e a alma sai ou o próprio corpo transforma-se num fantasma?

PS2: A mãe de Kat aparecer como um anjo (leia-se Deus Ex-Machina) é basicamente para o Gasparzinho o que a Fada Azul é para o Pinóquio. A beleza do filme está aí: Um menino que morreu cedo e quer viver um amor como se estivesse vivo, mesmo que por poucas horas. Gasparzinho perdeu o BV e ganhou a crush, aproveitou a segunda chance milagrosa.

PS3: Caça-Fantasmas e Gasparzinho! Esse é um crossover que merecia se concretizar.

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: http://www.omundodalua.com/?p=2708

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