Crítica - Mary e a Flor da Feiticeira


Magia com toques de exotismo.

AVISO: A crítica abaixo contém SPOILERS.

Produzido pelo Studio Ponoc (a arte pode enganar os desavisados, sendo a mesma mais vinculativa ao estilo do Ghibli, o que faz sentido, embora não seja de fato um trabalho do estúdio de Hayao Myiazaki, que por sinal teve seus antigos membros como fundadores do Ponoc, segundo a Wikipédia, então é justificável se confundir), o filme é uma adaptação de um romance intitulado The Little Broomstick, de Mary Stewart, tendo estreado no Japão em 08 de julho e o primeiro do estúdio. A narrativa centraliza a garota Mary que mora numa cidade aparentemente deserta (apenas 5 personagens vistos, contendo com ela: a Sra. Banks, a tia-avó Charlotte, o jardineiro Zebedee e o garoto entregador de correspondência - eu acho - Peter) e vive entediada na casa, mas a monotonia e o marasmo se findam num atípico dia em que ela encontra dois gatinhos adoráveis que a conduzem à uma vassoura mágica perdida (antes disso ela descobre a flor mágica que vira uma meleca azulada lhe concedendo os poderes necessários para voar no objeto imprescindível para toda bruxa).

O roteiro apenas engata a marcha realmente no pós-descobrimento da magia e na incursão e habituação de Mary nesse âmbito estranho e peculiar. É como se nos sentíssemos na pele dela, naquela ânsia de ver uma coisa diferente acontecer pra movimentar o dia e tornar as coisas menos chatas, logo as situações fantásticas vivenciadas era tudo que ela mais precisava, para o bem ou para o mal (o rapto de Peter pela Madame "Falsiane" Mumblechook, por exemplo). O espectador também é "convidado" a explorar as particularidades do universo mágico para o qual Mary é arrastada pela sua vassoura e nele encontra uma sofisticada escola de magia que talvez bote Hogwarts no chinelo. Digo na maior incerteza por conta da apresentação de possibilidades desproporcional a disposição no aprofundamento delas. Sendo mais claro, o tour que Mary faz junto à Madame Mumblechook e o Dr. Dee (numa união de ciência e magia que nos bastidores não resulta em maravilhas) dá um pressuposto de que existe muito mais oculto a ser mostrado, uma ampliação sugerida que traria bons frutos de criatividade à esse universo, mas pelo visto ficará somente nisso. O prólogo, focado na ação, evidenciou bem a proposta de retratar a magia numa inclinação pra um sentido que compreende-se como bizarro, o que funciona lindamente, nas várias demonstrações é um verdadeiro show de inventividade com toda a diversidade mágica, as execuções tornam isso bastante divertido e garantem um acompanhamento mais atento da narrativa. Tem um processo de apresentação de personagens bem sequenciado e organizado, dando a sensação de enxergar tudo no seu devido lugar, sem atropelos ou decisões precipitadas que fujam à essa ordem, cada elemento que tenha significância possui seu melhor tempo de entrada.

A enganação dos vilões pegou de surpresa bem espontaneamente, devo admitir. A tal madame tapeia Mary e sequestra Peter para usa-lo como cobaia de um experimento que ela orquestrou ao lado do Dr. Dee utilizando a flor mágica, mas como não havia ninguém para avisa-lo de que isso daria merda a coisa degringolou de vez gerando uma tragédia com os alunos vitimados. O clichê da missão de resgate no ato final de início respeita o que é trivial, mas o roteiro ousa um pouco nisso e não dá chance da fuga ser bem-sucedida, o que ajudaria Mary, em contrapartida, a seguir em frente mais forte, corajosa e determinada do que nunca para salvar uma vida inocente correndo sério perigo de transformar-se numa aberração fabricada pela desastrosa coalizão de métodos científicos e artifícios mágicos. Nem passou pela minha imaginativa cabeça que o livrinho de feitiços que ela roubou (ops, pertence à ela, até porque foi entregue de bandeja na absurda facilidade - os benefícios da magia hehehe -, mas tecnicamente roubou) seria usado em última instância pra resolução... OK, tô mentindo.

A direção artística tá de parabéns pela composição paisagística dos cenários, cada um dos principais panos de fundo pincelados com dignificação pra emoldurar num quadro. E é claro, não ia esquecer de citar a outra grande revelação de deixar com cara de besta: a tia-avó Charlotte é a mesma bruxa ruiva do prólogo que sofreu um acidente e perdeu sua vassoura anos mais tarde encontrada por Mary (mind-blowing!). Ou seja, tudo obra do destino malandro.

Considerações finais:

Mary e a Flor da Feiticeira expõe um promissor desenvolvimento de mitologia que expira uma originalidade com traços peculiares na forma de bruxaria. Um exemplar divertido, criativo e simpático para essa temática de fantasia.

PS1: Eu ouvi errado ou o nome do gatinho da Mary (o preto, não o cinzento) é Ghibli? Se sim, então a pronúncia é "Guíbli"?

PS2: Por um instante pensei que Mary não iria embora da escola por causa do seu gato (e como foi dito, gatos tem uma certa afinidade com a magia, justificando muito bem a relutância do bichinho em vazar dali).

PS3: O dublador BR do Peter tem essa voz mesmo ou gravou com a língua repleta de aftas?

PS4: Por falar na dublagem, ótimo trabalho, a Unidub caprichou na escalação (exceto pela voz do Peter).

NOTA: 8,0 - BOM 

Veria de novo? Sim. 

*A imagem acima é propriedade de seu respectivo autor e foi usada para ilustrar esta postagem sem fins lucrativos. 

*Imagem retirada de: https://www.jbox.com.br/2018/10/10/mary-e-a-flor-da-feiticeira-confira-os-horarios-e-as-salas-que-exibirao-o-filme/

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